Segurança 15 Ago
Na manhã desta terça-feira (15), cidades de pelo menos 25 estados e no Distrito Federal relataram queda no fornecimento de energia elétrica, o que gerou um “apagão” em parte do Brasil. Apenas Roraima não sofreu o problema, por não integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Afinal, o que se sabe sobre a falta de luz e o que ainda precisa ser averiguado pelas autoridades sobre o incidente? O Detetive TC separou os principais fatos sobre o caso e conta a você nesta coluna.
Houve uma interrupção no fornecimento de energia elétrica às 8h31 desta terça (15), durante a abertura da interligação Norte/Sudeste. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a suspensão atingiu 16 mil megawatts (MW) de carga, o que impactou principalmente nos estados do Norte, Nordeste e Sudeste.
Em termos práticos, foi uma espécie de separação no sistema interligado que “desconectou” as regiões Norte e Nordeste do Sul e do Sudeste, cujas causas ainda estão em investigação pelos órgãos competentes.
“Ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional, interrompendo 16 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sudeste também foram afetados.”
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
Em torno de 10h51, o Ministério de Minas e Energia informou já haver o retorno das cargas nas regiões afetadas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com algumas partes afetadas do Norte e do Nordeste.
Já por volta de 12h, um comunicado do vice-presidente e presidente em exercício, Geraldo Alckmin, informou que o Nordeste já estava com 80% da energia retomada, enquanto o Norte contava com mais de 40%.
“A gente deverá, em poucas horas, se tudo correr bem, estar tudo normalizado. Aí vai se investigar a causa dessa perda de carga. Mas a ação foi rápida do Ministério de Minas e Energia, de seus técnicos, as equipes todas, e a recomposição está sendo rápida.”
Geraldo Alckmin
Vice-presidente da República
Apenas às 14h49, o Operador Nacional do Sistema Elétrico revelou que a energia do SIN havia sido restabelecido por completo – informação confirmada pelo Ministério de Minas e Energia.
Até o momento de publicação desta coluna, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o ONS ainda investigam as causas do incidente e não divulgaram em detalhes por enquanto o que teria gerado o apagão em parte do Brasil.
Em coletiva nesta tarde, o ministro Alexandre Silveira afirmou que houve dois eventos simultâneos que teriam atingido o sistema. Um deles se tratou de um “evento” no Ceará, enquanto um segundo ainda é averiguado – há a possibilidade de ter acontecido na região da reserva do Xingu, mas ainda sem confirmação.
Ele ainda explicou que o sistema de energia funciona com o padrão chamado “N-1”. Ou seja, são duas linhas de transmissão que funcionam ao mesmo tempo. Caso uma tenha problema, a outra permanece ativa e evita um incidente.
Silveira ainda acrescentou que uma situação do tipo é rara, uma vez que demandaria dois eventos simultâneos. Até para aprofundar a apuração, se houve falha técnica, humana ou até dolo, o ministro encaminhará ao Ministério da Justiça um pedido para a Polícia Federal e a Abin investigarem o ocorrido.
Uma das causas apontadas por técnicos seria a inserção de fontes renováveis nas linhas de transmissão de energia. Como a solar e a eólica são intermitentes, haveria gerado uma sobrecarga nas linhas contínuas das hidrelétricas, que gera o desligamento para preservar o sistema como um todo.
É importante diferenciar os tipos de casos que se usa a palavra “apagão”. O sentido dos eventos desta terça se relacionam mais ao chamado “blecaute”. Isto é, quando ocorre a interrupção total ou parcial do funcionamento, em decorrência de alguma falha.
Esses problemas na transmissão são divididos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dois tipos: ocorrências e perturbações. O primeiro se trata do que houve nesta terça, quando algum evento gera mudanças no funcionamento do SIN. Já o segundo consiste no desligamento forçado de componentes do sistema, que pode levar ao corte de carga.
O último blecaute a nível nacional acontecido foi em março de 2018, quando todas as regiões do país viveram um apagão em decorrência de uma falha na linha de transmissão por sobrecarga da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na ocasião, cerca de 70 milhões de pessoas foram impactadas.
Por sua vez, o que houve nesta terça nada tem a ver com o sentido de racionamento, geralmente imposto com o objetivo de diminuir o consumo de energia elétrica de parte ou do total da população.
O caso mais famoso de racionamento ocorreu em 2001, quando o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estabeleceu uma redução de 20% do consumo durante nove meses em 16 estados e no Distrito Federal.
Em 2021, também houve um risco de racionamento em horários de pico, devido à seca em reservatórios das regiões Sul e Sudeste. Contudo, não chegou a ser instituída a medida na ocasião.
Você chegou a ficar sem luz na manhã desta terça? Por quanto tempo durou a falta de energia na sua região? Relate para a gente no espaço abaixo.
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