Asus anunciou recentemente o ROG Phone 5, mas enquanto a novidade não chega por aqui vamos conferir o que o seu maior rival tem a oferecer. O Legion Duel é a nova aposta da Lenovo no mercado nacional, mas é a Motorola quem vende o aparelho no Brasil. Ele tem tudo o que você espera de um smartphone realmente gamer e ainda vem com alguns extras curiosos. Ficou interessado em conhecer a novidade? Então fica até o final e confira a análise completa do TudoCelular.

O Legion vem em caixa tradicional com o nome do aparelho estampado em cor chamativa. Você recebe os seguintes acessórios:

• Carregador de 45W de potência
• Dois cabos USB no padrão C
• Capinha de proteção
• Película para tela
• Adaptador para P2
• Chavinha da gaveta do SIM Card
• Guia do usuário

O que mais chama a atenção no Legion é seu design. Ele vem em duas opções de cores com direito a LED na traseira e pintura que lembra os notebooks gamer da marca. Curiosamente, todo o projeto foi pensado no celular sendo usado em modo paisagem. Há câmera pop-up, mas ela não fica no topo e sim na lateral.

O Legion é um aparelho robusto, grande e pesado. Como é obrigatório em qualquer celular dito gamer, o LED na traseira pode ser customizado para qualquer cor com direito a efeitos de iluminação. Ao lado da câmera pop-up há dois botões sensíveis ao toque e com regulagem de pressão, que servem como gatilhos para jogos compatíveis – algo no estilo do Air Triggers do ROG Phone da Asus.

Ele possui duas portas USB, sendo cada uma conectada a uma bateria. Você pode usar dois carregadores ao mesmo tempo para reduzir o tempo de recarga. Há duas câmeras traseiras que ficam em posição pouco convencional, estando alocadas mais ao centro do aparelho para evitar serem bloqueadas quando você segura o celular com as duas mãos.

Na parte frontal temos bordas mais finas que no rival da Asus e sem abrir mão de um par de alto-falantes que destoam da parte preta de vidro. Sim, o corpo do Legion é de metal com a mesma espessura do ROG e superando modelos tradicionais do mercado. Este é o tipo de aparelho que só faz sentido para um gamer.

Tirar selfies será complicado com o aparelho, já que a câmera frontal na lateral foi pensada nos gamers que fazem streaming de jogos e que gostam de aparecer nos vídeos. Ela conta com quatro microfones para cancelamento de ruídos e permite remover o fundo do cenário para deixar suas lives mais profissionais.

E claro, como estamos falando de um celular gamer, tela é um dos seus maiores destaques. Aqui temos um painel AMOLED grande de 144 Hz e tempo de resposta de apenas 1 ms. Esse é o sonho de qualquer gamer, ser o mais ágil e vencer os rivais em jogos competitivos com um celular que tem resposta de toque de 240 Hz.

Por padrão, a tela vem em 90 Hz, mas alterna para 144 Hz quando um jogo é executado. O nível de brilho é apenas mediano, enquanto o contraste é perfeito para garantir cores detalhadas em qualquer jogo. Aqui vemos que a Lenovo não caprichou tanto na escolha do painel.

Outro ponto fraco da tela é o leitor biométrico integrado. Ele fica muito próximo da borda inferior e não é dos mais rápidos e precisos, sem falar que não fica sempre ativado. É preciso ligar primeiro a tela para depois tocar no sensor para sua digital ser lida. Você pode ativar o Always on Display para contornar o problema, mas terá maior gasto de bateria.

Os alto-falantes frontais mostram que estão ali ocupando espaço na borda por um bom motivo: você terá melhor som que flagships convencionais. A potência sonora supera rivais da Apple e Samsung, a equalização é bem equilibrada com graves encorpados e médios bem definidos que dão clareza aos efeitos sonoros de filmes e jogos.

Ele ainda não chega a bater o ROG Phone 3, que tem a melhor qualidade sonora de todos que testamos, mas o rival da Lenovo vai agradar qualquer gamer. Só é uma pena não ter entrada P2 para fones de ouvido.

Ficou empolgado com a experiência multimídia do Legion? Então vai ficar ainda mais quando souber que este é o Android mais rápido que já passou pelo TudoCelular. Depois de tanto tempo, finalmente alguém roubou o trono do OnePlus 7 Pro. É... mas a Apple ainda é a rainha e temos quatro iPhones à frente do celular gamer da Lenovo em nosso teste de velocidade focado no multitarefas.

E benchmarks? Ele também fica atrás do iPhone 12 Pro Max, mas empata com o Galaxy S21 Ultra que custa mais e não tem os diferenciais gamer. Curiosamente vemos o Legion superar o ROG Phone 3, tanto em nosso teste focado no multitarefas quanto em ferramentas sintéticas, por mais que os dois tenham hardware similar.

O Legion é uma verdadeira máquina para jogos. Conseguimos rodar PUBG na qualidade máxima a suaves 60 fps e ainda tem um extra de vibração realista para dar mais imersão aos tiroteios. Asphalt 9 também ficou cravado nos 60 fps na qualidade máxima, enquanto CoverFire entregou 120 fps e o Mortal Kombat explorou todos os 144 fps que a tela consegue entregar.

Como qualquer celular gamer, há uma suíte voltada para jogos que aqui recebe o nome de Legion Realm. Nela é possível configurar os gatilhos, alterar a equalização sonora e bloquear notificações para não ser incomodado enquanto joga. É nessa suíte que ficam reunidos todos os jogos instalados no celular e você pode realizar ajustes individuais para cada título, incluindo a taxa de Hz e até efeitos de iluminação.

Há também um modo Rampage que força a CPU e GPU ao máximo para aprimorar o desempenho em jogos e até uma opção para turbinar sua conexão e conseguir uma menor latência de rede para ter melhor resposta nos jogos online.

Câmera nunca foi o forte de celulares gamer e até mesmo o ROG Phone que se destaca em praticamente tudo não tem fotos e vídeos como ponto forte. Este é o caso do Legion. Ele traz câmera de 64 MP e uma secundária com lente ultra-wide. Não há nada de avançado com lentes com zoom de longo alcance ou uma filmadora que grava em altíssima resolução.

Dito isso, tenha em mente que a câmera do Legion faz apenas o básico. Por mais que seja um top de linha com preço salgado, ele não consegue competir com celulares tradicionais na sua faixa de preço. O que notamos é que o celular gamer da Lenovo entrega qualidade digna de um intermediário chinês.

Padrão | 64 MP

É possível ter boas fotos, mas é preciso ter paciência para usar a luz ao seu favor. As fotos poderiam ter maior nitidez, já que temos aqui uma câmera de alta resolução. Falta também um pouco de contraste, apesar do Legion adorar saturar algumas cores – especialmente o verde da grama.

Vale a pena usar a resolução máxima de 64 MP? Não. As fotos saem mais escuras e com menos detalhes. O mesmo podemos dizer da ultra-wide. Com a lente mais ampla é possível capturar bem mais dos cenários, mas em troca de fotos menos nítidas. Pelo menos o tom de cores segue o mesmo da câmera principal e não vemos fotos devoradas pela escuridão à noite.

Principal | Ultra-wide

O modo noturno é mais sutil do que vemos em celulares da Motorola. Ele dá apenas uma pequena prolongada na exposição para deixar as sombras mais claras, e pronto. Não espere por fotos muito melhores.

O Legion não possui câmera dedicada para desfoque de fundo e usa apenas ajustes por software para borrar os cenários e faz isso de forma precária. Muitas vezes ele vai acabar borrando você, dando o efeito oposto que espera.

Noturno

Também não há uma câmera dedicada para macros. Você terá que usar a principal, já que a ultra-wide não tem foco automático. A distância focal é razoável, não é possível chegar tão perto do que deseja fotografar, mas dá para quebrar o galho com a câmera principal.

E se ter uma câmera teleobjetiva faz falta, usar os 64 MP com zoom de 2x resulta em imagens decentes. Agora se você tentar ir além disso, aí terá qualidade bastante precária que fica bem abaixo das linhas Galaxy S e Note.

Selfies

A câmera frontal até registra boas selfies, se você desativar o embelezamento que vem ativo por padrão. O celular foi configurado pensando no mercado asiático que ama fotos artificiais com a pele lisinha e sem nenhum defeito. Os brasileiros já criticaram muito a Samsung por seguir esse caminho, o que fica claro que priorizamos selfies bem detalhadas. À noite a qualidade já cai bastante e os ruídos ficam visíveis, então tente ficar próximo da luz.

E por fim vem a filmadora. Enquanto celulares top de linha atuais filmam em 8K ou mesmo 4K a 60 fps, o Legion fica limitado a 4K a 30 fps. A qualidade da filmagem é decente de dia e ruim à noite. O foco é lento e o sistema de estabilização não reduz tanto os tremidos. A captura de áudio também está abaixo do segmento e lembra alguns celulares chineses baratos.

Se o desempenho impressiona, não podemos dizer o mesmo da bateria. Ela até que dura o dia todo no modo automático em 90 Hz, mas se você quiser usar o Legion o tempo inteiro em 144 Hz será preciso recarregá-lo mais de uma vez por dia.

Sua bateria de 5.000 mAh demora quase 1 hora e meia para chegar aos 100%, mas esse tempo cai para pouco mais de meia hora ao usar dois carregadores. Mesmo que use apenas um ainda pode tirar proveito da recarga rápida que recupera 40% em 15 minutos e passa de 60% em 30 minutos.

O Legion foi tão pensado para ser usado na horizontal que até sua interface foi otimizada para isso. Apps nativos foram feitos do zero para que a Legion OS baseada na ZUI garanta uma boa experiência no melhor estilo tablet de usar o Android. É estranho usar um celular assim e você pode demorar para se acostumar.

Há suporte a gestos para ativar a câmera ao girar o aparelho ou ligar a tela sempre que você pega o Legion da mesa. Também há o Lenovo Lab, com opções para ativar o suporte a periféricos e usar teclado e mouse para jogar.

O lado ruim é ainda estar preso ao Android 10 e a Motorola só garante uma atualização do sistema e patchs de segurança trimestrais, enquanto Samsung vem oferecendo três anos de updates.

E por falar na Motorola, quando você liga o Legion pela primeira vez é possível escolher uma interface mais limpa próxima da linha Moto ou algo mais cheio de firulas com pegada gamer.

Qual celular gamer é mais jogo: Legion ou ROG 3? O da Asus tem melhor tela, som, bateria e câmeras (especialmente para gravar vídeos). O da Lenovo vence no desempenho e tem extras bacanas para jogos. No geral, o ROG é um celular mais completo.

O Legion não chega a superar o iPhone 12 Pro Max em velocidade e até perde por pouco em bateria, mas recarrega muito mais rápido, especialmente ao usar dois carregadores. Em câmera fica muito abaixo do rival da Apple e podemos dizer o mesmo dos flagships da Samsung.

Pontos fortes

• Android mais ágil no multitarefas
• Excelente desempenho em jogos
• Recarga rápida com dois carregadores

Pontos fracos

• Brilho da tela
• Autonomia de bateria abaixo de rivais
• Câmera de selfies na lateral