Tech 19 Jan
O médico francês Didier Raoult – um dos principais defensores do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 – admitiu, pela primeira vez, que o medicamento não possui eficácia na redução do número de mortes ou agravamento da doença causada pelo novo coronavírus. O reconhecimento foi feito pelo médico em uma carta publicada no último dia 04 de janeiro no site do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia, da França.
No texto, que foi assinado por sua equipe, o pesquisador destaca que não houve diferenças significativas no número de mortes ou internações na UTI entre os pacientes tratados com a hidroxicloroquina e aqueles que receberam o tratamento convencional contra a doença.
As necessidades de oxigenoterapia, a transferência para UTI e o óbito não diferiram significativamente entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina com ou sem azitromicina e os controles feitos apenas com tratamento padrão.
Em março de 2020, o médico e pesquisador Didier Raoult “comprovou”, por meio de um estudo feito com 49 pessoas, a eficácia do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Segundo o profissional, se aliada à administração de azitromicina e apenas para casos de pacientes em estágio inicial da doença.
Segundo o estudo, o medicamento – que é utilizado para o tratamento de doenças como a Lúpus – seria eficaz para reduzir o número de mortes e de casos graves da Covid-19, que precisariam de transferência para a UTI.
Na ocasião, tanto a Organização Mundial de Saúde quanto cientistas de todo o mundo criticaram a pesquisa. Segundo eles, o estudo foi realizado fora dos padrões científicos. Como consequência, o Conselho Nacional da Ordem dos Médicos abriu uma investigação contra o médico e mais seis membros de sua equipe, que participaram do estudo.
Apesar de, agora, reconhecer que a hidroxicloroquina não é eficaz para reduzir o número de mortes causadas pelo novo coronavírus, Raoult ainda destaca que a administração do remédio pode reduzir o tempo necessário de internação: “também calculamos o tempo de internação, que pareceu ser significativamente menor em pacientes tratados apenas com hidroxicloroquina ou com hidroxicloroquina e azitromicina, do que nos controles.”
No Brasil, o uso da hidroxicloroquina foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e indicado por seu governo para tratamento de pacientes em estágio inicial da doença. Até o momento, porém, não há aprovação científica para o uso da hidroxicloroquina, aliada ou não a administração de Azitromicina.
Enquanto isso, a Anvisa já aprovou o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford, produzida em parceria com o laboratório AstraZeneca. A vacinação nacional começou na última segunda-feira, 18 de janeiro, e o Instituto Butantan já enviou uma nova solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para receber a autorização de uso de mais 4,8 milhões de doses do imunizante.
Comentários