Ontem, o Facebook falou um pouco sobre como os usuários abusam da ferramenta de denúncias, que deveria ser utilizada para sinalizar discursos de ódio, preconceito e outros crimes, mas que acaba sendo utilizada pelos seus usuários como ferramente para tirar do ar qualquer página que discorde de você. A mais recente vítima deste problema foi a vlogueira Jout Jout Prazer que teve sua página retirada do ar no Facebook, supostamente, por um grupo de machistas organizado.

Na última segunda-feira, ela falou em seu Twitter sobre sua dificuldade em acessar a própria página: "Meu facebook foi desativado de vez agora. O q está acontecendo, Brasil? Alguma prank de quarta série? To velha, n entendo mais essas coisas".

Jout Jout Prazer foi excluída do site dois dias após a página Orgulho de ser hétero ser retirada do Facebook e uma semana depois de divulgar o vídeo Vamos fazer um escândalo na conta dela no YouTube. Outra página que defende os direitos da mulher e que foi removida do Facebook é a Feminismo sem demagogia.

O vídeo que você viu acima, tem mais de 970 mil visualizações. Nele a vlogueira critica as mensagens ofensivas direcionadas à garota Valentina, de 12 anos - participante do programa MasterChef Júnior, da Band. Jout Jout comenta o primeiro assédio sexual sofrido por mulheres que lhe escrevem e apoia o movimento #vamosfazerumescandalo, que intitula o vídeo. Julia Tolezano, conhecida como Jout Jout na rede, tem estimulado milhares de meninas com seus vídeos sobre a situação da mulher no dia-a-dia. A página “Jout Jout Prazer” já reunia quase 300 mil likes.

"O que eu sei é que rolou uma série de retaliações nas páginas feministas e esquerdistas desde que a Orgulho de ser hétero saiu do ar e acabou sobrando pra mim. Já entrei em contato com o Facebook e expliquei o caso. Agora tenho que esperar a resposta do site", contou Jout Jout em entrevista à Cosmopolitan.

A página “Orgulho de ser hetero”, notória por compartilhar conteúdo misógino, machista e homofóbico para mais de 2 milhões de seguidores, foi tirada do ar neste domingo depois de inúmeras denúncias. A resposta veio no mesmo dia. Além do retorno da “Orgulho de ser hetero” com a descrição “renascemos das cinzas, livres das cicatrizes, mais fortes e renovados”, grupos alinhados à ideologia da página uniram-se e tiraram do ar duas das páginas mais famosas entre os militantes feministas e LGBT: “Feminismo sem demagogia” e o da blogueira “Jout Jout Prazer” que havia sido endossada oficialmente pelo Google esta semana como uma campanha que deveria ser valorizada.

Para terminar essa disputa ideológica no Facebook, um evento chamado “Multirão Hétero” [sic] foi criado pelo usuário Mauro Graeff, convidando os internautas a denunciar e derrubar as páginas “Dilma Bolada”, “Travesti Reflexiva”, “Orgulho de ser heterofóbico” e “Quebrando o Tabu”.Segundo a descrição do evento (escrito com um L que não existe na palavra Mutirão): “Essa corja toda já derrubou ás páginas Orgulho De Ser Hetero, Bolsonaro Zoeiro Eu não Mereço Mulher Rodada !!! Olho por olho,dente por dente !!!”. O evento contava com 150 confirmados antes de sair do ar nesta tarde, junto com o perfil de Graeff.

No evento, os criadores instruíam a denunciar os posts militantes em geral como discursos de ódio, e as postagens feministas como assédio sexual. Segundo os padrões da comunidade do Facebook, são considerados discurso de ódio “conteúdos que ataquem pessoas com base em sua raça, etnia, nacionalidade, religião, gênero, orientação sexual, deficiência ou doença, sejam elas reais ou presumidas, não são permitidos. No entanto, permitimos tentativas claras de piadas ou sátiras que não tenham caráter de ameaças ou ataques. Isso inclui conteúdos que muitas pessoas podem considerar de mau gosto (por exemplo: piadas, comédia stand-up, certas letras de músicas populares etc.)”.