Depois de analisarmos o Galaxy Z Fold 4, chegou a hora de conferir outro recente dobrável da Samsung, o Flip 4. A novidade de 2022 não traz muitas mudanças comparado ao antecessor: temos o mesmo formato com dimensões parecidas, mesmas telas de antes, assim como conjunto fotográfico similar. A novidade fica para o processador que foi atualizado e a bateria que cresceu. Será que apenas isso é suficiente para justificar seu lançamento? Vamos descobrir.

O Galaxy Z Flip 4 vem em embalagem compacta e traz apenas o essencial em acessórios:

• Cabo no padrão USB-C nas duas pontas
• Manuais do usuário
• Chavinha para abrir gaveta do cartão SIM
• Película de proteção já aplicada na tela
• Carregador 25W a parte

Se você já era fã do design do Flip 3, então também vai curtir o novo Galaxy dobrável. A Samsung praticamente manteve o visual de antes e decidiu fazer apenas pequenas melhorias pontuais, como a estrutura de metal que agora usa um alumínio mais rígido e as duas peças de vidro na parte externa que agora possuem proteção Gorilla Glass Victus Plus.

Essas pequenas mudanças tornam o aparelho mais resistente e até mesmo as engrenagens foram aprimoradas para reduzir o desgaste no abre e fecha do dia a dia. A parte interna também recebeu pequenos retoques e agora apresenta uma moldura mais fina, o que ajuda a deixar o novo levemente mais compacto.

A tela principal continua protegida por uma película plástica, que você pode até removê-la, apesar da Samsung recomendar fortemente que ninguém faça isso. Enquanto ela ajuda a proteger a tela do Flip 4 de riscos e outros danos, acaba deixando um vinco no meio onde fica o mecanismo de dobra e isso pode ser um pouco irritante para alguns.

A Samsung também mudou o acabamento do novo Flip. Enquanto o antigo apresenta estrutura de metal fosco com traseira em vidro espelhado, neste temos exatamente o oposto, o que vai ajudar a diferenciar o aparelho nas prateleiras das lojas. Nas opções de cores agora temos violeta, preto, azul claro e rosê para escolher.

O Flip 4 possui certificação IPX8, assim como temos no Fold 4, o que significa que o aparelho pode ser molhado e até submerso por no máximo 1,5 m desde que não passe mais de 30 minutos embaixo d’água. No entanto, ele não possui resistência contra poeira como temos nos modelos da linha S22, então evite locais com areia para não danificar as engrenagens do aparelho.

O novo dobrável continua com apenas duas câmeras na parte externa e elas ficam na mesma peça de vidro que protege o painel externo e agora conta com proteção reforçada. Independentemente de qual cor você escolher, essa pequena parte sempre será na cor preta para ajudar a esconder a tela externa quando desligada.

A Samsung adicionou pequenos aros de metal ao redor das duas câmeras, o que faz com que fiquem um pouco mais saltadas com relação ao restante da traseira. O aro de metal nas bordas ao redor das duas peças de vidro também foi reduzido, mas o vão entre as duas partes do Flip segue igual.

Quando fechado, você verá os três microfones do aparelho, ficando um isolado no topo e mais dois na parte inferior ao lado da entrada USB-C e do alto-falante principal. Na lateral esquerda há a gaveta para um chip físico, mas com a possibilidade de ter duas linhas com eSIM. Do lado oposto temos o botão de volume e o leitor biométrico incorporado ao botão de energia que responde bem e de forma ágil.

Em conectividade temos tudo o que se espera de um celular top de linha: Wi-Fi de sexta geração, Bluetooth 5.2, NFC, conectividade 5G e carregamento sem fio.

A tela principal do Flip 4 possui 6,7 polegadas com pequeno furo para a câmera de selfies no topo, diferente do Fold 4 que adota uma câmera sob o painel. A tecnologia empregada no Flip é a Dynamic AMOLED 2x dos demais top de linha da Samsung e temos resolução Full HD+ com taxa de atualização de 120 Hz.

O brilho continua tão bom quanto o do antecessor. A tela maior do Flip é capaz de oferecer boa visibilidade em locais abertos ou muito iluminados. Há o recurso Brilho Extra que você pode forçar a luminosidade no modo manual, enquanto o HDR10+ permite turbinar ainda mais o brilho e as cores em vídeos com suporte a esta tecnologia, sendo encontrados em alguns serviços de streaming.

As cores nativas são ótimas mesmo com a saturação padrão do modo Vívido. Se você prefere algo mais próximo da realidade, há o modo Natural que remove a saturação. A tela vem por padrão no modo Adaptável que regula a velocidade do painel a depender do uso e reduz para menos de 60 Hz quando você não toca na tela por alguns segundos. Também há a opção padrão que limita a velocidade sempre a 60 Hz.

A tela externa do Flip 4 é a mesma do seu antecessor, um painel Super AMOLED de 1,9 polegadas com resolução de 260 x 512 pixels e taxa de atualização de 60 Hz. Ela também possui ótimo nível de brilho e garante boa visibilidade em qualquer situação.

O alto-falante de chamadas atua como canal secundário de áudio e assim temos som estéreo no Flip 4. Esse pequeno alto-falante no topo da tela entrega menor potência sonora e peca um pouco nos graves, mas a saída de som na parte inferior acaba compensando e no geral temos um bom equilíbrio sonoro para músicas e filmes.

Não há entrada para fones de ouvido, assim como no antecessor, então terá que usar fone Bluetooth. Há equalizador completo que ajuda a deixar o som ao seu gosto.

Assim como o Fold 4, o novo Flip também vem equipado com Snapdragon 8 Plus Gen 1, mas neste há apenas 8 GB de RAM, enquanto no modelo mais caro do Samsung temos 12 GB para uma melhor experiência multitarefas.

O novo Flip superou com folga o seu antecessor em nosso teste de velocidade, o que mostra uma boa evolução do Snapdragon 8 Plus Gen 1 comparado ao Snapdragon 888. Porém, por mais que ela tenha o mesmo hardware do Fold 4, o modelo mais caro da Samsung ainda foi mais rápido em nosso teste. Será pela diferença de RAM?

O mais curioso é que o Flip 4 também fica abaixo em benchmarks. No AnTuTu tivemos uma diferença de 200 mil pontos, o que pode indicar que o menor corpo do Flip sofre com dissipação térmica, o que impede do hardware alcançar todo o seu potencial, mas ainda assim supera o antecessor em testes sintéticos.

Em jogos temos o mesmo desempenho do Fold 4 e conseguimos rodar PUBG na qualidade gráfica máxima com tudo ativado e com ótima fluidez. No Call of Duty vimos o mesmo comportamento curioso do outro dobrável da Samsung; ao colocar na opção Ultra ele acaba reduzindo a qualidade gráfica para baixa. Demais jogos rodaram sem nenhum problema de fluidez ou bugs.

A bateria cresceu de 3.300 mAh para 3.700 mAh nesta geração. Esse é o mesmo tamanho que temos no Galaxy S22, mas no caso do Flip 4 a bateria foi dividida em duas partes. A boa notícia é que com o hardware mais atual tivemos uma redução no consumo o que ajudou a prolongar a autonomia com um aumento de 20% comparado ao antecessor.

Isso não quer dizer que o Flip 4 terá bateria para dois dias, mas aguenta o dia todo mesmo que você jogue um pouco. O carregamento evoluiu e agora suporta 25W contra apenas 15W do antecessor, o que o coloca em pé de igual com o Fold 4, porém abaixo do S22 Ultra que suporta 45W.

A boa notícia é que por mais que a bateria tenha crescido, o tempo de recarga caiu. Tudo bem que a diferença é pequena, mas é um avanço. O novo demora 1 hora e 23 minutos para recarregar. Com uma carga de 15 minutos terá um quarto da bateria para usar e metade dela com meia hora na tomada, o que já garante 10 horas de autonomia.

O conjunto fotográfico do Flip 4 é formado por duas câmeras de 12 MP na traseira, sendo uma com lente ultra-wide e uma interna de 10 MP para selfies. A primeira impressão que temos é que este é o mesmo conjunto do antecessor, mas a verdade é que o sensor principal mudou para um maior e as lentes são novas.

O Flip 4 captura ótimas fotos, como se espera de um celular top de linha. Há muitos detalhes registrados, cores próximas de realidade, poucos ruídos e alcance dinâmico eficiente que fica ainda melhor quando o HDR é ativado automaticamente.

Principal | Ultra-wide

A troca de sensor realmente deixa claro que o novo dobrável captura fotos mais nítidas e com melhores sombras, por mais que o sensor tenha a mesma resolução de antes. A ultra-wide, por outro lado, não mostra avanço e isso já era esperado diante do mesmo hardware do antecessor.

O software de correção de distorção de lente faz um trabalho decente, mas acaba deixando as bordas das imagens mais suavizadas. Fora isso, terá as mesmas cores, contraste e alcance dinâmico da câmera principal.

Retrato

A ultra-wide sofre mais ao fotografar à noite, mas ainda é capaz de registrar boas fotos. A principal sofre menos com perda de nitidez em locais escuros e faz bom uso do modo noturno que é ativado automaticamente. Há um pequeno ícone no canto inferior da tela para que você desative este modo, mas recomendamos deixar no padrão.

O Flip 4 não possui uma câmera dedicada para desfoque e acaba usando a ultra-wide para tal. A boa notícia é que não faz a menor falta ter uma câmera dedicada para profundidade e o software do Flip 4 faz uma excelente separação de planos sem comprometer nitidez ou as cores das fotos.

Noturno

Então temos selfies. A câmera interna captura imagens com a mesma qualidade do anterior, o que resulta em boas selfies com cores próximas da realidade, há poucos ruídos e contraste correto. Mesmo em selfies noturnas terá boas imagens, apesar do Flip 4, assim como outros da Samsung, sofrer com o brilho de pontos de luz no cenário.

Selfies

Se quer ter as melhores selfies com o Flip 4 então é melhor usar o aparelho fechado e fotografar com o conjunto externo. Além do sensor maior que captura mais luz e detalhes, terá também a ultra-wide para selfies em grupos. Até mesmo o desfoque natural gerado pelo conjunto resulta em melhores fotos que o desfoque de software da câmera interna.

Selfies conjunto traseiro

A câmera principal do Flip 4 captura vídeos em 4K até 60 fps, enquanto a ultra-wide e de selfies até filmam nesta resolução, mas apenas a 30 quadros por segundo. Há estabilização óptica apenas na principal e lida melhor com tremidos do que a estabilização digital disponível nas demais câmeras. A frontal captura bons vídeos e não sofre tanto com ruídos à noite. A captura de áudio é estéreo e de boa qualidade.

O Flip 4 vem com Android 12 e One UI 4.1.1, mesma versão presente no Fold 4, mas sem a barra de tarefas e os recursos extras da S Pen. O foco do Flip está na sua tela externa que pode ser customizada, usada como guia para as câmeras traseiras e também ler notificações e ter acesso rápido às configurações.

Quando você desliza para cima na tela externa terá acesso rápido ao Samsung Pay; ao deslizar para baixo poderá ativar ou desativar Wi-Fi, Bluetooth, modo avião, lanterna e regular o brilho da tela.

Ao deslizar para a direita terá acesso às notificações e para a esquerda encontrará os widgets de música, tempo, calendário, alarme, gravador de voz, temporizador e Samsung Health. Ao tocar duas vezes no botão de energia será aberta a câmera e você pode se guiar pela tela externa e alternar entre os modos de fotografia deslizando para a esquerda ou direita.

É possível customizar a aparência do relógio e demais elementos da pequena tela com vários avatares e temas que você pode baixar e modificá-los ao seu gosto. Fora isso, demais recursos do Flip 4 são os mesmos que encontramos em outros lançamentos recentes da Samsung.

O Flip 4 não possui rivais diretos no mercado nacional e ainda são poucas fabricantes que investem neste tipo de aparelho. Se você busca um celular dobrável no estilo flip, então não há muito o que escolher.

Agora se você está pensando se ele vale o seu preço, podemos listar uma alternativa com valor similar, como o Galaxy S22 Plus que possui tela com quase o mesmo tamanho e entrega brilho mais forte e som mais potente. O seu processador é mais antigo e entrega desempenho inferior no multitarefas, mas ainda é bastante ágil e roda qualquer jogo sem engasgos. A bateria dura quase o mesmo e recarrega mais rápido, enquanto as câmeras são ótimas.

Vale a pena pagar mais caro no Fold 4? Nele terá tela maior e melhor experiência multimídia com o extra de ter suporte à S Pen. Ele foi mais rápido em nosso teste multitarefas e tem mais RAM para segurar mais apps abertos em segundo plano. Sua bateria dura um pouco mais e recarrega mais rápido, enquanto a câmera principal é um pouco melhor e há zoom óptico. O problema é que custa quase o dobro para ter pequenos ganhos.

Pontos fortes

• Boa tela com brilho forte
• Desempenho na média
• Boa autonomia de bateria
• Ótimas câmeras

Pontos fracos

• Design não evoluiu tanto
• Ainda deixa vinco na tela
• Não tem suporte ao Samsung Dex