Depois de um ano afastado do segmento top de linha, eis que o Google retorna com a linha Pixel 6 que estreia a plataforma Tensor feita em parceria com a Samsung. Os novos celulares da gigante das buscas prometem uma experiência superior ao Pixel 5 e tentam competir com Galaxy S21, iPhone 13 e Zenfone 8, modelos com hardware da Samsung, Apple e Qualcomm. Será que o Tensor tem potencial? E o Pixel 6, será um bom top de linha? Vamos descobrir.

O Pixel 6 vem em embalagem branca com uma parte da traseira do aparelho estampada na tampa. Além do celular você receberá:

• Cabo USB no padrão C dos dois lados
• Guia de uso
• Chavinha do SIM Card
• Adaptador para transferência de dados

O mercado de celulares pode até estar saturado de celulares parecidos, mas não podemos negar que o Pixel 6 é uma grande exceção. Não é todo mundo que será fã do seu design exótico com faixa horizontal que cruza toda a traseira para abrigar o conjunto fotográfico, mas é notável que o Google vem tentando fazer algo único.

A traseira possui dois tons de cores, independente da opção que você escolher. Há o modelo com dois tons de cinza, um voltado para verde e outro para coral. Em todas as opções, a faixa das câmeras é sempre preta. A traseira é feita em vidro liso com proteção Gorilla Glass 6 e as laterais são de metal. Há certificação IP68 para proteção contra água e poeira.

O Pixel 6 é um modelo mais compacto que o Pixel 6 Pro, porém ainda é maior e mais pesado que os rivais da Samsung, Apple e Asus. A localização do botão de energia pode ser um inconveniente para alguns, já que ela fica em posição alta acima da tecla de controle de volume. Pelo menos o leitor biométrico está integrado à tela e facilita na hora do desbloqueio independente de você ser canhoto ou destro.

Do lado esquerdo temos uma gaveta simples para apenas um chip, porém o Pixel 6 tem suporte a eSIM para que você tenha uma segunda linha. A parte inferior traz a entrada USB-C e dois cortes na moldura de metal para o alto-falante principal e o microfone de chamadas. No topo, temos apenas mais um microfone.

O novo celular do Google é compatível com Wi-Fi 6e, 5G, NFC e Bluetooth 5.2. Há suporte a carregamento sem fio com potência máxima de 21W, um pouco menos que a variante Pro que chega a 23W.

A parte frontal também é diferente do modelo maior. Enquanto o Pixel 6 Pro tem tela curva nas bordas, o Pixel 6 traz peça plana de vidro com proteção Gorilla Glass Victus. As bordas são mais largas do que gostaríamos, deixando evidente uma boa moldura ao redor da tela de 6,4 polegadas com resolução Full HD+ e taxa de atualização de 90 Hz.

O nível de brilho é alto e não fica distante do que temos no iPhone 13 e Galaxy S21. O painel AMOLED garante excelente contraste com preto perfeito e amplo ângulo de visão. Por padrão, as cores são bem saturadas, mas há um perfil para tom mais natural e próximo do considerado ideal pelos produtos de conteúdo.

A tela do Pixel 6 tem suporte a HDR10+ e reproduz conteúdo em HDR presente no YouTube, Netflix e Amazon Prime. A tela de 90 Hz possui apenas duas opções de velocidade: uma automática que muda entre 60 Hz e 90 Hz a depender do conteúdo e uma padrão que trava na velocidade menor para economizar bateria.

No topo da tela há o alto-falante de chamadas que serve como canal secundário para reprodução de som estéreo. A potência sonora é boa, ficando no nível do Galaxy S21, porém um pouco abaixo do iPhone 13. Podemos dizer o mesmo da qualidade sonora que apresenta bom equilíbrio entre graves, médios e agudos, mas o rival da Apple é melhor neste ponto.

O grande destaque do Pixel 6 está na estreia do Tensor, o primeiro hardware desenvolvido pelo próprio Google. Aqui temos a combinação dos processadores Cortex-X1, A76 e A55 da ARM, sendo um pouco diferente do Exynos mais recente da Samsung. Em nosso teste de velocidade focado no multitarefas, o Pixel 6 foi mais ágil que o Galaxy S21 e Zenfone 8, mas perdeu para o iPhone 13.

E nos benchmarks? Se você espera ver o Tensor competindo com o Snapdragon 888 pode acabar ficando um pouco decepcionado. Ele ficou 100 mil pontos abaixo do Zenfone 8, porém ficou no mesmo nível do Galaxy S21 no AnTuTu.

O Tensor é bom de jogo? Ele vem com a GPU Mali-G78, mesma que equipa o Exynos 2100, porém aqui traz mais núcleos gráficos para melhor desempenho em jogos. No PUBG e Call of Duty tivemos ótimo desempenho com a qualidade gráfica no máximo e todos os filtros ativados. Fica claro que o Tensor não fica devendo para o Exynos 2100 e nem para o Snapdragon 888 em jogos.

Bateria nunca foi o forte dos celulares do Google, e com o Pixel 6 trazendo apenas 4.614 mAh já esperávamos ver uma autonomia fraca como em seus antecessores. É aqui que um chip desenvolvido pela própria empresa faz diferença e o Tensor se mostrou bem econômico.

Em nossos testes tivemos melhor autonomia que os rivais da Samsung, Apple e Asus com duração que vai além de um dia em uso moderado. O que não empolga no Pixel 6 é o tempo de recarga que demora duas horas para chegar a 100%.

Uma carga rápida de 15 minutos recupera 24% da bateria e chega a 47% com meia hora na tomada.

O Pixel 6 possui apenas duas câmeras na traseira: a principal tem sensor Samsung GN1 de 50 MP e a secundária tem sensor de 12 MP, sendo o mesmo presente no Pixel 6 Pro. Já a câmera frontal de 8 MP foi herdada do Pixel 5.

A linha Pixel sempre teve como destaque o desempenho fotográfico e isso não mudou na nova geração. O Pixel 6 registra ótimas fotos em dias ensolarados com contraste na medida e ampla faixa dinâmica. As cores saem bastante vívidas e conquistará o público que curte fotos mais saturadas.

Principal | Ultra-wide

A nitidez é outro destaque da câmera do Pixel 6. O pós-processamento faz pequenos refinamentos para dar destaque a detalhes sutis nas fotos, enquanto outras fabricantes pecam neste ponto, como a Xiaomi. Até mesmo comparado ao iPhone 13 temos mais detalhes capturados de vegetação, especialmente da grama.

O Pixel 6 não possui câmera teleobjetiva, mas vem com atalho para zoom de 2x no aplicativo. O que ele faz é usar zoom digital com corte das bordas para dar a impressão de um zoom real sem grande perda de qualidade e o resultado é bom.

Noturno

Já a câmera ultra-wide não é tão ultra assim; o campo de visão é mais fechado do que nos celulares da Samsung e Apple. Apesar disso, a qualidade é similar à da câmera principal, apenas notamos um pouco de ruídos e leve suavização nas bordas. Uma pena é não ter foco automático para ajudar nas macros.

Macro

Desfoque

As fotos noturnas são ótimas e não apresentam perda considerável de nitidez e contraste. As cores continuam saturadas e há poucos ruídos visíveis. Claro que a ultra-wide já sofre mais neste tipo de cenário, mas isso é comum nos celulares avançados das outras marcas. O modo noturno ajuda a dar pequenos retoques nos detalhes e texturas, mas não espere uma mudança drástica.

Selfies

O modo retrato com a traseira apresenta pequenas falhas, mas a qualidade no geral é boa. Já com a frontal temos resultados melhores. Além disso, o Pixel 6 é bom de selfies, seja em dias claros ou mesmo em locais mais escuros.

A filmadora grava em 4K a 60 fps com a câmera principal e 30 fps com a ultra-wide. A qualidade das filmagens é muito boa, mesmo à noite. A estabilização é eficiente para lidar com tremidos e o foco é bastante ágil. O som capturado é estéreo, alto e limpo, mas poderia lidar melhor com o ruído de fundo.

O Pixel 6 marcou a estreia do Android 12 que vem sendo lançado para diversos aparelhos recentemente. Ele é sempre um dos primeiros a receber atualizações de segurança do Google e tem updates garantidos por vários anos. Porém, o Tensor traz algumas novidades em software que são exclusivas da linha Pixel.

A primeira novidade é o assistente de voz para digitação. O teclado do Google possui este tipo de recurso nativamente, mas o reconhecimento de idiomas e digitação é muito mais eficiente graças ao avançado chip de inteligência artificial. O assistente consegue trabalhar melhor com pontuações, diferente de outros sistemas de conversão de fala em texto.

Outro diferencial fica para a tradução em tempo real. Você pode usar o Pixel 6 para traduzir a fala de outra pessoa que esteja em algum dos idiomas suportados. Ainda são poucos no momento, mas Português está incluso. É possível até mesmo traduzir áudio de filmes ou noticiários passando a tradução para texto.

Será que o Google finalmente acertou na linha Pixel e temos um celular melhor que os rivais? Ele é mais rápido que o Galaxy S21, a bateria dura mais e tem câmeras tão boas quanto as do rival coreano. O que poderia ser melhor é a taxa de atualização da tela, já que 90 Hz é coisa de celular básico atualmente.

O da Asus também se destaca por ter tela de 120 Hz e som mais potente. O desempenho fica próximo, mas a bateria dura bem menos. As câmeras do Zenfone 8 são boas, mas o Pixel vence com imagens mais nítidas em muitos casos.

E o iPhone 13? A Apple ainda se destaca em velocidade mostrando que o iOS tem melhor otimização do que o Android. O modelo da Maçã perde em bateria, mas não em câmeras. E se ter 90 Hz em um top de linha já é inaceitável agora em 2022, imagina o iPhone 13 que ainda está preso nos 60 Hz.

Pontos fortes

• Tela com brilho forte e ótimas cores
• Som estéreo potente e de qualidade
• Desempenho acima de alguns rivais
• Ótima autonomia de bateria
• Boas câmeras

Pontos fracos

• Tela de 90 Hz
• Tempo de recarga