30 Outubro 2015
Que os smartphones lançados no mercado oferecem uma quantidade de memória inferior ao que é alegado pelas fabricantes não é novidade para ninguém. Quando você compra um celular com 16 ou 32 GB, por exemplo, é normal que uma pequena quantidade já venha ocupada pelo sistema operacional e os aplicativos nativos. Isso pode incomodar alguns, mas não chega a ser nada demais, exceto quando uma quantidade muito pequena de memória disponível é oferecida aos usuários.
A PROTESTE, órgão que cuida dos direitos dos consumidores, acredita que tal prática é abusiva. Quando alguém compra um celular com 16 GB de memória, o usuário deveria ter toda essa quantidade de espaço disponível. Em muitos casos chegamos a ver algo em torno de 25% a menos do que é anunciado pela fabricante. Sabemos que toda empresa parte desta prática, mas o PROTESTE resolveu abrir um processo contra Apple e Samsung por estarem mentindo nas especificações técnicas de seus aparelhos.
O órgão brasileiro foi além de meramente acusar tais fabricantes, mas também criou uma tabela que mostra o quanto de memória cada usuário acaba perdendo para o sistema do smartphone. O iPhone 6s de 16 GB vem com 14,7 GB disponível, o que mostra que você receberá 8% a menos espaço do que é ‘vendido’ pela fabricante. No caso do modelo com 64 GB, o espaço disponível fica em torno de 62,7 GB, representando uma perda de 2%. Já o modelo com 128 GB é o que oferece a maior quantidade livre com 126,7 GB, sendo, neste caso, apenas 1% do total ocupado pelo sistema.
No caso do iPhone 5S temos o seguinte cenário: modelo de 16 GB vem com 14,7 GB livre (8% sacrificado pelo sistema), modelo de 32 GB vem com 30,7 GB (4% a menos do informado) e o modelo de 64 GB vem com 62,7 GB livre (2% do total). Como pode ser visto, desconsiderando os modelos mais básicos do iPhone, os demais não demonstram uma perda considerável de armazenamento – o que acaba não sendo um problema tão crítico. Todavia, o mesmo não acontece com os smartphones da Samsung.
É de conhecimento de todos que a TouchWiz é uma das interfaces mais modificadas do Android e que Samsung é fissurada por recheá-la com recursos e bloatwares (aqueles apps nativos ditos inúteis por muitos). Com isso, já é esperado que uma boa quantidade de memória seja sacrificada para acomodar o sistema operacional. Como pode ser visto na tela abaixo, o Galaxy A3 e Galaxy A5 de 16 GB oferecem apenas 11,5 GB de armazenamento, o que representa uma perda de 28%! Realmente ter uma redução tão grande poderá ser irritante para muitos, mas este nem é o pior caso analisado.
O Galaxy S4 mini que vem apenas com 8 GB de memória e tem 2,61 GB ocupado pela TouchWiz, deixando apenas 5,39 GB para o usuário. Isso representa uma perda de absurdos 33%! Galaxy S5 com 16 GB oferece apenas 11,7 GB (27% a menos do divulgado) e o Galaxy S6 com 32 GB oferece 24,7 GB para o usuário (23% a menos do total). Como pode ser visto, a linha Galaxy consome, em média, 25% da capacidade do seu smartphone. Realmente é uma quantidade muito grande perdida, o que faz a PROTESTE ter razão em processar a fabricante por “propaganda enganosa”.
O PROTESTE abriu o processo com base no código de defesa do consumidor alegando que tais aparelhos apresentam problema de “vício oculto”. Como dito no começo da matéria, esta é uma pratica que pode incomodar muita gente, mas não é apenas Apple e Samsung que abusam dela. Por que será que o órgão não incluiu outras empresas do ramo? Se o processo chegar a acontecer, o PROTESTE espera que as fabricantes sejam mais honestas e informem exatamente a quantidade de memória disponível. No entanto, ainda não há uma previsão para a análise do processo.
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