A Fox foi uma das primeiras operadoras de canais fechados a apostar em uma solução que desvinculasse a assinatura de televisão para permitir o acesso ao seu conteúdo. Assim, por uma mensalidade, era possível que qualquer um acessasse os canais e conteúdos da companhia, via Fox Play.

Algumas alterações na sua estratégia de mercado, porém, têm irritado diversos assinantes, e até as próprias empacotadoras: não faltaram notícias em portais especializados indicando que a empresa pressionou fortemente NET, Sky e diversas outras visando a inserção nos últimos anos dos seus canais premium voltados para séries, em acirramentos que quase retiraram FX, National Geographic e diversos outros da Sky.

Pois bem, com vitórias acumuladas, a companhia conseguiu emplacar o Fox Premium 1 e 2 nas principais operadoras do país. Pela primeira vez o Brasil experimenta um conceito de canais de séries em sistema pay-per-view ao invés deles virem com em pacotes com diversos outros.

Os canais se destacam principalmente pela exibição de séries alternativas de forma legendada e sem intervalos comerciais. Há uma forte aposta também em conteúdo nacional, com os canais sendo a primeira janela de transmissão de Me Chama de Bruna, que adapta as histórias de Bruna Surfistinha, popularizada com o filme interpretado por Déborah Secco.

Um grande problema, porém - conforme alerta o portal VcFaz - é que nos últimos meses a empresa tem colocado em prática a mesma pressão que fazia com as distribuidoras agora com clientes. Isso porque o conteúdo dos canais principais da companhia - Fox, FX e Fox Sports, por exemplo - está sendo prejudicado em detrimento da expansão da base pelo pacote PPV.

E como isso está sendo feito? A gente explica.

Para início de conversa, o Campeonato Espanhol, até então prometido para ir ao ar pelos canais Fox Sports, foi subitamente migrado para o Fox Premium 1. A decisão pareceu fazer pouquíssimo sentido, já que a Fox possui dois canais exclusivamente esportivos, e repentinamente migrou um evento aguardado pela audiência para um canal focado em séries.

Como se isso não fosse suficiente, recentemente o grupo havia decidido por acabar com a tradicional transmissão simultânea de The Walking Dead no canal principal para exibi-la no Fox Premium também. Assim, os assinantes do canal Fox regular somente assistiriam a série no dia seguinte.

Neste episódio, porém, a empresa voltou atrás e manterá a transmissão também no canal mais "simples". Porém também levando ao ar via PPV.

Finalizando, American Horror Story - um dos principais produtos do FX - era tradicionalmente exibido às 0h das quarta-feiras durante o segundo semestre. Curiosamente a programação em 2018 foi alterada, e a série foi jogada para as 16h de quinta, com reprise exclusivamente às 3h de quarta. E, apesar de não ser transmitida nos canais PPV, a gente explica qual a relação dela com o pacote.

A mudança do horário não seria o maior problema se o Fox Play funcionasse como todas as outras soluções do mercado funcionam. Afinal, se você tem um canal na TV e esse canal possui um portal de streaming, você consegue ter acesso ao conteúdo sem complicações. Vide o Telecine Play, CN Go e diversos outros. Porém, para assistir os principais produtos da companhia na hora que quiser, o assinante obrigatoriamente precisa comprar o adicional Fox Premium.

Sem isso, no máximo é possível assistir aos canais ao vivo e episódios antigos de séries selecionadas, sendo que o mais atual somente poderá ser acessado por quem possuir a assinatura adicional.

Ou seja, a estratégia de mudança de horários soa como uma forma de, mais uma vez, empurrar o pacote, e parece que se tornará prática: a segunda temporada de The Gifted será transmitida no mesmo horário a partir de 26 de setembro, só que pela Fox.

No final, os indícios apontam que o conglomerado não só pressiona os clientes até onde pode para que comprem o adicional, como ao mesmo tempo despreza seus produtos principais que, vale lembrar, já são pagos pelo assinante, já que não são transmitidos via rede aberta.

Esse é, ainda, um precedente curioso de mercado, pois desde que se iniciou o movimento por plataformas de vídeo por parte das emissoras brasileiras não vimos nenhum modelo de cobrança dupla: a própria HBO disponibiliza seus filmes e séries se você for assinante dos canais. Se não for, aí sim poderá optar por pagar uma mensalidade.

Vale lembrar, a Fox ainda engatinha nesse sentido por aqui: a Netflix é unânime da preferência do público, seguida pelo Globo Play. Com tantas burocracias para o acesso pleno da sua solução, não parece que ela subirá no ranking tão prontamente.

E você, é assinante da Fox? O que acha das novas políticas da empresa para emplacar o Fox Premium? Conte para a gente nos comentários!