A Brisanet arrematou lotes de frequência do 5G no Nordeste e Centro-Oeste do Brasil no início de novembro. O valor pago pelos lotes impressionou, visto que a tele desembolsou R$ 1,2 bilhão, sendo que o valor inicial era de R$ 9 milhões, um ágio de 13.741%.

Agora o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, explicou em uma entrevista para o portal TeleSíntese porque a Brisanet investiu um valor tão alto no leilão do 5G.

Nogueira diz que a principal justificativa para o investimento é a ausência de um operador neutro de telefonia celular no Brasil, pois levar a conexão à diferentes regiões será muito mais difícil somente com fibra óptica, pois o 5G será essencial para os serviços que estarão disponíveis para a população em 4 ou 5 anos.

Dentro de quatro a cinco anos, vão existir centenas de serviços que trafegarão em cima de infraestrutura de fibra e de 5G. As duas infra são complementares. Entendemos que possuir essas duas infraestruturas é extremamente relevante para perpetuar o negócio.

Dentre os serviços podemos citar soluções de computação em nuvem para empresas, a popularização cada vez maior de serviços de streaming de música em alta qualidade e vídeo em resolução 4K, além do mercado de jogos em nuvem como o Xbox Cloud Streaming, que demandam conexões de alta velocidade e baixa latência.

Dessa forma, a Brisanet combinará o 5G e a fibra óptica para levar seus serviços a mais clientes. É estimado que pelo menos 15 mil municípios do Nordeste sejam cobertos com 5G, no Centro Oeste o número pode ser ainda maior, com a conexão chegando até mesmo a cidades pequenas com menos de 30 mil habitantes.

Falando da frequência de 3,5GHz, que foi arrematada pela Brisanet, o CEO afirmou que ela é essencial para a prestação de serviços no futuro:

Pensando no cenário dentro de 3 a 4 anos, será muito difícil uma empresa fazer um atendimento completo sem o 3,5 GHz. A entrega dos produtos contará com a fibra e o 5G. Quem tem só fibra vai estar com desafio muito maior para permanecer no mercado. Será um desafio muito grande prestar serviço sem o 5G, a mobilidade vai ser cada vez mais exigida. As duas tecnologias serão as mais exigidas.

Quem comprou frequência vai fazer um redesenho do plano de negócio. E quem não comprou vai ter que fazer um redesenho, considerando que em quatro anos as duas tecnologias precisam estar juntas para entregar os serviços que as pessoas querem consumir.

Dessa forma, podemos esperar grandes mudanças no mercado de telefonia nos próximos anos, com mais qualidade em áreas que atualmente tem sinal mais fraco ou até mesmo inexistente. Isso deve ser feito com apoio da faixa de 2,3GHz.

Vamos conseguir uma penetração melhor indoor associada ao 2,3 GHz. Com esta frequência, reduziremos os sites pela metade.

Finalizando, o CEO praticamente afirma que o futuro das redes móveis no Brasil será constituído de conexões mistas, combinando tecnologias como fibra óptica e redes de 2,3 GHz e 3,5 GHz.