O menino Davi Braga, recentemente apareceu em uma reportagem aqui no TudoCelular, ele decidiu fazer um vídeo resposta sobre os questionamentos ligados a sua figura. O menino se defende de forma branda e bem humorada, com respostas genéricas e evitando dar ibope aos seus críticos. A impressão de que o menino é um golpe publicitário de seus pais permanece forte, mas devemos reconhecer o mérito dele vir a público e enfrentar estas questões difíceis.

Como nos deixamos claro em nossa matéria anterior, a questão do faturamento foi colocada de forma maldosa pelos sites que originalmente publicaram a matéria, levando seus leitores a acreditarem que o menino estava fazendo muito dinheiro. Sabemos que o lucro dele no ano, pelos números divulgados publicamente, estavam abaixo dos dez mil reais, mas isso não faria uma manchete tão impressionante.

Também nos pareceu muito estranho que uma boa parte das matérias não citassem seu pai, o empresário que possui uma empresa dedicada a financiar este tipo de projeto. Sabemos que ele pode projetar a identidade de sua “Anjos do Brasil” através da empresa do filho, por isso, o mais honesto seria sempre deixar clara a participação do pai no negócio. Muitos leitores do nosso site também apontaram uma matéria do G1, onde o pai do menino era acusado de ser estelionatário, chegando até mesmo a ser detido pelo polícia em 2014.

Certamente Davi Braga, ao ver os problemas que sua mãe vivia com a compra e venda de materiais pela amiga, pode ter sugerido que ela criasse um aplicativo para isso, algo que talvez, por ser de uma geração menos familiarizada com o mundo digital ela não tenha pensado antes, e nesse sentido o crédito do jovem rapaz é legítimo.

Apesar disso, não podemos dissociar que não é apenas de uma ideia que é feito um empreendimento. Desconstruir o conceito de meritocracia é um passo importante para ajudar mais pessoas a conseguirem realizar seus sonhos e objetivos. Davi Braga conseguiu levar esta ideia para frente graças ao know-how de sua mãe do problema e da clientela em potencial, e mais importante, porque seu pai financiou e encontrou sócios para transformarem a simples frase de seu filho em um aplicativo concreto.

Incentivar o empreendedorismo, o que parece ter sido o objetivo da matéria original na maioria das publicações, é algo louvável, mas é importante que isso seja feito sem exageros, com honestidade e pé no chão, até para não frustrarmos os sonhos de tantos meninos de 14 anos. Não é difícil imaginar que muitas vezes outros deles tiveram até ideias bem melhores do as de Davi, mas sem a oportunidade de ter um pai rico para financiar, contratar um equipe e aplicá-las.