Um megazamento de fotos de brasileiros pode ter ocorrido nesta semana. Segundo especialistas da Solo Iron, da Solo Network, fotos de mais de 300 mil pessoas que estavam armazenadas em bancos de dados policiais estão expostos na Dark Web gratuitamente para uso em golpes.

O vazamento foi descoberto na última segunda-feira (4) pela equipe de Cyber Threat Intelligence (CTI) infiltrada em fóruns da Dark Web. Felipe Guimarães, chefe da equipe de cibersegurança da Solo Iron, explica o que ocorreu:

A gente viu em um dos grupos que a gente está infiltrado, quando alguém divulgou um dado massivo, mais de 350 mil fotos, de brasileiros. O anunciante, o criminoso que supostamente roubou esses dados, anunciou na Deep Web como fotos de documentos.

O lote vazado contém 354.344 fotos de brasileiros, um algoritmo de análise de imagem mostra que há dados de cerca de 300 mil pessoas, pois várias fotos são de uma mesma pessoa de vários ângulos.

Os agentes da CTI da Solo Iron destacam que os cibercriminosos ficaram muito interessados nos arquivos, pois as imagens podem ser usadas em fraudes financeiras (solicitação de crédito e criação de contas bancárias) e até para criar deepfakes, semelhante ao que ocorreu no final de outubro com o ministro Haddad.

A gente conseguiu baixar as 350 mil fotos. Essas fotos variam de fotos 3×4, igual a gente tira lá quando vai fazer o RG. E tem fotos também de delegacia. [Nelas], a gente vê o fundo da polícia de Espírito Santo, as pessoas autuadas, várias de frente, de lado e tudo mais.

Investigações preliminares indicam que as fotos são provenientes do banco de dados da Polícia Civil do Espírito Santo, provavelmente com muitas imagens de pessoas autuadas pela polícia.

Caso seja confirmado que as imagens foram extraídas por uma falha de segurança nos bancos de dados da Polícia Civil, as autoridades devem ser responsabilizadas, como é previsto na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que determina indenização por danos materiais e morais.

Para empresas que possuem serviços de crédito, esse tipo de coisa, redobrar a atenção em relação a fraudes. E para o público final, redobrar a atenção também de notificações de instituições financeiras.

Em resposta, o Ministério Público do Espírito Santo emitiu a seguinte nota:

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informa que, até o momento, não tem conhecimento de vazamento de fotos sigilosas por parte da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES). Caso seja oficialmente demandado ou constate irregularidades em relação ao assunto, serão adotavas as medidas cabíveis.

Por fim, Felipe Guimarães alerta que pessoas e empresas fiquem atentas para golpes financeiros, pois os criminosos podem usar as fotos para buscar mais informações sobre as pessoas na internet. Caso você suspeite de algo, entre em contato diretamente com a instituição financeira ou órgãos de proteção ao consumidor.