Tech 11 Abr
Entre as comorbidades mais perigosas e que podem potencializar o risco de morte em pacientes com Covid-19 está a diabetes, que pode causar complicações raras e graves, como a potencialmente letal cetoacidose diabética (CAD). Na prática, essa complicação pode aparecer quando a doença impede que células recebam glicose suficiente para funcionarem.
Pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital notaram, durante a pandemia, o aumento de um tipo específico de DKA, chamado euDKA, que os levou a pensar na hipótese de que pacientes diabéticos que usam medicamentos para baixar a glicose podem ter mais riscos para a euDKA ao contraírem o coronavírus.
Para explicar o termo, euDKA é um subconjunto da DKA, que acontece no momento em que as células não conseguem absorver glicose suficiente e, para compensar, metabolizam gordura, o que gera um acúmulo de ácidos com nome de cetona. A diferença para o DKA comum é o fato de ter níveis mais baixos de açúcar no sangue, o que dificulta sua identificação.
A pesquisa foi publicada na American Association of Clinical Endocrinologists Clinical Case Reports. Já existe o alerta da FDA (órgão que controla medicamentos nos EUA) sobre o risco de CAD e euDKA aumentarem em pessoas que tomam inibidores de cotransportador 2 de glicose de sódio (SGLT2i), remédio popular para diabetes, que libera o excesso de glicose na urina.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram cinco casos incomuns de euDKA em dois meses, com três deles acontecendo em uma única semana, no auge da pandemia em Boston, nos Estados Unidos. Foi uma incidência elevada quando comparado aos dois anos anteriores e, em todos os casos, os pacientes tomavam a medicação e tiveram Covid-19. Destes, um recebeu alta, três precisaram de reabilitação para se recuperar e um homem, de 52 anos, morreu.
Para os pesquisadores, se um paciente com diabetes tiver jejum ou perda de apetite, a medicação para diabetes deve ser suspensa até que o paciente volte a se alimentar normalmente. Eles suspeitam, ainda, que a Covid-19 pode aumentar os riscos do euDKA pois, quando o vírus infecta uma pessoa, se liga às células do pâncreas, que produzem insulina, e podem ter um efeito tóxico nelas. A teoria corrobora estudos anteriores, que mostram que muitos pacientes infectados tiveram aumento de açúcar no sangue.
A recomendação de suspensão do SLGT2i acompanha o procedimento que já é adotado no caso do remédio mais comum para a diabetes, a metformina.
O Brasil conta hoje (29) com mais de 7,5 milhões de casos e ultrapassou a marca de 191 mil mortes desde o início da pandemia.
Comentários