A Motorola trouxe no finalzinho de 2021 o Moto G200, um aparelho com o melhor processador Snapdragon da época, mas que ainda não podia ser chamado de top de linha por pecar em vários pontos, como a tela com brilho fraco e a falta de som estéreo.

Eis que a empresa finalmente decidiu apostar mais alto e chega com o Edge 30 Pro agora no início de 2022, este trazendo o Snapdragon 8 Gen 1 e tudo o que um verdadeiro flagship tem direito… ou quase tudo. Ficou curioso para conhecer a novidade da Motorola? Então confira a análise completa do TudoCelular.

O Moto Edge 30 Pro vem em caixa escura com o nome do aparelho em pintura prateada. Você encontra os seguintes acessórios:

• Carregador com 68W de potência
• Cabo USB no padrão C
• Capinha transparente de silicone
• Guia do usuário
• Fone de ouvido com conector USB-C
• Chavinha da gaveta do cartão SIM

A Motorola resolveu não alterar tanto o design do seu top de linha e vemos pequenas mudanças comparado ao Edge 20 Pro. O conjunto de câmeras está menos retangular e todos os sensores agora são circulares. As medidas foram mantidas; apenas a espessura e o peso aumentaram por conta da bateria que cresceu.

O que não dá pra entender é o retrocesso na qualidade de construção: o Edge 20 Pro tem estrutura de metal, enquanto o novo é feito de plástico. Pelo menos a traseira de vidro com proteção Gorilla Glass 5 foi mantida, mas o vidro frontal agora é de geração mais antiga. As opções de cores continuam sendo branca e azul, porém os tons estão mais claros.

Não foi dessa vez que a Motorola adotou certificação IP68 para resistência contra água e poeira. Temos apenas a mesma resistência contra respingos de antes. E se você espera pela volta do slot para microSD ou entrada para fones de ouvido, esqueça.

O leitor biométrico fica na lateral direita integrado ao botão de energia logo abaixo da tecla de volume, ele funciona bem sendo ágil e preciso. Na parte inferior estão a gaveta para dois chips, a entrada USB-C e o alto-falante principal. Há dois microfones, um no topo e outro embaixo, para captura de som estéreo.

Na parte de conectividade temos de novidade o suporte a carregamento sem fio de até 15W. Inclusive, quem comprar agora no lançamento ganhará um carregador sem fio de brinde de 10W de potência. Por fim, o Edge 30 Pro tem suporte a redes Wi-Fi 6e, Bluetooth 5.2, NFC e 5G.

A tela é a mesma da geração anterior, e isso nem chega a ser algo ruim, afinal, o Edge 20 Pro manda bem neste ponto. Ou seja, aqui você terá um painel OLED de 6,7 polegadas com resolução Full HD+ e taxa de 144 Hz com suporte a HDR10+.

O nível de brilho é muito bom, apesar de não conseguir competir com a linha Galaxy S22 ou a família iPhone 13. Se você não vai usar o celular direto ao sol, então ficará satisfeito com o Edge 30 Pro. As cores são vibrantes, o ângulo de visão é amplo, o tom de preto é excelente e o tempo de resposta da tela agrada.

É na parte sonora que realmente tivemos uma evolução. Depois da mancada de lançar a linha Edge 20 com mono, a Motorola finalmente acertou ao trazer o Edge 30 Pro com som estéreo. Além disso, ele entrega boa potência sonora com áudio bem equilibrado entre graves, médios e agudos. Há suporte a Dolby Atmos para áudio espacial e equalizador completo.

E por mais que o Edge 30 Pro não possua conector P2, ele vem com fone de ouvido com plugue USB-C. O fone é o mesmo do ano anterior, entrega bom conforto e qualidade sonora decente.

Outro ponto que deve ter decepcionado alguns é o fato do Edge 20 Pro ter vindo com Snapdragon 870, enquanto era esperado pelo Snapdragon 888. Agora temos a plataforma mais poderosa da Qualcomm, até o momento, e com isso temos o celular mais rápido da Motorola que passou por nossas mãos. Ele não chega a ser o Android mais veloz, mas fica com a segunda colocação.

Achou pouco? Então vai ficar empolgado com os números de benchmarks. O Edge 30 Pro conseguiu 860 mil pontos no AnTuTu e fica no topo do ranking, superando todos os modelos da linha iPhone 13. Comparado ao Edge 20 Pro é uma diferença de mais de 200 mil pontos.

E nos jogos? Todos que testamos rodaram na qualidade máxima, incluindo Call of Duty e PUBG com todos os filtros ativados e com ótima fluidez. Jogos mais leves como Subway Surfers e Mortal Kombat rodaram a 120 fps.

A bateria cresceu 300 mAh e agora temos 4.800 mAh, mas a autonomia acabou caindo. Como isso é possível? O Snapdragon 8 Gen 1 deve consumir mais energia do que o 870 e também pode ser o fato de que a Motorola priorizou mais desempenho do que autonomia na otimização do software. De qualquer forma, ainda temos autonomia para o dia inteiro.

O carregador que vem junto com o aparelho tem potência máxima de 68W e faz a bateria ir de 0 a 100% em 53 minutos. Uma recarga rápida de 15 minutos recupera 44%, o que é suficiente para 10 horas de uso moderado. Com meia hora na tomada terá 85% para usar.

O conjunto fotográfico sofreu mudanças e agora temos duas câmeras de 50 MP, sendo uma delas com lente ultra-wide, além de uma terceira para desfoque de fundo. A Motorola deixou a teleobjetiva de fora desta vez, então espere por zoom mais limitado. A frontal subiu de 32 MP para 60 MP. Será que tantos pixels garantem melhores selfies?

Antes vamos conferir o que o conjunto traseiro tem a oferecer. A principal é capaz de registrar boas fotos, mas assim como aconteceu no Edge 20 Pro, o software não faz total uso da capacidade do sensor. Em alguns momentos falta contraste, enquanto em outros o alcance dinâmico fica mais limitado do que na câmera ultra-wide.

Principal | Ultra-wide

A vantagem de termos uma ultra-wide com a mesma resolução da principal é que agora você não precisa mais sacrificar a nitidez para capturar mais dos cenários. Claro, como a abertura focal desta câmera é menor, ela sofre mais em locais escuros. Além disso, tende mais a saturar as cores e exagerar um pouco mais no contraste.

Noturno

Há modo noturno nas duas câmeras, que ajuda a clarear áreas mais escuras e recuperar um pouco da nitidez perdida. Porém, não espere uma diferença entre o dia e a noite. Talvez o maior trunfo da ultra-wide seja o seu foco automático que permite usar essa câmera para macros e temos fotos muito melhores do que em outros com câmera macro dedicada.

Macro

Desfoque

Por fim, a de desfoque. É meio sem sentido ter uma câmera dedicada para isso em celular desse porte, mas está lá para ajudar a gerar o efeito retrato. A frontal também faz um bom desfoque com poucos erros no recorte. E a qualidade das selfies? Bem, o sensor de 60 MP fica bem abaixo do esperado. Selfies diurnas apresentam pele suavizada com poucos detalhes, enquanto as noturnas sofrem com ruídos e texturas de baixa qualidade.

Selfies

A filmadora também tem limitações questionáveis: não é possível filmar em 4K a 60 fps como no Edge 20 Pro, por mais que o sensor seja capaz de gravar vídeos em 8K a 30 fps. Se você prefere maior fluidez, terá que se contentar com a resolução Full HD. O mesmo acontece com a frontal que filma a 30 fps em 4K.

A qualidade das filmagens é boa em locais bem iluminados, enquanto sofre com ruídos à noite. A estabilização poderia ser melhor se fosse óptica, mas a digital reduz bastante os tremidos. O foco é bastante ágil e a captura de som estéreo tem ótima qualidade.

O Edge 30 Pro sai da caixa com Android 12 e tem duas atualizações garantidas do sistema como demais modelos da linha. No momento em que testamos, ele estava com pacote de segurança do sistema um mês atrasado, então não espere um compromisso mensal com atualizações importantes por parte da Motorola.

A interface My UX também marca presença no Edge 30 Pro com todos os recursos que estamos acostumados a ver na linha mais avançada da Motorola. Há os famosos gestos para acessar câmera e ligar lanterna, como também atalhos para bloquear chamadas ou notificações enquanto estiver jogando.

Um dos destaques da Motorola em termos de software é a compatibilidade com o Ready For. O recurso transforma o seu smartphone em um PC portátil, seja por meio do cabo ou também sem fio, caso a sua TV tenha suporte ao Miracast. Já se quiser integrar a um computador, o novo assistente funciona tanto no Windows 10 quanto no Windows 11, para facilitar a conexão e a experiência do usuário.

O novo top de linha da Motorola é tão bom quanto os rivais da Samsung e Apple? O Galaxy S21 Ultra possui tela de apenas 120 Hz, mas tem brilho mais forte. O da Motorola é mais ágil, enquanto o rival coreano tem melhor autonomia. E câmeras, quem vence? O S21 Ultra não apenas ganha na qualidade geral como humilha no zoom.

E o iPhone 13 Pro Max? Sabemos que o celular da Maçã custa mais, porém ele vence o da Motorola em desempenho, bateria e câmeras. Um ponto em que a Apple ainda está muito atrás é no tempo de recarga com o 13 Pro Max levando o dobro do tempo para carregar a bateria.