14 Agosto 2015
O grupo terrorista conhecido como EI (Estado Islamico) está sempre à procura de lugares na Internet para compartilhar seus conteúdos, e redes sociais menos conhecidas acabam se tornando "reféns" da proliferação de usuários de língua árabe que as utilizam para postagens de imagens violentas e ofensivas.
Este foi o caso do site JustPaste.it, que foi criado pelo polonês Mariusz Zurawek, com a intenção de facilitar o compartilhamento na web. A rede não exige a criação de uma conta ou registro, o que facilita o anonimato. Ele funciona, de certa forma, de modo semelhante ao PasteBin.
Inicialmente, o site foi um grande sucesso, mas Zurawek em pouco tempo teve que lidar com a desagradável situação de encarar conteúdos gráficos de torturas e decapitações cometidas pelos militantes do EI.
As autoridades da comunidade internacional tem procurado rastrear os extremistas através da rede, mas o uso de sites menos populares torna a tarefa mais difícil. Governos enviam pedidos de remoção de conteúdo aos administradores das redes sociais e hackers ativistas, como os que utilizam o nome Anonymous, que promovem ataques contra as contas controladas pelo Estado Islâmico.
Um detetive do Comando Antiterrorismo da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, disse à BBC que observam plataformas e redes sendo criadas semanalmente, e afirma que os terroristas "pulam de plataforma a plataforma", sempre que os investigadores se aproximam. Os criminosos deixam nas redes mensagens dizendo que precisam ir para outro lugar, e se escondem de novo, ou seja, buscam outro site desconhecido.
Zurawek, o criador do JustPast.it, diz ter ficado muito triste com o ocorrido. Ele colaborou prontamente com os pedidos das autoridades para remoção dos conteúdos ofensivos, mesmo que a Scotland Yard não tenha jurisdição sobre a Polônia. Segundo o administrador do site, já foram removidos aproximadamente cerca de dois mil posts de teor violento ou terrorista, a pedido da polícia londrina.
O gabinete de Comunicações de Contraterrorismo Estratégico do Departamento de Estado americano é uma unidade que procura militantes islamitas nas redes sociais. Segundo Alberto Fernandéz, que comandava o gabinete, as redes sociais são uma ferramenta que o EI e a Al-Qaeda utilizam para marcar presença em um lugar sem governo.
Um novo site, chamado 5elafabook (pronuncia-se "khelafa-book") foi motivo de atenção da imprensa. Trata-se de uma rede social nos moldes do Facebook, que durou apenas um dia. Seu nome é uma referência à palavra árabe "khilafa".
Ainda não se sabe se o 5elafabook foi mais uma rede vítima do "sequestro" de extremistas, se foi criado por eles mesmos, ou pelas autoridades a fim de atrair os criminosos, e assim identificá-los.