Economia e mercado 03 Fev
Lançado no último dia 28 de janeiro, Pokémon Legends: Arceus é o novo título de uma das maiores franquias do mundo, que promete revolucionar os jogos da saga e elevar tudo o que conhecíamos a um outro patamar.
Seguindo os remakes de Pokémon Diamond e Pearl, o jogo nos leva mais uma vez para a região de Sinnoh, mas desta vez, em uma aventura no passado, onde os humanos sequer conviviam em harmonia com os Pokémon e pouco se sabia sobre eles.
Mesmo seguindo alguns conceitos estabelecidos em jogos anteriores, o título traz muitas novidades e mudanças drásticas de jogabilidade, mas será que o resultado foi positivo? Descubra em nossa análise:
Muito antes de Sinnoh se chamar assim, a região era conhecida como Hisui e é nesse cenário que nossa aventura acontece. Mesclando tudo o que já conhecíamos através dos jogos, animes e mangás, Pokémon Legends: Arceus nos reapresenta a região através de uma nova ótica, com tudo sendo muito mais primitivo, selvagem e hostil.
Assim como em Pokémon Diamond e Pearl, o grande objetivo de Arceus é estabelecer as divindades do universo de Pokémon e a origem de tudo, partindo do princípio de que Arceus é considerado o Deus e criador todo poderoso da franquia, responsável por criar não só o universo como também todos os seres vivos, inclusive os Pokémon.
Ao contrário dos jogos anteriores, por se passar em um passado muito distante, a relação entre humanos e Pokémon é praticamente inexistente em Legends: Arceus, com os humanos temendo essas criaturas selvagem e as tratando como inimigos.
É nesse conceito que se introduz o protagonista do jogo, que é transportado para Hisui com o objetivo de criar a ponte entre humanos e Pokémon, além de resolver o mistério sobre uma rachadura que apareceu no céu quando seu personagem foi levado para aquele local.
Embora todo o conceito inicial e desenvolvimento do jogo seja extremamente interessante, justamente por explicar a origem dessas lendas tão populares no universo da saga, o final acaba ficando um pouco aquém do esperado, com uma resolução confusa e pouco atraente.
Assim como em Pokémon Sword e Shield, uma das grandes mudanças apresentadas por Legends: Arceus é o mundo aberto e a emoção dos encontros aleatórios com os Pokémon na natureza, além de expandir o jogo para o estilo de mundo aberto e mudar a perspectiva de câmera, dois conceitos que devem ser adotados com mais frequência nos futuros jogos da saga.
Infelizmente, parece que houve um retrocesso em algumas coisas, já que alguns Pokémon pareciam mais naturais quando caminhavam livremente pelo mapa em Sword em Shield, mas esse é apenas um dos muitos problemas visuais do jogo.
Embora a modelagem dos Pokémon pareça bem mais lapidada e atraente, não podemos dizer o mesmo de todo o resto. Os mapas do jogo são simplesmente horríveis (horroroso, horrível, um espanto, me faz mal). As texturas e modelagem de todos os objetos da natureza são tenebrosos e quebram muito da magia que o título deveria passar ao explorar as paisagens.
A experiência de observar o mapa de cima enquanto voa com o Braviary é excruciante. Embora você se acostume no decorrer do jogo, não podemos ignorar que faltou carinho por parte dos desenvolvedores em trabalhar melhor os visuais. Em comparação com The Legend of Zelda: Breath of the Wild, um jogo lançado em 2017 e que adota conceitos similares aos de Pokémon: Legends Arceus, o jogo dos monstrinhos acaba tendo um mapa que mais parece o de um jogo indie feito por iniciantes.
Como se a qualidade gráfica do mapa não fosse algo ruim o bastante, o título conta com diversos bugs de iluminação, principalmente em cavernas, onde os personagens apresentam um traçado branco em suas silhuetas com um resultado grotesco.
Mesmo adotando e aprimorando muitos conceitos estabelecidos em jogos anteriores, Legends: Arceus se mostra um dos títulos mais inovadores da saga, sendo a experiência definitiva para os que adoram explorar os mapas e capturar todos os monstrinhos disponíveis.
Expandindo o que foi apresentado em Sword e Shield, o novo jogo eleva o conceito de capturas para um novo patamar, onde não é mais obrigatório batalhar contra um Pokémon para capturá-lo. Desta vez, o personagem humano tem muita participação no jogo, podendo inclusive ser atacado pelos monstrinhos selvagens. Seu protagonista pode optar por criar armadilhas para os Pokémon ou simplesmente tentar a sorte para capturá-lo arremessando uma pokébola.
Isso torna a experiência muito mais dinâmica e divertida, fora o fator realismo, onde podemos ver como os Pokémon realmente agiriam na presença de um humano. Caso a coisa fique muito complicada, você pode optar pela ajuda de um de seus próprios monstrinhos para batalhar contra o inimigo.
As batalhas seguem os mesmos princípios dos jogos anteriores, sendo definida por turnos e com seu Pokémon tendo quatro ataques disponíveis. A grande diferença aqui é que agora podemos escolher entre dois estilos distintos de combate: Ágil e Forte. Enquanto o estilo ágil garante que você terá a chance de atacar mais de uma vez antes do seu oponente, o estilo Forte vem como um golpe mais demorado, porém consequentemente mais poderoso.
Apesar de ter achado a nova mecânica interessante, confesso que a utilizei pouco, optando apenas por usar o ataque tradicional e isso não interferiu em nada na minha progressão do jogo, mostrando que a nova mecânica é um conceito que acabou não servindo muito bem a seu propósito.
Outro grande destaque do jogo são os Pokémon Alfa, que nada mais são do que versões gigantes e mais agressivas de outros monstrinhos encontrados no jogo. Embora o conceito de Pokémon Alfa seja divertido e que você se sinta tentado a capturar o maior número possível dessas versões, elas acabam sendo um pouco decepcionantes, já que não contam com nenhuma diferença estética em relação aos Pokémon normais, exceto pelo tamanho gigante.
Apesar de contarem com alguns ataques que não são encontrados nas versões tradicionais, esse diferencial de exclusividade também acaba se perdendo um pouco, já que o novo sistema de ataques faz com que os Pokémon tenham disponíveis todos os ataques que já aprenderam, com o jogador podendo mudar o conjunto de ataques sempre que preferir.
Conforme destacado pelos trailers, temos também a chegada de alguns Pokémon especiais que servem como chefões, os noble. Diferente dos tradicionais, os noble são como uma espécie de "apóstolos de Arceus", que acabam sendo imbuídos por uma grande carga de energia e entrando em um frenesi descontrolado.
Acontece que para derrotá-los não basta apenas usar seus Pokémon, sendo necessário que o personagem humano entre na luta e tente acalmar essas feras arremessando algumas poções especiais. Isso cria uma ótima dinâmica de jogo, com seu personagem tendo que esquivar dos ataques e tendo uma real participação na batalha.
As locomoções também foram extremamente destacadas pelos materiais promocionais e elas são de fato bem divertidas e úteis, mas o Braviary acabou sendo um dos mais decepcionantes, ao meu ver. No jogo, a ave funciona apenas como um planador, com o usuário não conseguindo ganhar mais altitude ao usá-la, o que pode ser um pouco frustrante quando você quer percorrer longas distâncias e precisa ficar invocando o pássaro novamente sempre que chega ao chão.
Por fim, outra novidade que merece ser destacada é que a jornada do protagonista vira de cabeça para baixo tudo o que já conhecíamos, já que não temos mais apenas um garoto tentando se tornar um Mestre Pokémon e derrotando líderes de ginásio. Em Legends: Arceus, o protagonista se torna membro da Equipe de Expedição da Equipe Galáctica, tendo como principal objetivo aprender tudo o que puder sobre os Pokémon.
Com isso, não temos mais os tradicionais líderes de ginásio e sua evolução no jogo é marcada pela quantidade de informações que você consegue adicionar na Pokédex. Quanto mais missões de exploração você conclui, mais pontos você ganha para subir de nível e ganhar estrelas. As estrelas vêm como substitutas das insígnias e garantem benefícios dentro do jogo, tais como a habilidade de Pokémon em níveis mais elevados te obedecerem.
Embora muito tenha sido melhorado em relação aos jogos anteriores, não podemos negar que Pokémon Legends: Arceus possui alguns erros que acabam atrapalhando bastante a experiência e que simplesmente não deveriam existir.
O primeiro e mais pronunciado de todos é a necessidade de sempre ter que voltar para Vila Jubilife quando quiser trocar de cenário. Isso quebra demais o dinamismo e acaba criando uma burocracia inexplicável.
O mesmo acontece com o gerenciamento dos Pokémon, que diferentemente dos dois últimos jogos, exige que você vá até a vila ou fale com um membro do seu acampamento. Apesar de entender que pelo jogo se passar no passado não tínhamos as tecnologias de atualmente, acabei ficando mal acostumado com a praticidade de poder gerenciar minhas caixas e mudar a equipe a qualquer momento.
Outro ponto que achei melhor em Sword e Shield foram os monstrinhos que aparecem no mapa de acordo com o clima. Embora Legends: Arceus tenha mudanças climáticas, elas não interferem nos monstrinhos que aparecem, o que é um pouco triste. No novo jogo, a mudança nas aparições é ligada aos ciclos de dia e noite e mesmo assim não é algo tão expressivo quanto poderia.
Não devo deixar de ressaltar também que a experiência pode ser um pouco repetitiva no que se refere aos Pokémon disponíveis para captura, principalmente para quem estava jogando os remakes de Diamond e Pearl. Pelo fato de explorar novamente a região de Sinnoh, temos uma Pokédex bem limitada e que conta com muitos dos monstrinhos que acabamos de ver nos remakes.
Apesar de contar com algumas formas diferentes de monstrinhos já conhecidos, bem como algumas evoluções inéditas, muitas delas acabam sendo decepcionantes e pouco atrativas. Considerando que ainda existem muitos monstrinhos que estão "na geladeira" faz um bom tempo, seria bacana se a Game Freak tivesse colocado eles em Legends: Arceus.
Mesmo pecando bastante no quesito visual e tendo alguns probleminhas na jogabilidade, Pokémon Legends: Arceus com certeza é um dos melhores jogos da franquia e abre um leque de possibilidades para o futuro.
Como um fã, fiquei rapidamente viciado no título, não conseguindo parar de jogar por dois dias consecutivos. Tive uma experiência muito divertida e gratificante e certamente quero que alguns conceitos estabelecidos por ele sejam mantidos e aprimorados nos novos jogos.
Assim como em Sword e Shield, mais uma vez tive a sensação de realmente estar mergulhado em um mundo com Pokémon e de ser parte daquilo, com isso, os problemas visuais e técnicos acabaram sendo sobrepujados pela jogabilidade envolvente e atividades que o título têm a oferecer.
Posso dizer sem pestanejar que esse é um título indispensável na coleção de qualquer fã de Pokémon, mas também para aqueles que estão conhecendo a franquia agora e querem embarcar em uma aventura emocionante e cheia de possibilidades.
A mudança em sistemas antigos de capturas e de combate deixa o jogo muito mais dinâmico e divertido.
Mesmo com modelos dos Pokémon mais detalhados e atraentes, todo o resto acaba sendo decepcionante.
É interessante conhecer mais dessas lendas tão populares e sentir que você está fazendo a história acontecer, mas o desfecho poderia ter sido melhor.
As mudanças fazem com que você realmente sinta que está vivendo naquele mundo.
Esse talvez seja o jogo com a melhor trilha sonora de toda a franquia.
A jogabilidade envolvente acaba superando os problemas e faz de Pokémon Legends: Arceus um título indispensável para donos de Switch.
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