Terra e Marte foram formados pelos mesmos elementos, que em grande parte se originaram no sistema solar interno. Somente uma pequena porcentagem dos blocos de construção desses dois planetas se originaram além da órbita de Júpiter, segundo pesquisa da Universidade de Münster, na Alemanha, publicada na revista científica Science Advances.

Os resultados desafiam nossa compreensão sobre o processo que formou Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. O conceito clássico sobre a formação dos planetas rochosos aponta que objetos enormes chamados “embriões planetários” colidiram regularmente no sistema solar interno para formá-los.

Em contrapartida, a teoria mais nova postula que os quatro planetas citados cresceram acumulando seixos de poeira milimétricos vindos do sistema solar externo em direção ao Sol.

Para avaliar os dois modelos, os cientistas analisaram 22 gramas de material de 17 meteoritos que vieram de Marte para a Terra e apresentaram a comparação mais abrangente até hoje da composição isotópica dos dois planetas, bem como do material de construção primitivo do sistema solar interno e externo. Alguns desses materiais ainda hoje são encontrados em grande parte inalterados em meteoritos.

O estudo mostrou que Terra e Marte são compostos principalmente de materiais encontrados no sistema solar interno, sendo que apenas uma pequena porcentagem dos blocos de construção dos dois planetas vieram de fora da órbita de Júpiter — que “puxou” para si a maior parte dos fragmentos que tendiam para o Sol sob a força de sua gravidade.

Os isótopos dos metais raros titânio, zircônio e molibdênio encontrados em vestígios minúsculos das camadas externas ricas em silicato da Terra e de Marte fornecem pistas cruciais para a conclusão da pesquisa.

As camadas rochosas externas dos planetas têm pouco em comum com os condritos carbonáceos do sistema solar externo e representam apenas cerca de 4% dos blocos de construção originais de ambos os planetas.