O ano é 1977, quando os relógios de quartzo ainda eram uma tecnologia relativamente recente - considerando que na época os avanços eram muito mais lentos que hoje em dia, o conceito de "recente" também é relativo - e ano em que Star Wars estreava nos cinemas. Nesses dias em que a ficção científica imaginava coisas que, para aqueles dias, eram fantásticas, era lançado o primeiro relógio inteligente da indústria.

Hoje, a palavra "smartwatch" é familiar a todos nós, e o conceito já se tornou cotidiano. Mas o primeiro da espécie surgiu nas lojas e anúncios há quase 40 anos. Imaginar o que poderia ter sido lançado nessa época distante, quando muitos de nós sequer existíamos, pode ser um exercício curioso, mas esse dispositivo é uma peça sofisticada para a época e pode surpreender aqueles que não esperam nada interessante daquela década. Vamos contemplar o "moderno" HP-01.

A tela de 7 dígitos tinha o display de LED vermelho brilhante que eram bem populares na década de 1970, e os filmes sempre adotavam essa estética para mostrar uma tecnologia de ponta, como no caso do relógio que James Bond usava em "Viva e deixe morrer". Para computar todas as suas funções, ele apresentava um teclado físico de 28 botões. O usuário poderia acessar as principais seis funções com um toque de seu dedo.

Para os restantes 22 botões acionáveis era preciso uma stylus, que era engenhosamente equipada no fecho do bracelete. O HP-01 foi garantido para ser ter precisão de até 30 segundos por ano, um desempenho impressionante para um movimento de quartzo digital na época. Ainda mantém a hora correta durante uma troca de bateria, já que uma das suas três baterias é dedicada exclusivamente ao circuito.

Em 1977, o relógio já atingia um um nível sem precedentes de complexidade. Imagine três pilhas de encaixe e seis chips em um relógio de pulso, fabricado há mais de 30 anos. Embora o HP-01 não tenha sido o primeiro relógio-calculadora produzido – Calcron e Pulsar merecem essa honra para seus respectivos produtos de 1975 – ele foi, sem dúvida, o que mereceu o título de fato "inteligente".

Imagine-se vivendo em 1977, com especulações científicas alimentadas por viagens espaciais, guerra fria e seriados como Star Trek. De repente, você se depara com um anúncio que diz: Com o HP-01, você pode computar e em seguida fazer a contagem do tempo que leva para o comando alcançar uma espaçonave a 100 milhões de milhas de distância.

Isso soa bastante nerd e legal. De acordo com a HP, seu relógio era:

...Um relógio de pulso eletrônico digital, uma calculadora pessoal, um despertador, um cronômetro, um temporizador, um calendário para 200 anos... e ainda é mais do que tudo isso.

A capacidade do HP-01de combinar todas as suas funções é o que tornava este relógio verdadeiramente único. De fato permitia integrar métricas como tempo, velocidade e custo em seus cálculos, e executar o tipo de computações que para NASA executar, precisava de um espaço dedicado para isso na década de 1950.

Por exemplo, com ele era possível encontrar o tempo de viagem necessário até um ponto específico, ou descobrir a data em que terminaria um processo específico. E não para por aí. Os cálculos avançados também incluíam uma coisa chamada notação polonesa reversa. Esta foi uma maneira de inserir os números e os operadores de cálculos que economizou espaço de memória, mas exigia bastante exercício mental. Para obter "três + quatro", por exemplo, escreve-se "3 4 +". Isso é realizado para cálculos mais rápidos, mas não é intuitivo, e esta foi a primeira calculadora da Hewlett-Packard a usar a notação algébrica padrão, ao invés de notação polonesa reversa.

O HP-01 exibido aqui foi vendido pela Iconeek aqui; e outros exemplares regularmente aparecem no eBay. Aparentemente, o dispositivo ainda tem seu charme e exerce algum fascínio nos amantes de tecnologia vintage, principalmente as que marcaram sua época com tecnologia mais avançada que a concorrência. A HP publicou também o material de lançamento original do HP-01 de 1977.