15 Maio 2017
Os cidadãos da Coreia do Norte podem utilizar os seus aparelhos móveis como um ato patriota para celebrar o dia do nascimento do fundador de sua nação.
Como parte de um esforço de propaganda estatal para homenagear o líder Kim Il-sung, a operadora norte-coreana Koryolink mudou seus números de telefone para combinar com a data de nascimento do estadista, 1912. Ou seja, foi adicionado um extra de dois para o dígito código de discagem padrão 191.
Kim Jong-il era designado "Líder Supremo" e também recebia pronomes de tratamento como "Querido Líder", "Comandante Supremo" e "Nosso Pai". Como é comum acontecer em regimes totalitários semelhantes, sua imagem era presente no dia a dia da vida cotidiana norte-coreana, em um culto ao fundador. Logo, não é de se espantar que números de chamadas telefônicas façam homenagem a Pai da nação - embora os estadistas antigos provavelmente iriam se admirar com o tipo de homenagem que a tecnologia poderia prestar.
Há cerca de 3 milhões pessoas que têm um telefone celular no país, que possui uma população de 24,9 milhões. Ou seja, o "ato patriota" é para uma minoria que pode comprar um aparelho. O custo pode ser até um quinto do salário anual médio de um norte-coreano e os usuários precisam de uma licença do governo.
Os contratos de telefone estão fornecendo uma valiosa fonte de moeda estrangeira ao país, que conduziu a um aumento em permissões do estado, de acordo com o Daily NK. Na Coreia do Norte, a Koryolink é a única operadora disponível e sua dona é a empresa egípcia Orascom. A área de cobertura se restringe à capital, Pyongyang, e cinco outras cidades. O aumento de usuários chegou a ocasionar a publicação de um "manual de bons costumes" de uso para os habitantes.
Embora os cidadãos não possam realizar chamadas estrangeiras, a rede de telefonia tem ajudado a economia interna em desenvolvimento, permitindo que, por exemplo, os comerciantes possam rastrear o frete e definir preços em todo o país mais facilmente do que antes. Apesar da restrição, muitos usuários conseguem contornar essa regra usando ilegalmente aparelhos chineses.
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