17 Novembro 2016
A Asus não é a empresa mais conhecida quando o assunto é smartphone, principalmente no Brasil - por aqui a linha Padfone não foi lançada e os Zenfone chegaram algum tempo depois de que em outros países. Os primeiros aparelhos que chegaram no Brasil foram o Zenfone 5 e 6, que conseguiram rapidamente espalhar a notícia de que além de partes para computadores, há bons smartphones vindos de Taiwan (já que a HTC desistiu do Brasil). O Zenfone 2 segue este propósito e abre um novo mercado para a marca asiática, onde o desempenho vem antes de que qualquer outra categoria, já que por aqui temos nada menos do que 4 GB de memória RAM, acompanhados de um processador que pode chegar até um Intel Atom quad-core de 2.3 GHz, junto de uma poderosa GPU PowerVR G6430 (a mesma que roda no iPhone 5S) com outros quatro núcleos dedicados para gráficos. Tudo isso consegue entregar um desempenho geral acima de sua categoria, junto de um preço mais competitivo.
A embalagem lembra bastante o que vimos em outras versões do Zenfone, ou seja, o celular impresso na parte da frente, buracos nas laterais com ícones de alguns recursos importantes para o consumidor e dados do modelo escolhido, logo abaixo de tudo. Abrindo a caixa temos o celular, manuais de instruções, carregador de tomada, cabo de dados USB e fone de ouvido com fio chato, o que ajuda na hora de não ficar enrolando no bolso.
Alguns pontos evoluíram no Zenfone 2, quando olhamos seus antecessores, os Zenfones 5 e 6. Uma das grandes novidades está na pegada mais confortável por conta da traseira levemente arredondada e dos botões não estarem mais nas laterais e sim atrás. Ficou mais atraente, mas manteve alguns pontos chave, como bordas bem grossas (tela representa 70% da parte da frente do celular) e a parte de baixo com efeito de metal concêntrico, mas que é apenas plástico - bem bonito, por sinal. Na frente temos uma tela IPS de 5.5 polegadas, resolução de 1920 x 1080 pixels, proteção de Gorilla Glass 3 e densidade aproximada de 403 pontos por polegada. Este é um dos únicos smartphone topo de gama que chega em 2015 sem tela 2K, o que é ponto positivo para a Asus por poder lidar melhor com o consumo de energia (tela de maior resolução consome mais energia e não entrega uma diferença de qualidade proporcional ao que exige da bateria). A tela é linda, os níveis de preto são bem próximos ao que conseguem displays AMOLED e há ainda a possibilidade de regular manualmente as cores da tela, o que pode ajudar a qualquer usuário em qualquer tipo de uso.
Nas laterais não há qualquer botão, já que na parte traseira ficam os botões para volume - lembra muito o que a LG fez com o G2, G3 e G4, mas sem a presença do botão de liga/desliga. Para diferenciar da LG, o botão liga/desliga foi para o topo do celular, onde divide espaço com um microfone secundário e a entrada para fones de ouvido. Abaixo fica a entrada para cabo microUSB e o microfone principal.
A bateria está atrás do celular, mas não é acessível e não pode ser removida. Ela conta com 3.000mAh, o que é suficiente para um dia inteiro de uso direto, mas que não suporta mais do que isso - aparentemente a interface da Asus é leve, mas o processador da Intel é um devorador de energia, que ainda impede que o celular dure mais do que um dia. Por aqui ainda temos duas entradas para chip da operadora, sendo que uma delas trabalha com 4G. Há também um slot para cartões microSD de até 64 GB, mais do que o suficiente para muitas músicas e fotos.
Como disse antes, a pegada deste aparelho ficou mais confortável do que os outros Zenfones. A traseira é levemente curvada e encaixa mais naturalmente nas mãos dos usuários. A textura metálica no plástico aumenta a aderência, mas não tanto quanto o Zenfone 5 fazia com sua traseira mais áspera - por aqui está mais bonito, só que menos confortável. Como as bordas não contam com qualquer botão, a pegada fica mais firme, pois o usuário não precisa se preocupar em apertar algo acidentalmente ao segurar com mais força.
Em números, suas medidas são de 152,5 milímetros de altura, por 77,2 milímetros de largura e 10,9 milímetros de espessura, que aliados aos 170 gramas de peso total, entregam um celular que não é tão desconfortável como pode aparentar seu tamanho físico.
É difícil argumentar que um processador Intel Atom de quatro núcleos e que fica entre 1.8 GHz e 2.3 GHz, junto de espaçosos 4 GB de memória RAM e uma GPU PowerVR G6430, não conseguem entregar um ótimo desempenho. Mesmo com muitos aplicativos abertos ao mesmo tempo, o que inclui o Modern Combat 5 e uma série de outros apps como Instagram, Facebook, Google Play e Twitter, não consegui notar um engasgo sequer do sistema. Este hardware é, com folga, mais potente do que muito notebook vendido no Brasil e no mundo. Há poder de fogo de sobra, se considerar o modelo mais parrudo, para durar dois ou mais anos na mão, antes de começar a reclamar de um desempenho que já não segue os apps mais pesados.
A Asus coloca sua interface proprietária (chamada de ZenUI) em cima do Android, que neste aparelho está na versão 5.0 Lollipop e que apresenta boa parte do visual Material Design, que o Google criou com cuidado para este sistema operacional móvel. Uma de suas grandes virtudes está em rodar quase que toda a interface em apps separados, que significa ter um app apenas para o discador, outro para os contatos, outro para o navegador web e mais um que cuida apenas do launcher. Esta estratégia já foi utilizada durante os aparelhos antecessores e garante que atualizações de recursos não exijam um update de todo o Android instalado. Outra vantagem está em evitar problemas com travamentos, já que se uma parte da interface trava, ela não precisa reiniciar tudo mais uma vez - é como quando você está em algum app e, ao sair, vê todos os ícones da tela inicial reaparecendo exatamente no mesmo lugar. Mesmo assim, com toda a interface desmembrada em apps, há atualizações pequenas do Android que ocorrem com certa frequência.
Mesmo com alterações profundas na experiência de uso, há partes do Android Lollipop por aqui, como a barra de notificações que desce em dois níveis e os atalhos que aparecem no segundo - uma lista imensa e bem útil, com direito até para limpeza de memória RAM. A lista de apps pré-instalados é grande, grande demais para moldes de Motorola que estamos acostumados, mas a Asus permite a desinstalação de qualquer um deles - até mesmo do app da câmera (!!!).
Chegando na lista de recursos que nasceram com o Zenfone 2, temos um que ao tocar duas vezes na tela, o display liga ou desliga (lembra a LG? Pois é, ela fez isso antes e deu o nome de Knock On). Outra, mais inovadora, faz com que certos desenhos feitos na tela abram algum app, como desenhar um C no display desligado para abrir a câmera, ou um W para abrir o navegador - dá até para customizar isso e criar novos atalhos para qualquer app que esteja instalado.
Um recurso em especial e que chama atenção é uma espécie de janela onde o Android vai aparecer e que tira o trabalho que dá para usar o dispositivo com apenas uma mão. Basta dois toques no botão que leva para a tela inicial (ou tocar em um ícone que está na aba de atalhos, dentro da área de notificações) e toda a interface é resumida em uma janela bem menor do que o tamanho da tela, sendo possível ajustar o lado onde fica a janela (para que canhotos e destros possam tirar o mesmo proveito) e o tamanho da janela, como se fosse uma janela do computador. Além disso, há um equalizador para todos os áudios que são reproduzidos pelo aparelho (e isso inclui não somente música e vídeo, mas sons de jogos e até a voz do aplicativo de GPS que você utiliza) e um modo de economia de energia bem severa, que ajuda na já pequena autonomia do aparelho.
Por fim, há uma pequena parte da empresa taiwanesa que lembra suas origens, lá nas peças de computador: o gerenciador de início. Nele você pode ajustar quantos e quais apps serão carregados quando o aparelho é iniciado (quando você desliga e liga, ou reinicia), função bastante comum e bem conhecida em computadores de casa. Além de mostrar quais apps serão inicializados junto do Android, há uma contagem para mostrar quanta memória RAM você utiliza já no primeiro momento que o Android é reinicializado.
Como consequência da escolha da Intel como provedora de chip para o processador, a Asus acabou levando para casa a poderosa PowerVR G6430, que é a mesma placa gráfica que equipa o iPhone 5S, por exemplo. Ela é poderosa o suficiente para fazer com que qualquer game mais pesado, como Modern Combat 5, Real Racing 3 ou Motral Kombat X, rode sem qualquer engasgo e recheado de efeitos - dá até para você abrir dois jogos ao mesmo tempo e ir intercalando qual deles joga no momento, tudo isso graças ao montante de 4 GB de memória RAM, que trabalha bem com o sistema operacional.
O player de música também é alterado pela Asus e é capaz de rodar qualquer arquivo em MP3, AAC+ e WAV. A capa do álbum é exibida sem problemas, junto de informações que estão no arquivo executado. Além disso, ele é capaz de alterar a reprodução de áudio, com base em um equalizador gráfico. Não há player de vídeo nativo, sendo a galeria o player padrão de fábrica. Com ele você consegue reproduzir arquivos MP4 e H.264 em alta definição. Não há travamentos ou engasgos durante a reprodução.
A câmera traseira do Zenfone 2 conta com uma lente com abertura de f2.0 e que era bastante inovadora para quando foi anunciada, em janeiro. Hoje, meses depois, já está atrás de concorrentes como o Galaxy S6 (com f1.9) e o G4 (com f1.8), mas utiliza uma tecnologia de software para lidar da melhor forma possível, com ambientes de baixa luz. São 13 megapixels que conseguem reunir em uma imagem de apenas 3 megapixels e que exibe 400% mais luz do que foto tirada no modo normal, automático. Falando em modos, temos uma lista enorme deles, com possibilidade de foto em modo manual, ou em câmera lenta para vídeos, fotos em miniatura e até GIF animado. A qualidade geral das fotos é fantástica para ambientes bem iluminados, com alguns momentos onde o HDR coloca branco demais na foto (estragando o conjunto). Em fotos noturnas o resultado é bastante granulado e com algumas aberrações no HDR, que chega a criar uma aura em alguns objetos - mas, por outro lado, exibe muita informação.
Pontos positivos
- Preço muito competitivo
- São 4G de RAM!
- Ciclo de atualizações bem rápido
- Tela de alta qualidade, sem necessidade de maior resolução
Pontos fracos
- Câmera não é tão incrível em fotos noturnas
- Bateria ainda não tem autonomia que merece
- Botões da frente não são iluminados
- Dual-chip sem 4G em ambos os chips (só em um)
O melhor custo-benefício em smartphones high-end, de longe!
Embalagem apenas com o espaço que precisa, com direito ao carregador veloz e também fone de ouvido de ótima qualidade.
Pegada é confortável por conta da curvatura traseira, mas o aparelho é grande demais.
Android explica muito do que pode ser utilizado, mas há muitos apps pré-instalados e isso pode confundir o usuário.
Roda tudo que você achar que vai rodar.
Definitivamente o Zenfone 2 é um smartphone high-end, com hardware topo de linha e um preço bem mais interessante de que seus concorrentes. Vale cada centavo investido, levando em conta o pacote completo, com custo-benefício em mente.
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