Economia e mercado 27 Nov
Robert De Niro, ator e cineasta renomado por suas contribuições em filmes como O Poderoso Chefão 2 e Touro Indomável, recentemente expressou sua frustração ao alegar que seu discurso na premiação dos Gotham Awards, ocorrida na última segunda-feira (27), foi supostamente censurado por membros da equipe da Apple.
O discurso do artista era uma crítica à indústria de entretenimento por casos de desrespeito frente aos povos nativos da América do Norte, também mencionando em seu texto o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar de ter sua fala removida do teleponto, De Niro insistiu em ler uma cópia armazenada em seu celular.
Na noite em questão, o ator subiu ao palco para apresentar o prêmio “Ícone Histórico de Gotham” ao filme Assassinos da Lua das Flores de Martin Scorsese, distribuído pela Apple, que se concentra em uma série de assassinatos contra o povo nativo norte-americano Osage que habitava o estado de Oklahoma, dos Estados Unidos, na década de 1920.
Ao fazer suas declarações pelo filme, De Niro afirmou que havia uma falha no teleponto antes de perceber que, na realidade, várias partes do texto que havia preparado haviam sido removidas propositalmente. “Só quero dizer uma coisa. O início do meu discurso foi editado, recortado, e eu não sabia. E eu quero lê-lo”, disse o ator.
Lendo o discurso original em seu celular, De Niro proferiu:
História não é mais história. Verdade não é verdade. Até mesmo os fatos estão sendo substituídos por fatos alternativos e impulsionados por teorias da conspiração e feiura. Na Flórida, os jovens estudantes são ensinados que os escravos desenvolveram habilidades que podem ser aplicadas para seu benefício pessoal.
A indústria do entretenimento não está imune a essa doença purulenta. O duque, John Wayne, disse sobre os nativos americanos: ‘Não sinto que fizemos mal em tirar este grande país deles. Havia um grande número de pessoas que precisavam de novas terras e os indígenas estavam egoisticamente tentando guardá-las para si.’
A mentira se tornou apenas mais uma ferramenta no arsenal do charlatão. O ex-presidente [Donald Trump] mentiu para nós mais de 30 mil vezes durante seus quatro anos de mandato, e está mantendo o ritmo em sua atual campanha de retaliação. Mas com todas as suas mentiras, ele não consegue esconder sua alma. Ele ataca os fracos, destrói os dons da natureza e mostra desrespeito, por exemplo, usando o nome ‘Pocahontas’ como um insulto.
Durante sua campanha presidencial de 2016, Trump chamou a senadora Elizabeth Warren de “Pocahontas” durante um evento em homenagem a veteranos nativos americanos na Casa Branca, em Washington D.C.
Após proferir seu discurso, De Niro disse que planejava agradecer à Apple e ao Instituto Gotham Film & Media, mas perdeu o intuito ao notar que sua fala havia sido censurada. “Não tenho vontade alguma de agradecê-los pelo que fizeram”, disse o ator ao final do discurso. “Como eles ousaram fazer isso, na verdade?”
Uma versão revisada do discurso foi entregue ao teleprompter menos de dez minutos antes do início do evento, de acordo com fontes da revista Variety. Uma mulher que disse aos operadores do teleponto para enviar um novo texto identificou-se como funcionária da Apple. O evento recebeu um texto que omitia referências explícitas a Donald Trump.
Assassinos da Lua das Flores chegará em breve ao Apple TV Plus, a plataforma de streaming da empresa. O filme, baseado em fatos reais, é coestrelado por Robert De Niro e foca na história romântica entre Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio) e Mollie Kyle (Lily Gladstone) em meio aos assassinatos suspeitos que ocorreram na nação Osage nos anos 1920.
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