Android 18 Dez
Apesar da grande quantidade de pessoas que utilizam o Twitter com o único propósito de atacar grupos específicos, a empresa por trás da rede social tem sido incrivelmente lenta, e às vezes ineficaz, para lidar com abusos praticados por muitos de seus usuários.
Yair Rosenberg, um jornalista de origem judaica que recebeu uma grande quantidade de agressões e ameaças durante as eleições presidenciais estadunidenses de 2016 por parte de eleitores de Donald Trump, decidiu criar um bot que observa a ação de perfis conhecidos por assediar pessoas no Twitter
Ele havia recebido ameaças de morte diariamente, e alguns chegaram a fazer montagens com suas fotos em câmaras de gás usadas na Segunda Guerra Mundial. Não é preciso dizer o tipo de terror que isso desperta, não apenas em pessoas de origem judaica, mas a qualquer um preocupado com os grupos extremistas favoráveis à morte de grupos específicos.
Este bot, chamado Impostor Buster, foi resultado da demora do Twitter em tratar esse problema. Em parceira com o desenvolvedor Neal Chandra, que faz parte de um outro grupo étnico perseguido, eles desenvolveram o bot. Rosenberg afirmou que "em poucos dias, nosso Golem digital tornou-se um sucesso desenfreado, conquistando milhares de seguidores e numerosas publicações na imprensa".
Mais importante ainda, recebemos inúmeros agradecimentos por parte de vítimas.
Entretanto, mesmo com o sucesso em ajudar pessoas vítimas de abusos online, grupos de neo-nazistas se organizaram para reportar o bot e o Twitter suspendeu a conta. Mesmo com a Liga de Defesa Americana colocando ele em funcionamento mais uma vez, a rede social voltou a desabilitar o serviço.
Não existe nenhuma política contra o funcionamento de bots como este no Twitter. Mas a "desculpa" dada pela empresa foi: "Um grande número de pessoas bloqueou o bot em função de grande volume de conteúdo não-solicitado ou duplicado vindos da conta".
Rosenberg e seus seguidores acreditam que as pessoas por trás do Twitter simpatizam com os movimentos neo-nazistas, já que tem tomado o lado dos agressores.
Já faz um bom tempo que tentativas de inibir o preconceito têm fracassado, a ponto de um comitê recomendar que a empresa pague caro se não conseguir banir esse tipo de conteúdos da sua rede. Ainda este mês, o Twitter publicou novas regras que definem a proibição de qualquer tipo de manifestação de ódio. Mas o episódio do bot Impostor Buster mostra que os moderadores continuam pisando na bola.
Uma das medidas que foi bastante criticada foi o anúncio de que o Twitter puniria a disseminação de ódio simplesmente removendo o selo de verificação. Isso significa que perfis de pessoas famosas não receberiam punições severas, e um exemplo grave disso é que a conta de Richard Spencer, um conhecido líder neo-nazista, teve apenas esse tipo de "punição" - a remoção do seu selo de verificação.
Vale lembrar que movimentos neo-nazistas causaram a morte de uma pessoa recentemente, nos EUA, e a maioria das empresas reagiu banindo usuários simpatizantes dessas ideologias extremistas.
Mesmo que a empresa defenda ideais de liberdade de expressão, não é aceitável que exista espaço para crimes de ameaças de morte e manifestações abertamente nazistas.
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