A Motorola lançou o Edge 40 em maio no Brasil como o modelo mais acessível da nova linha de celulares top de linha. Ele pode não vir equipado com um chipset poderoso ou câmeras impressionantes, mas tem como proposta oferecer uma experiência além dos modelos intermediários sem cobrar muito caro por isso. O que ele tem de bom a oferecer? É isso que essa análise do TudoCelular vai ajudar você a descobrir.

O Moto Edge 40 vem em caixa clara feita de papel reciclado. Você encontra os seguintes acessórios:

• Carregador com 68W de potência
• Cabo USB no padrão C
• Guia do usuário
• Chavinha da gaveta do cartão SIM

O Edge 40 está mais como um sucessor do Edge 30 Fusion do que o Edge 30 padrão. Ambos possuem medidas similares e até mesmo peso. O design foi atualizado para se adequar à linguagem adotada na linha 2023 da Motorola, mas sem deixar as curvas nas bordas de lado que fazem jus ao nome da família.

A Motorola adotou dois tipos de acabamento na traseira do Edge 40: temos o plástico liso tradicional e outra que imita couro. Além das cores verde e preta, temos uma inédita feita em parceria com Pantone chamada Viva Magenta.

O modelo que testamos é o na cor preta e o que tende a acumular mais marcas de dedo. A textura estilo couro também deve dificultar um pouco a limpeza e isso pode ser irritante para alguns. Pelo menos a Motorola incluiu certificação IP68, o que não apenas ajudará na hora da limpeza como também vai proteger o celular contra poeira e água.

Diferente do modelo anterior com bloco separado para as câmeras na traseira, neste temos apenas uma saliência da própria peça de plástico. As câmeras são saltadas com a principal sendo maior, o que deixa o design um pouco estranho. Além disso, há dois flashes separados em LED.

As laterais são feitas de metal e são mais finas que a parte superior e inferior do aparelho por conta da curvatura do vidro e da traseira. O leitor biométrico está incorporado à tela e responde bem apesar da posição ser mais baixa do que deveria. Há gaveta para dois chips na parte inferior, mas nada de slot para cartão microSD. O Edge 40 também fica devendo uma entrada para fones de ouvido.

Em conectividade temos Wi-Fi de sexta geração para conexão veloz em redes domésticas, Bluetooth 5.2, NFC e 5G. Agora há suporte a carregamento wireless, uma boa adição comparado ao antecessor. O Edge 40 recebe até 15W de potência com carregadores sem fio compatíveis.

O Edge 40 não vem com a tela de 165 Hz da variante Pro, mas ainda está acima da concorrência com tela de 120 Hz. Ele possui um painel OLED de 6,55 polegadas com resolução Full HD+ com suporte a HDR10+. O nível máximo de brilho está a par de muito celular top de linha e apresenta um bom avanço comparado ao Edge 30 Fusion.

A calibração nativa tende para cores mais saturadas com a temperatura do branco puxando para um tom azulado. É possível regular a temperatura nas configurações, assim como alternar para um perfil menos saturado que apresenta cores mais naturais.

A tela vem por padrão no modo automático que alterna a velocidade a depender da demanda. Basicamente, sempre que você tocar na tela verá a taxa de atualização subir para 120 Hz e cair para 60 Hz em conteúdo estático. Para tirar proveito dos 144 Hz é preciso travar o painel nessa velocidade e sacrificar um pouco da bateria.

Há duas saídas de som no Edge 40. Ele usa o alto-falante de chamadas como canal secundário e entrega ótima potência sem distorção com o volume no máximo. Há bom equilíbrio entre graves, médios e agudos. É aqui onde vemos um grande salto comparado ao antecessor com som mais abafado.

O Edge 40 é o primeiro celular a vir equipado com o Dimensity 8020, um novo hardware da MediaTek que mais parece uma renomeação do Dimensity 1100, que não fez muito sucesso e chegou a uma meia dúzia de celulares.

Aqui temos um processador com dois núcleos da série A78 e seis da série A55 com GPU Mali-G77 com nove núcleos gráficos. O Edge 40 traz apenas uma configuração que inclui 8 GB de RAM.

Essa combinação não foi suficiente para superar o Edge 30 em nosso teste de velocidade focado no multitarefas. É decepcionante ver um lançamento ser mais lento que seu antecessor. Pelo menos ele consegue segurar muitos apps abertos em segundo plano. Em benchmarks temos números superiores ao Snapdragon 778G Plus.

E como a GPU se saí em jogos pesados? Testamos Call of Duty e tivemos bom desempenho na qualidade máxima com tudo ativado. PUBG rodou bem na opção HDR com demais recursos no Ultra e extras gráficos habilitados. Isso mostra que a Mali-G77 tem fôlego para lidar com qualquer game para Android.

O Edge 40 vem com 4.400 mAh, o que traz um pequeno avanço comparado aos 4.020 mAh do Edge 30. E como esse aumento na capacidade e a troca no hardware influencia a autonomia de bateria?

Em nosso teste padronizado tivemos um ganho de pouco mais de 3 horas, o que faz o Edge 40 render quase 24 horas de uso moderado. Essa autonomia será suficiente para quem não joga muito ou abusa da câmera.

Ele vem com o carregador TurboPower de 68W na caixa que leva pouco mais de 40 minutos para encher totalmente a bateria. Uma carga de apenas 15 minutos já é suficiente para ter metade da bateria para usar e em 30 minutos na tomada terá 85%.

O Edge 40 vem com apenas duas câmeras na traseira com a principal com sensor de 50 MP, o mesmo OmniVision OV50A do Edge 30 Fusion. A novidade nessa geração fica para o conjunto de lentes com abertura focal f/1.4, sendo consideravelmente maior que a f/1.8 de antes, o que deve ajudar a obter fotos mais claras à noite.

A câmera ultra-wide é a mesma usada na geração anterior e vem com sensor de 13 MP da SK Hynix com lente com abertura focal f/2.2 e foco automático, o que ajuda a usar essa câmera para capturar macros e assim dispensa a necessidade de ter uma câmera dedicada para este tipo de foto.

Principal | Ultra-wide

As fotos capturadas pela câmera principal apresentam qualidade dentro do esperado para um celular desse porte. Há boa nitidez, muitos detalhes registrados e cores saturadas sem exagero. Claro que nem tudo é perfeito no celular da Motorola e em cenários mais complexos notamos que algumas texturas ficam artificiais.

Zoom

O zoom apenas digital do Edge 40 não traz nenhum recurso avançado que permita aproximar o que está distante sem apresentar perda considerável na nitidez. Já o modo macro faz bom uso da ultra-wide e vemos resultados melhores que outros celulares do segmento com câmera dedicada.

Macro

A câmera ultra-wide apresenta imagens mais escuras em alguns cenários por conta da grande diferença na abertura focal entre as duas câmeras. No geral, ela faz fotos decentes em locais bem iluminados, mas sofre muito ao fotografar à noite e nem mesmo o modo noturno consegue salvar algumas fotos.

Noturno

O modo noturno é ativado por padrão ao detectar pouca luz. Você também pode ativá-lo manualmente caso queira fotos mais claras mesmo em locais que não estejam tão escuros. Esse modo ajuda a recuperar partes perdidas na escuridão mantendo a boa faixa dinâmica, contraste e sem distorcer as cores.

Selfies

A frontal traz um novo sensor de 32 MP, desta vez da fabricante OmniVision e não da Samsung. Ele também comprime quatro pixels em um para resultar em selfies de 8 MP e não traz foco automático como o antecessor, o que é uma pena. As selfies registradas em locais com boa iluminação agradam em nitidez, cores e tom de pele. Já em locais escuros temos imagens apenas decentes para a categoria.

A filmadora grava em 4K a 30 quadros por segundo com a câmera traseira, ultra-wide e frontal. Se busca fluidez superior terá que reduzir a resolução para Full HD para obter 60 fps com a câmera traseira. Há estabilização óptica que lida bem com os tremidos e o foco é ágil. A captura de som estéreo é decente, só poderia lidar melhor com ruído de vento. A câmera frontal sofre para filmar à noite e entrega vídeos bastante escuros.

O Edge 40 vem com Android 13 modificado pela interface MyUX da Motorola que traz poucas alterações comparado ao que temos no Android da Xiaomi ou Samsung.

A Motorola garante que o Edge 40 receberá duas atualizações do Android e updates de segurança pelo dobro do tempo, mas sem garantir que seu aparelho esteja sempre em dia com os patches mensais.

Em termos de recursos temos o que já foi visto na linha Edge como o Ready For que transforma o celular em PC ao conectá-lo via cabo a um monitor ou via Wi-Fi a uma smart TV.

Há todos os gestos conhecidos da Motorola, como o de sacudir o celular para ligar a lanterna ou girar o aparelho para abrir a câmera. Também é possível definir algum atalho para quando tocar duas vezes na traseira ou botão de energia. Além disso, tem a Barra Lateral para deixar seus apps favoritos sempre à mão.

O Xiaomi 13 Lite é o maior rival chinês do Edge 40. Qual é melhor? O da Motorola ganha em resistência contra água, tem tela com taxa de atualização maior para fluidez superior, possui som estéreo, desempenho mais ágil e melhores câmeras. O da Xiaomi ganha em bateria, tem tela com tecnologias mais avançadas e possui flash frontal para selfies mais claras em locais escuros.

O rival perfeito da Samsung seria o Galaxy S23 FE, mas como ele ainda não foi lançado até esse momento, podemos indicar o S23 tradicional que já aparece em promoções por menos do preço de lançamento do Edge 40. Ele é um celular mais rápido, com melhor bateria e câmeras. Além de ter vários anos de updates garantidos.

Pontos Fortes

• Certificação IP68
• Tela de 144 Hz com brilho forte
• Som estéreo potente
• Rápido tempo de recarga

Pontos Fracos

• Desempenho abaixo dos antecessores
• Bateria poderia durar mais
• Câmera ultra-wide fraca para o segmento
• Filmadora sofre em locais escuros