27 Abril 2024
Uma das coisas que já se tornou mais comum entre usuários de smartphones é parar para checar suas notificações enquanto conversa com outras pessoas, quando se está num jantar ou mesmo enquanto assiste TV no sofá de casa ao lado da família. Isso sem contar a obsessão por verificar, o tempo todo, se alguém curtiu suas novas fotos durante uma reunião no barzinho ou mesmo numa festa com dezenas de pessoas.
O fotógrafo Eric Pickersgill observou este fenômeno enquanto tomava café da manhã com sua família e decidiu, a partir desta pequena ideia, criar arte com isso. Ele desenvolveu um projeto chamado Removed para mostrar o quanto os nossos smartphones podem atrapalhar em nossa construção social.
Uma família estava sentada ao meu lado num Illium café e, Troy, Nova York, e eles estavam tão desconectados um do outro. Não há muito para se falar. O pai e as duas filhas têm seus próprios telefones nas mãos. A mão, por outro lado, não tem ou optou por deixá-lo guardado. Ela olha para fora da janela, triste e sozinha, na companhia de sua família mais próxima.
Para ilustrar este fato cada vez mais triste e comum, Pickersgill decidiu fotografar pessoas utilizando seus smartphones ao lado de outras pessoas, e retirou os celulares das mãos delas na fotografia final, tentando, de alguma maneira, conscientizar o resto de nós sobre o que está acontecendo. O resultado chega a ser assustador à primeira vista, mas logo entende-se o quanto os smartphones podem nos desconectar do próximo.
A parte legal desse projeto é que o fotógrafo não utiliza nenhum programa de edição para remover os aparelhos das mãos dos usuários. Ele apenas pede gentilmente para que as pessoas permaneçam imóveis, do mesmo jeito em que estavam segurando os aparelhos, porém com eles guardados no bolso ou escondidos em algum lugar, apenas para ilustrar o fato de que, sim, os celulares podem atrapalhar nossa construção social o tempo inteiro se usado de maneira "incorreta".
Os resultados são realmente assombrosos, especialmente se notarmos que, geralmente, os smartphones acabam nos distanciando de pessoas próximas pelo simples fato de que um simples aplicativo ou outro acaba se tornando não mais interessante, mas talvez mais relevante quando se trata de "companhia".
As fotografias representam reconstituições de cenas que eu experiencio cotidianamente. Nós aprendemos a ler a expressão do corpo enquanto alguém está utilizando um dispositivo e quando esses significantes são ativados, é como se o dispositivo pudesse ser visto tomando forma física sem o objeto estar presente.
Existe um mundo incrível lá fora e talvez você esteja perdendo algumas oportunidades apenas porque decidiu ficar conversando pelo WhatsApp enquanto, possivelmente, acabou esquecendo as pessoas mais próximas. Um curta-metragem também foi montado para ilustrar o que Pickersgill tenta mostrar e você pode assisti-lo logo abaixo:
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