Tech 22 Dez
A pandemia do novo coronavírus já está presente no mundo há mais de dois anos, ao longo de várias fases da doença, em decorrência de diferentes variantes que surgiram do SARS-CoV-2.
Contudo, após o começo da vacinação na maioria dos países do mundo, o comportamento da doença deixou de ser de um grande número de mortes e hospitalizações – nos locais com maiores taxas de imunização –, teve seus sintomas variados, porém ainda com uma alta taxa de contaminação.
Dentro deste cenário, muitos se perguntam quando a pandemia se tornará a chamada endemia e quais são os “requisitos” para essa mudança ocorrer. Como ciência é sempre ligada à tecnologia, o Detetive TC foi atrás das informações para passar a você.
Um dos pontos importantes aqui consiste em diferenciar as classificações de pandemia e endemia. Essas categorias são sempre definidas pelas Organização Mundial da Saúde, ao monitorar status de uma doença e se basear em conselhos de especialistas internacionais no assunto.
Em outras palavras, não é possível para um país ou nação decidir o que é ou não uma pandemia ou endemia – como ressalta o trecho abaixo, compartilhado pelo médico sanitarista, secretário de Estado da Saúde do Espírito Santo e presidente do Conass, Nésio Fernandes. Os órgãos nacionais apenas definem sobre a situação de emergência em território nacional – no caso do Brasil, conforme § 2º do Art. 1º da Lei nº 13.979 de 2020.
Uma pandemia se inicia e finaliza quando for determinado pelo diretor geral da @WHO orientado pelo Comitê Consultivo de Emergências. O Regulamento Sanitário Internacional é vinculante aos signatários, a atribuição de reconhecer pandemia é da Organização Mundial da Saúde. pic.twitter.com/noFLFeYYlU
— Nésio Fernandes (@dr_nesio) March 3, 2022
De acordo com um boletim de discussão da OMS, uma pandemia é definida como “uma epidemia que ocorre em todo o mundo, ou sobre uma área muito ampla, cruzando fronteiras internacionais e geralmente afetando um grande número de pessoas”.
O boletim ainda acrescenta que a definição clássica não inclui nada sobre imunidade populacional, virologia ou gravidade da doença.
Por sua vez, segundo um artigo do Instituto Butantan, a endemia seria caracterizada quando uma patologia é recorrente na região. No entanto, não há um aumento significativo no número de casos, e a população consegue conviver com ela.
Apesar de o Brasil, por meio do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já querer “rebaixar” a pandemia da Covid-19 para uma endemia, como já citamos, esta é uma competência exclusiva da OMS. E o órgão chegou a comentar o que precisa para isso acontecer.
Em declaração à CNN, em meados deste mês de março, o órgão internacional ressaltou que “a pandemia só terminará em algum local quando terminar em todos”. Isso reforça declarações anteriores da entidade sobre precisar ter uma alta parcela de vacinados em todos os países, incluindo aqueles com menores condições econômicas.
Em janeiro, outro que deu declarações sobre o assunto foi o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge. Em entrevista à agência AFP, ele explica que a situação da doença precisa ficar previsível, para que se estabeleça uma endemia. Algo que a variante Ômicron mostrou não ser possível por enquanto.
“Fala-se muito em endemia, mas endemia significa que é possível prever o que vai acontecer. Esse vírus nos surpreendeu mais de uma vez, então temos que ter muito cuidado.”
Hans Kluge
Diretor regional da OMS para a Europa
Em outras palavras, enquanto a Covid-19 não ficar em um estágio no qual o comportamento da doença seja previsível e apenas sazonal, a classificação como pandemia deverá continuar.
Existem várias doenças conhecidas, que formaram surtos e epidemias no passado, atualmente são consideradas endemias. Uma delas consiste na dengue. Devido ao seu histórico de ocorrência, há uma previsão de quando ocorrerá um aumento de casos todos os anos, sem levar em consideração os registros de casos e mortes.
Algumas endemias não representam um risco tão grande à vida, como é o caso da infecção por herpes, que se estima ter atingido dois terços da população mundial maior de 50 anos. Outras já são mais mortais, como a tuberculose e a malária – esta última geraria 240 milhões de casos e 640 mil mortes por ano, conforme calcula a OMS.
Você acredita que seja a hora de a OMS mudar os status da pandemia de Covid-19 para uma endemia? Acredita que os cuidados devem mudar depois disso? Participe conosco!
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