Tech 24 Dez
Pesquisadores da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) identificaram que 8% dos pacientes com a forma leve da Covid-19, saudáveis e com sintomas leves podem apresentar positividade prolongada – ou seja, o coronavírus continua sendo detectado no organismo mesmo após o fim dos sintomas. O estudo foi publicado em novembro na revista Frontiers.
Mais pesquisas ainda são necessárias para avaliar a capacidade de transmissão do vírus em casos de infecção prolongada. No entanto, os resultados levantam uma discussão sobre a necessidade da realização de testes mesmo após 14 dias de afastamento de um indivíduo infectado e aparentemente saudável, especialmente diante da disseminação da variante Ômicron.
Os pesquisadores se depararam com a “positividade prolongada” durante o monitoramento da Covid-19 na região metropolitana de São Paulo. Entre março e novembro de 2020, eles coletaram amostras de pessoas contaminadas com o vírus e separaram 38 casos em que os sintomas da doença foram leves. Foi constatado então que três pacientes continuaram testando positivo para a Covid-19 por um período além do esperado.
Enquanto a maioria dos infectados com a Covid-19 segue testando positivo por apenas duas ou três semanas após o início dos sintomas, os pacientes atípicos acompanhados no estudo permaneceram com o vírus ativo no organismo por meses, embora estivessem assintomáticos na maior parte do tempo.
O maior período foi de 232 dias, observado em um paciente com HIV que estava com a contagem normal de células do sistema imune – ou seja, o organismo estava em condições de responder ao vírus. Os outros dois pacientes seguiram com o coronavírus no organismo por 71 e 81 dias.
Ainda não foi determinado ao certo o que levou o vírus a resistir tanto tempo nestas pessoas saudáveis, já que até agora os casos de positividade prolongada haviam sido observados apenas em imunossuprimidos.
Alguns fatores relacionados podem ser: estado nutricional, condição imunológica e idade dos hospedeiros. Uma segunda possibilidade é que o próprio vírus tenha se adaptado para permanecer mais tempo no organismo desses indivíduos.
Os pesquisadores agora pretendem entender qual o impacto epidemiológico desse fenômeno: se os vírus que continuam no organismo têm capacidade de estabelecer uma nova infecção em outro hospedeiro ou não.
Além disso, o grupo está sequenciando amostras de novos pacientes que apresentaram quadros parecidos para verificar se existem mutações associadas à infecção prolongada e encontrar novas explicações.
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