Tech 18 Jan
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma nova forma de detectar a presença do vírus da Covid-19 no corpo humano. A técnica usa as lágrimas do paciente com suspeita da infecção para determinar a presença ou não da doença.
Para a realização dos testes, é necessário realizar a coleta de amostras do fluido lacrimal com um cotonete, igual ao usado na retirada feita pelo nariz ou pela boca. O estudo foi publicado na revista científica Journal of Clinical Medicine para apreciação.
Ao analisar amostras de pacientes internados no Hospital das Clínicas de Bauru (SP) com diagnóstico da doença confirmado por métodos convencionais, os cientistas detectaram o SARS-CoV-2 na superfície ocular com esse tipo de teste em 18,2% dos casos.
De 61 pacientes internados, foram analisadas amostras de 33 deles com diagnóstico de COVID-19 e de outros 14 sem o vírus, obtidas durante o primeiro semestre de 2021, quando as principais variantes que circulavam em São Paulo eram a gama e a delta.
Ainda, segundo a pesquisa, os indivíduos cujas lágrimas testaram positivo para o SARS-CoV-2 tiveram ICC inferior em relação ao restante (apontando maior probabilidade de óbito em dez anos) e taxas de mortalidade mais altas.
“Achávamos que a lágrima seria mais fácil de executar, mais tolerável. Conseguimos mostrar que é um caminho. Uma limitação nesse estudo é que não sabemos se a quantidade de lágrima coletada influencia na positividade ou não”.
Luiz Fernando Manzoni Lourençone, autor correspondente do artigo, professor da Faculdade de Odontologia de Bauru e do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, ambos da USP.
Agora, o grupo de pesquisadores iniciou uma nova linha com foco na detecção de doenças por meio de testes e exames ligados aos olhos. O objetivo é trabalhar com outros tipos de vírus, além do SARS-CoV-2.
“Existem outros vírus ainda pouco estudados no Brasil. Pretendemos nos dedicar a encontrar soluções e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Vamos analisar também outras condições virais que se tornam sistêmicas”, finalizou o professor.
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