Segurança 27 Abr
A proliferação do novo coronavírus é intensificada com o surgimento de variantes que, por vezes, podem ser resistentes às vacinas adotadas no mundo. Apesar das mutações, uma característica única permanece semelhante em todas as cepas — a proteína spike (S), que confere seu aspecto "espinhoso".
Com isso, pesquisas realizadas na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, permitiu que os cientistas observassem a ação de proteínas lectinas (não imunológicas), que se mostraram capazes de neutralizar o vírus ao se acoplarem à proteína S, impossibilitando a infecção das células humanas.
Para realizar os estudos, a equipe de cientistas desenvolveu uma biblioteca contendo diferentes proteínas lectinas. Destas, dois tipos diferentes criaram fortes ligações químicas aos glicanos da proteína spike — os chamados "Clec4g" e "CD209c".
As lectinas são proteínas que podem ligar a estrutura da molécula de açúcar em lipídios ou proteínas como a proteína do pico. Nossa ideia é aproveitar essa propriedade para desenvolver um medicamento contra a Covid-19.
Dr. Josef Penninger
Pesquisador e biomédico da Universidade da Colúmbia Britânica
Os resultados impressionaram os cientistas, visto que esse tipo de proteína não costuma ter ação imunológica do corpo humano. Sua característica principal é a possibilidade de aglutinar as hemácias (células sanguíneas) em carboidratos — inclusive, o glicano que compõe a proteína essencial para a existência do SARS-CoV-2.
Com isso, foi possível que um vídeo fosse capturado para que a ação das proteínas durante a neutralização do vírus fosse demonstrada. Os cientistas anexaram a proteína spike isolada em uma solução neutra, assim, registrando o processo em um curto vídeo de 36 segundos.
"O que é espetacular no vídeo é que você pode ver a dinâmica da proteína do pico", comenta Peter Hinterdorfer, do Instituto de Biofísica da Universidade de Linz. O cientista aponta que as lectinas se mantém acopladas ao vírus por um tempo significativo em escala biológica, fazendo com que sejam uma alternativa de tratamento futuro.
Vale ressaltar que um medicamento chamado APN01 está em processo de testes clínicos avançados, abordando as células humanas receptoras do coronavírus. Os estudos voltados às membranas são frequentes, de forma que novos tratamentos sejam eficazes contra as diversas variantes.
Você pode acompanhar o relatório diário de casos de coronavírus no Brasil aqui.
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