Tech 06 Out
O estado norte-americano de Michigan foi surpreendido em janeiro de 2018 quando um meteorito cruzou os céus iluminando toda a região com sua forte luz. Milhares de pessoas presenciaram o evento, que chegou a ser gravado e noticiado em todo o mundo. Hoje, dois anos depois do acontecimento, a pequena rocha celeste volta a fazer parte das manchetes, dessa vez por um motivo bem diferente.
Pesquisadores do Field Museum em Chicago divulgaram resultados dos estudos realizados com o objeto, identificando a presença de mais de 2.600 compostos orgânicos "intocados". Esses compostos, formados por longas cadeias de átomos de Carbono, são extremamente sensíveis às condições do planeta Terra, e podem ser facilmente contaminados por elementos terrestres, perdendo assim suas características originais.
As descobertas desses compostos só foi possível graças a maneira pela qual a recuperação do meteorito foi feita. A rocha foi obtida na superfície do lago congelado Strawberry Lake, próximo à cidade de Hamburg, menos de 48 horas depois de sua queda, o que impediu que a água e outras intempéries afetassem sua composição. Em homenagem ao local em que foi encontrado, o objeto foi nomeado de meteorito Hamburg.
A rocha é bastante especial, por se tratar de um condrito do tipo H4, tipo que constitui apenas 4% dos meteoritos resgatados. Os condritos H4 são especiais por serem bombardeados por calor após se destacarem de seus meteoros, mantendo assim muitos de seus componentes originais de maneira visível.
Originário do período em que o Sistema Solar ainda estava se formando, o Hamburg e seus 2.600 compostos reforçam a teoria de que meteoros foram essenciais na formação da Terra primitiva, trazendo elementos que o nosso planeta não possuía até então, como a água.
“Embora existam alguns meteoritos, como os condritos carbonáceos, que são mil vezes mais ricos em orgânicos, o fato deste meteorito condrito comum ser rico nestes compostos dá suporte à hipótese de que os meteoritos desempenharam um papel importante no fornecimento destas substâncias para a Terra primitiva”, disse Phillip Heck, curado do Field Museum e principal autor do estudo.
O pesquisador conclui dizendo que, apesar da rápida recuperação do Hamburg, ainda houve contaminação terrestre. Segundo ele, a única maneira de conseguir material completamente isento de agentes externos é por meio da retirada de amostras diretamente dos asteroides, algo que a NASA, por meio de sua missão OSIRIS-REx, e a agência espacial japonesa JAXA, por meio de sua missão Hayabusa2, vêm fazendo.
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