
Segurança 29 Mai
12 de junho de 2018 8
Dentre as particulares que colocam os smartphones da Samsung como produtos um pouco mais chamativos no mercado estão a interface personalizada Samsung Experience - antigamente chamada de TouchWiz - o Samsung Pay, e algumas outras experiências de software como o Knox.
Após descontinuar o produto como uma solução de privacidade para arquivos confidenciais, fato é que a sul-coreana passou a colocá-lo como uma ferramenta de proteção um pouco mais ampla, deixando a solução doméstica em forma de aplicativo com o nome Pasta Segura. Agora, o Knox fica mais em segundo plano, mas isso, aparentemente, não é sempre sinônimo de segurança...
Para chegarmos ao caso que coloca essa proteção em xeque precisamos, antes, contar outra história.
Deve ser de conhecimento geral que bancos, companhias, e até lojas físicas vendem produtos com descontos especiais aos seus clientes mediante contratos igualmente especiais.
Em uma loja de operadora, por exemplo, você pode conseguir um smartphone mais barato se optar por levar um plano pós-pago. Um banco pode oferecer através do seu programa de pontos descontos atrativos para aquisição de eletrônicos.
Inspirados nessa segunda ideia, o banco Santander e a Porto Seguro Cartões costumam oferecer aos seus clientes produtos selecionados com essas condições únicas, o que funciona bem para a manutenção da relação entre empresa e consumidor. Porém, em alguns casos envolvendo usuários do fórum Hardmob, parece que tem empresas querendo estreitar demais esse relacionamento.
Após comprarem dispositivos da sul-coreana com os supracitados descontos, pelo menos dois usuários notaram que logo na configuração inicial do smartphone uma pop-up surgia exigindo a concordância com políticas de uso específicas das empresas. O usuários "texis", por exemplo, precisava concordar com os termos de uso da Porto Seguro Cartões, que no documento deixava claro que poderia definir políticas de uso remotamente e de forma arbitrária.
Mas como a empresa por trás do cartão que ofereceu o desconto poderia fazer isso? Knox.
Mais especificamente a solução Knox Configure. A ferramenta - corporativa - serve para grandes empresas otimizarem o uso dos aparelhos dos seus funcionários.
Com os smartphones já saindo de fábrica com a aplicação, a Porto Seguro pode, por exemplo, definir restrições quanto à instalação de apps, configurar um wallpaper, mudar uma série de configurações remotamente, e a qualquer momento mudar todas as regras do jogo. Isso porque, em teoria, este seria um smartphone corporativo.
Mas, nesse caso, não era. E nenhuma medida imediata pode ser tomada por parte dos consumidores que receberam smartphones configurados dessa forma.
Isso porque nem mesmo a restauração do aparelho para os padrões de fábrica retira os vestígios do Knox Configure. Aliás, nem mesmo a instalação limpa de um novo sistema, já que ele funciona a partir de uma base remota da Samsung, que conecta em nuvem a solução com o identificador único de um smartphone.
Consultando o site oficial da Samsung para o Knox Configure podemos observar mais algumas de suas funções não identificadas por olhos mais atentos nessa primeira etapa de configuração de um dispositivo.
A solução, em sua versão completa, permite ainda que a empresa por trás da administração daqueles dispositivos pode definir em que locais o aparelho não pode ser utilizado, assim como momentos em que eles seriam inoportunos. Em suma, o sistema remoto tem ainda acesso aos dados de GPS.
Após o grave episódio que fere completamente a privacidade do usuário doméstico, a Samsung e a Porto Seguro Cartões enviaram ao TecMundo uma resposta sobre o episódio, e destacaram que a versão fornecida aos smartphones vendidos pela seguradora se trata da Setup Edition, que seria capaz apenas de personalizar o dispositivo em sua configuração inicial.
Ou seja, em teoria, é como se a Porto Seguro pudesse instalar seus apps proprietários como já acontece quando compramos um dispositivo em loja de operadoras. A solução, porém, é mais preguiçosa, já que submete o usuário ao processo de personalização, ao invés de venderem os aparelhos com um sistema já customizado de fábrica.
Mas esse ainda não é todo o problema: apesar do discurso das companhias de que o Knox Configure - Setup Edition não se trata de uma ferramenta de gerenciamento remoto, na eventualidade de uma restauração de fábrica as políticas do produto podem mudar, permitindo uma série de alterações, o que é amplamente permitido segundo a documentação do produto.
Outras implicações ainda maiores de usar um smartphone com alguma versão do Knox Configure recaem sobre o possível valor de revenda caso o consumidor queira mudar de aparelho, já que não será nada atrativo a outros potenciais consumidores essa série de concordâncias arbitrárias que precisam ser feitas para o uso do dispositivo.
Há, ainda - quando estamos falando da versão completa da ferramenta - a necessidade do aval da companhia por trás do Knox Configure em liberar atualizações de sistema. Ou seja, se já é penoso aguardar atualizações oficiais de sistema das fabricantes, o processo fica ainda mais burocrático quando colocamos mais uma companhia nessa equação.
Apesar de haver um caso que envolve também o Santander, a instituição não retornou o contato do site que revelou o caso. Sobre o caso do comprador "texis", o aparelho foi desvinculado do Knox Configure da Porto Seguro após a divulgação do caso na mídia.
Os compradores que adquirirem aparelhos com essa ingrata surpresa precisarão ligar para o centro de atendimento corporativo da instituição ao qual o dispositivo está vinculado, para assim solicitarem a desvinculação da ferramenta, que acontece remotamente.
Conforme outros casos apurados, provavelmente será necessário enviar um e-mail para contatos que serão informados na ligação telefônica com os dados do smartphone, e então após uma nova restauração de fábrica, deverá ser possível utilizar o smartphone sem a necessidade de acatar políticas de terceiros.
Fica o aviso para quem o hábito de adquirir dispositivos através de programas de relacionamento de empresas com as quais possui contrato: tudo indica, cada vez mais, que não existe almoço e nem desconto grátis.
E você, o que achou desse episódio? O que faria se comprasse um smartphone e ele viesse vigiado por uma empresa? Conte para a gente nos comentários!
Celular mais rápido! Ranking TudoCelular com gráficos de todos os testes de desempenho
Celular com a melhor bateria! Ranking TudoCelular com todos os testes de autonomia
Nada de Black Fraude! Ferramenta do TudoCelular desvenda ofertas falsas
Microsoft destaca novos recursos na build 26100.1876 do Windows 11 24H2
Comentários