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Acima da média: 28% dos jovens brasileiros fazem uso excessivo de videogames, aponta USP

01 de agosto de 2022 13

O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) publicou um estudo com dados alarmantes sobre o uso de videogames entre os jovens brasileiros. De acordo com a pesquisa, cerca de 28% dos adolescentes sofrem do “transtorno de jogo pela internet” (TJI), quadro do “vício” em jogos que pode causar sérios problemas de saúde.

A pesquisa liderada por Luiza Brandão, doutora em Psicologia Clínica do IP, observa que jovens do sexo masculino, usuários de álcool e tabaco, vítimas ou praticantes de bullying e que possuem dificuldades de socialização com os colegas são os perfis mais associados ao TJI. Os brasileiros superam a média global que varia entre 1,3% e 19,3%.

(Imagem: Reprodução)

Para obter os dados, a psicóloga elaborou um questionário sobre uso de álcool, bullying e outros fatores que seriam respondidos anonimamente por alunos integrantes do programa Tamo Junto 2.0, que visa desencorajar o uso de drogas entre os adolescentes. 3.939 jovens foram entrevistados — do total, 90% tinham entre 12 e 14 anos.

85% afirmaram que jogaram videogames no último ano e, nessa parcela, 28% mostraram indícios de que se encaixam no que a universidade considera “uso problemático”, onde os jovens dedicam 8 ou mais horas diárias e 30 horas semanais para os jogos, na média.

Conforme detalha a APA (Associação Americana de Psiquiatria), entre os vários sintomas do quadro de TJI, os acometidos mostram agitação e revolta quando estão impossibilitados de jogar e resistem quando outros tentam redirecioná-los a atividades alheias ao game.

Durante a jogatina, os indivíduos com TJI negligenciam obrigações no trabalho, escolares e domésticas, podendo ficar longos períodos sem dormir e/ou fazer refeições. Há um grande alerta para a saúde mental desses jovens que possuem acesso facilitado à tecnologia.

De repente, as pessoas têm milhares de jogos gratuitamente na mão, no celular, e nem sabem que isso é prejudicial. Elas acham que o uso de videogames é um problema só na casa delas, quando é um fenômeno por conta das características da nossa sociedade e dessa mídia em si.

Luiza Chagas Brandão
Doutora em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP

Cerca de 57% dos adolescentes entrevistados afirmaram que jogam como forma de esquecer problemas da vida real. Outras perguntas no questionário incluíram “Você fica triste, ansioso ou irritado quando não pode jogar?” e “Outros passatempos anteriores perderam a graça e agora só jogar é interessante?”.

“Raramente o uso problemático vem sozinho”, disse Brandão. “Ele costuma trazer outros sintomas de saúde mental que contam que, se esse adolescente está tendo problemas com jogo, há chances de outras coisas também não estarem legais, então é importante pedir ajuda de um profissional de saúde mental”, recomenda a especialista.


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