Economia e mercado 08 Mai
Pressionado pelo órgão antitruste da Índia, o Google firmou acordo com a Amazon para permitir que suas fabricantes parceiras adotem os sistemas operacionais de ambas as companhias em seus televisores — Android TV e Fire TV OS, respectivamente. As informações foram divulgadas por fontes do site Protocol nesta quinta-feira (27).
A Comissão de Concorrência da Índia publicou uma nota para denunciar a prática anticompetitiva do Google, que impedia fabricantes de smart TVs de utilizarem o software da Amazon, caso tivessem uma licença do Android. Agora, a gigante varejista revelou que a TCL será a primeira empresa a lançar um modelo com Fire TV OS.
Conforme explicado na reportagem da mídia norte-americana, o Google exigia que as fabricantes parceiras assinassem um documento confidencial, o Android Compatibility Commitment (“Compromisso de Compatibilidade do Android” em tradução livre), que impedia as empresas de utilizarem “ramificações” do Android, como o Fire TV OS.
Caso uma empresa não cumprisse os termos do contrato e lançasse um produto com Fire TV OS, o Google poderia revogar os direitos de uso de seus serviços. A cláusula atingiria qualquer dispositivo — seja um celular, tablet ou relógio inteligente — do portfólio da companhia que utilizasse o Android, o que causaria sérios prejuízos.
A TCL, como exemplo, possui um vasto portfólio de celulares que executam o Android, além de televisores com Google TV. Caso lançasse um produto com sistema operacional da Amazon, seus dispositivos perderiam acesso ao Google Play Services. O único sistema operacional alternativo que a chinesa utiliza é o Roku TV, que não possui o núcleo do Android.
O Google tentou defendeu que o propósito do documento era evitar a fragmentação de sistemas operacionais. “A Amazon também passou por dificuldades significativas em encontrar parceiros para fabricar smart TVs executando seu Fire TV OS”, argumentou a subsidiária indiana da big tech, sem convencer a Comissão de Concorrência da Índia.
Nosso foco como plataforma é fornecer experiências de software consistentes e seguras para usuários e desenvolvedores, em todo o nosso ecossistema de dispositivos parceiros. Se um dispositivo é incompatível, não podemos garantir que os aplicativos no Android funcionarão de forma confiável, o que poderia colocar a segurança do usuário em risco.
Porta-voz do Google
O porta-voz da empresa disse ao Protocol que as fabricantes ainda são livres para construir, distribuir e comercializar quaisquer dispositivos baseados em Android, mas é necessário garantir que o software é totalmente compatível com o ecossistema do Google, algo que, segundo a matéria, daria pouco espaço para personalizações de terceiros.
Por mais que o acordo seja um indicador que a concorrência nesse segmento terá mais equilíbrio, pessoas familiarizadas com o assunto não acreditam que o Google — constantemente envolvido em processos antitrustes — irá manter o cenário tão favorável para as empresas rivais por muito tempo.
“É mais provável que [o Google] esteja sentindo os olhares dos reguladores federais em suas práticas anticompetitivas, e estão escolhendo as batalhas em que querem se envolver para evitar riscos desnecessários de manchetes”, disse uma fonte.
Qual é a sua opinião sobre o assunto? Comente abaixo!
Comentários