Atualização (17/12/2021) - por DT

A equipe de pesquisadores da New York University Langone Health esteve a frente de mais um transplante de rim de porco em um paciente humano. O registro do primeiro caso bem sucedido aconteceu no mês de outubro deste ano.

Os cientistas destacam que o principal desafio para esse tipo de procedimento é o sistema imunológico, que não está preparado para reconhecer materiais estranhos e acaba rejeitando naturalmente órgãos de outras espécies.

Segundo os cirurgiões, muitos mamíferos produzem uma molécula chamada alfa-gal, e a presença dela no corpo humano (que não a produz) resulta em uma resposta dos anticorpos, que entendem que precisam destruí-la.

Diante disso, os pesquisadores tiveram que modificar os rins de porco geneticamente, impedindo a produção da molécula alfa-gal. O órgão foi anexado aos vasos sanguíneos da parte superior da perna do receptor e mantido fora do abdômen por um período de 54 horas para observação.

Ainda de acordo com o comunicado da equipe médica, o órgão não foi rejeitado pelo receptor e funcionou bem, por isso a segunda operação do tipo também foi considerada um sucesso, mas ainda há um longo trabalho pela frente.

O método ainda é bem inicial para a medicina e as duas operações foram realizadas em pacientes que morreram recentemente. Os cientistas estão otimistas e consideram a técnica como uma solução potencial para a escassez de órgãos doados para transplante.

Texto original (20/10/2021)

Cientistas dos EUA realizam com sucesso transplante de rim suíno em humanos

Um grupo de pesquisadores estadunidenses liderados pelo cirurgião Robert Montgomery divulgaram recentemente os resultados de um um feito inédito na medicina moderna: um xenotransplante sem rejeição imediata do receptor. Esse tipo de cirurgia consiste em transplantar para um ser humano um órgão proveniente de um suíno ou primata, sendo que nesse experimento foi usado um rim de porco.

O desenvolvimento da pesquisa foi realizado na Langone Health, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, local em que os pesquisadores iniciaram os testes alterando os genes do animal e avaliando teoricamente as possibilidade de sucesso do experimento.

Segundo os médicos, o transplante do órgão de um suíno para um humano foi realizado com sucesso pela primeira vez e sem apresentar rejeição imediata, que é quando o sistema imunológico do receptor não reconhece o material transplantado e inicia a produção de anticorpos com o intuito de destruir a suposta ameaça.

O procedimento utilizou rins de um porco que teve seus genes modificados com objetivo de reduzir a chance de rejeição imediata do órgão no corpo humano, ação que pode ter surtido efeito diante do resultado obtido pelos cirurgiões, que relataram que o rim transplantado foi capaz de exercer suas funções nefrológicas.

De acordo com Montgomery, o rim foi implantado no paciente e se manteve ligado ao paciente de forma extracorpórea por três dias para que os especialistas pudessem monitorar de perto sua evolução, sendo identificado durante os exames que o nível de creatinina — que quando em excesso pode indicar problemas renais — voltou aos valores normais após a cirurgia.

Esse feito é consequência de mais de uma década de pesquisas que trabalham para tentar solucionar a rejeição imediata dos xenotransplantes em humanos, prática que apresenta resultados promissores e que pode contribuir para driblar a falta de órgãos para transplantes.

A expectativa é de que futuramente a equipe consiga identificar os desafios a serem superados nos próximos experimentos, trabalhando para viabilizar esse método de transplante em pessoas sem que haja riscos elevados de rejeição.

[...] Muitos rins de pessoas falecidas não funcionam imediatamente [no receptor] e levam dias ou semanas para começar. Esse funcionou imediatamente.", afirmou o cirurgião.

O que achou dos resultados desse experimento? Quais são suas expectativas para o futuro da medicina? Conta pra gente, comente!