27 Janeiro 2014
Market Share
No final do ano passado, duas pesquisas balançaram o mercado mobile: ambas diziam que o Android já dominava nada menos que 80% do mercado mundial – clique aqui para saber mais. Agora, o especialista Charles Arthur publicou um artigo no The Guardian em que prova que isso não significa a dominação do Android no mercado de smartphones.
Em sua publicação, a qual ele se refere como um “guia” para entender o que os números trimestrais realmente significam, ele explica a diferença entre os resultados de participação de mercado e o que geralmente é entendido com isso. Segundo o autor, 80% de participação não significa que quatro a cada cinco proprietários de smartphones usam um Android.
Charles explica que o termo “participação de mercado” leva muita gente ao erro e que, na verdade, atualmente 51% dos smartphones usados nos Estados Unidos são Android, enquanto 40% dos aparelhos são iPhones.
Mas então... o que realmente significa?
Quando pesquisas de participação trimestrais são divulgadas, elas se referem especificamente ao que foi vendido naquele determinado período fiscal. O erro está na interpretação: quando as pesquisas são divulgadas, se fala em cota de mercado, o que não é errado, mas isso não leva em conta a base instalada.
A base instalada, por sua vez, traz a medida dos aparelhos que já estão em uso. Ou seja: para termos certeza do que é a participação real, seriam necessários cálculos entre o que já está na mão dos consumidores, o que foi vendido no período e, para ser ainda mais preciso, o que foi descartado na compra de um novo equipamento.
Outro problema: revendedores
Mais um elemento faz ruído nesse cálculo todo quando se trata de smartphones: ao contrário da venda de carros, por exemplo, em que as fábricas têm controle direto do que sai das concessionárias, no mercado de tecnologia não é possível ter certeza do que realmente já chegou à mão dos consumidores.
O que acontece é que os fabricantes vendem seus produtos para varejistas e operadoras, que só então revendem os aparelhos para os consumidores. Quando os fabricantes informam seus relatórios trimestrais, eles levam em conta os aparelhos “enviados” – e cada fabricante entende o “enviado” de uma forma diferente, porém, de uma maneira geral, ele é interpretado como o aparelho que foi registrado em um pedido de revendedor.
Então é possível que um aparelho não seja vendido depois dos relatórios e pode, até mesmo, encalhe nas prateleiras, mas no relatório trimestral o que terá constado é o número “enviado” e não o número efetivo de aparelhos que chegaram à mão dos consumidores.
O grande lance aqui é que, para os especialistas, isso geralmente não faz tanta diferença – e o histórico do mercado já mostrou que o número de aparelhos “enviados” acaba ficando muito próximo do numero final de vendas. Como exemplo de exceção, Arthur cita o HTC First, aparelho que trouxe o Facebook Home como tema principal, mas que acabou não decolando.
E agora?
Além disso tudo, o autor ainda cita uma série de variáveis que podem alterar o eu realmente cada pesquisa significa. Arthur também fala sobre o crescimento do próprio mercado, o que pode alterar a percepção sobre as vendas: “eu vi alguns gráficos que dizem que a Apple vendeu 50% dos tablets e, agora, vendeu apenas 30%. Isso significa que ela está vendendo menos tablets, certo? Não. E se o número total de vendas dobrou?”. Na prática, isso significaria, na verdade, que ela está vendendo mais do que no ano passado.
Arthur ainda reforça: “Se você não tem os números absolutos, você não sabe o que está acontecendo”. Isso não quer dizer d forma alguma que as famosas pesquisas feitas por período sejam descartáveis, porém, é preciso levar muito mais em conta do que isso para saber o sucesso real de um produto ou sistema operacional no mercado.
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