E se o seu smartphone só desbloqueasse quando você falasse com ele com jeitinho? Pesquisadores da Universidade Batista de Hong Kong desenvolveram um sistema de segurança que mistura senha tradicional e biometria que identifica o movimento dos lábios ao falar uma senha para fazer login em sistemas ou desbloquear dispositivos.

Chamado de “lip motion password” (“senha por movimento dos lábios”, em tradução livre), o sistema utiliza uma câmera para ler os lábios do usuário enquanto pronuncia a senha, que nem precisa ser, de fato, dita: apenas o movimento basta.

O professor Cheung Yiu-ming, chefe do grupo que desenvolveu a tecnologia, explica que é necessário que o usuário repita dez vezes a senha olhando para a câmera para que o sistema aprenda a identificar seus lábios e os movimentos. Depois, somente o dono do aparelho poderá desbloquear o dispositivo ou fazer login em serviços.

A mesma senha falada por duas pessoas é diferente, e o sistema de aprendizado é capaz de diferenciá-las. Um impostor seria rejeitado.

O professor Cheung, responsável pela criação do sistema de senha por leitura labial

Cada dedo da mão e dos pés de cada ser humano que já nasceu ou vai nascer tem uma impressão única. No entanto, é possível que um impostor copie esse padrão - ou até utilize uma foto - e se passe pela pessoa para acessar sistemas que utilizam a biometria digital.

Nesse caso, a vítima até pode trocar de dedo utilizado no acesso, mas nunca mais poderá voltar a utilizar a digital copiada, ou correrá o risco de que o impostor passe por ele novamente. E é aí que entra a vantagem do sistema de leitura labial.

O sistema de Cheung permite que o usuário mude a palavra pronunciada caso um impostor consiga replicar seu movimento labial. Assim, a tecnologia une o melhor que há no fator biométrico com uma senha que pode ser trocada periodicamente.

O “lip motion password” ainda funciona normalmente em ambientes com muito barulho, pois depende apenas da leitura labial para funcionar. E também transpõe barreiras linguísticas, funcionando em qualquer idioma do mundo, ou até mesmo barulhos ou palavras inventadas, observou Cheung.

Você pode usar inglês, cantonês ou mandarim tradicional... você pode até imitar um barulho de pássaro, se quiser.

A ideia é patentear o sistema para uso comercial nos EUA até o final de 2017. No entanto, há alguns pontos fracos, como era de se esperar. Um dele é o fato de precisar da luz para que a câmera consiga ler o movimento labial.

Outro é uma questão levantada pelo jornal chinês South China Morning Post, que Cheung não soube explicar: existe a possibilidade de que um impostor utilize um vídeo do usuário fazendo o movimento para acessar o sistema.