
Economia e mercado 04 Ago
Escuto muita gente comentar que gostaria de ter um iPod atualmente pela possibilidade de ouvir suas músicas sem as distrações que o smartphone oferece, buscando por uma nostalgia de quando tudo era “mais simples”.
Claro que essa simplicidade se deve a capacidade de ter produtos com uma única finalidade, como era o caso do iPod (pelo menos, é o que eu espero).
Afinal, lembrar de todo o processo de ter suas músicas no computador e depois transferi-las para o iPod pode gerar calafrios. Hoje, com os serviços de streaming, tudo ficou mais fácil.
Mas e se existisse um iPod atual, compatível com os serviços de streaming; aí nós teríamos o melhor de todos os mundos, não?
Se tirassem todo o trabalho que existia antes para passar as músicas e lançassem um modelo atual do iPod Classic ou até do Nano, eu juro que a ideia poderia me interessar. Seria o aparelho ideal para sair na rua ouvindo música sem precisar carregar o trambolho que as vezes é o smartphone.
Fora a segurança. Infelizmente, tratando de Brasil, o risco de “perder” o celular passa não só pelo valor real do aparelho, mas também do agregado – já que pode envolver aplicativos financeiros. A ideia de colocar em risco um dispositivo mais barato e que não carrega nenhum dado sensível é tentadora.
Seria ainda um ótimo dispositivo para me livrar de distrações. A única navegação seria pelas longas playlists e pelas miniaturas das capas dos álbuns. Até por conta disso, não gostaria que esse suposto relançamento atingisse o iPod Touch.
Mas não vamos ignorar o elefante branco no centro da sala. Toda essa experiência poderia ser emulada desativando todas as notificações do celular e, para quem quer ir além, desinstalando todos os apps; deixando apenas o app do streaming instalado. Certo?
Mais ou menos. Claro que os smartphones entregam hoje, em funcionalidade, muito mais do que qualquer iPod entregou, e realizar uma espécie de downgrade seria a resposta mais fácil e mais barata.
Porém, as coisas não são tão simples assim. Há de se concordar que os smartphones são verdadeiras máquinas do vício. Afinal, quantas vezes você já desbloqueou seu celular e percebeu que não tinha nada para fazer ali? Redes sociais e outros aplicativos são verdadeiros caça-níqueis.
Então, pensando por esse lado, um eventual revival do iPod poderia soar interessante, não?
Em comunidades de nicho espalhadas pela internet, como de audiófilos, de pessoas que buscam um uso mais consciente da tecnologia e de pessoas que pregam [um suposto] minimalismo digital, a volta do iPod já é algo real – só não da forma que você deve estar imaginando.
Nessas comunidades – que em grande maioria são estrangeiras, algumas pessoas estão “revivendo” seus iPods ou até adquirindo usados, já que a Apple descontinuou definitivamente o último iPod em 2022; o Touch de 7ª geração.
Mas não pense que essas pessoas se limitam a viver a geração passada.
Para quem não tem a sorte de encontrar um desses aparelhos em pleno funcionamento ou quer dar uma tunada no seu dispositivo, existe todo um mercado de peças secundárias na internet que dá suporte a essa “nova” comunidade.
É possível trocar a tela, wheel e cor da carcaça, adicionar mais bateria e mais armazenamento, adicionar Bluetooth e WiFi, e até mudar o sistema original por um open source, que permite – inclusive – adicionar músicas ao dispositivo sem a necessidade do iTunes.
Ou seja, um movimento orgânico que traz para a atualidade uma linha de produtos que teve sua primeira geração lançada em outubro de 2001, pelas mãos do próprio Steve Jobs.
Interessante, para dizer o mínimo.
Mas vamos a realidade. Analisando os últimos movimentos da Apple dentro do mercado, afirmar que a empresa irá lançar um iPod Classic renovado em 2024, ou nos próximos anos, pode ser considerado uma loucura.
Os iPods foram um ponto necessário – para não dizer essencial – para que o primeiro iPhone fosse lançado lá em 2007. Afinal, os iPods ajudaram a consolidar a empresa, tirando a imagem de ser uma companhia de nicho, e, muito provavelmente, tiveram sua parcela de ajuda na miniaturização de alguns componentes.
Mas o lançamento do iPhone foi o início do fim da história dos iPods. Os smartphones da marca canibalizaram a linha de produtos, tornando-os praticamente obsoletos, inúteis.
Claro que a Apple poderia lançar um produto de nicho, como de fato seria um novo iPod. Um dispositivo dedicado a reprodução de músicas, com DAC avançada e com compatibilidade total com tudo o que a empresa oferece em áudio atualmente, do Lossless ao áudio espacial.
Mas mais uma vez, isso poderia ser canibalizado facilmente pelo próprio iPhone. Afinal, qual seria o sentido de ter o combo de iPhone + iPod? A pergunta envelheceu, mas pode estar ganhando novas respostas.
Eu, você, e praticamente todos que conhecemos tem um fator em comum: todos nós temos um smartphone onde estamos disponíveis quase que 24 horas por dia e onde há uma luta por nossa atenção.
Há quem diga, por exemplo, que é chique simplesmente parar de compartilhar tanto da própria vida e, em uma viagem, apenas aparecer em um novo lugar. Abre um questionamento, inclusive, sobre a necessidade de estar sempre compartilhando – e mais do que isso, consumindo o que está sendo compartilhado.
A busca por um novo iPod carrega semelhanças ao movimento de procura por feature phones – celulares básicos que trazem pouquíssimas funções. E ambos, entre outros pontos, perseguem uma coisa em comum: ficar mais tempo offline, presente no mundo real; uma posição que tem sido vista por muitos como um novo luxo.
Esses movimentos podem ser reflexo do anseio de alguns de fugirem um pouco do vício do smartphone, da necessidade de respirar ao não sentir que está sendo pressionado a consumir ou de ser o próprio produto.
Mas, pelo menos para mim, é bastante claro que o lançamento de um novo iPod não vai responder a esse anseio. A busca por trazer tempos “mais simples” pode ser apenas a manifestação da insatisfação com a realidade. Então, posso afirmar que a solução está em outro lugar.
Claro que nem tudo é tão simples e nem tão complexo quanto parece. Às vezes, tudo o que você quer é um tocador de músicas, mesmo, e sente saudades apenas de carregar seu iPod para onde quer que vá.
Nesse caso, reviver seu iPod antigo ou comprar um dispositivo usado pode ser uma ótima opção para ter um consumo de tecnologia mais consciente. E se você for um entusiasta, trazer o dispositivo para 2024 com componentes novos pode ser um ótimo hobby por um tempo.
Mas se você não tem essa vontade, tudo bem. Enquanto a Apple não lança um novo iPod, algumas outras marcas “já saíram na frente” e comercializam seus próprios players de música.
Boa parte desses modelos são voltados a um público mais exigente, então costuma trazem DACs integradas que em conjunto com bons fones podem entregar uma qualidade sonora superior. Também por conta disso, não costumam ser baratos – mas também, como se a Apple fosse lançar um novo iPod a preço de banana.
Para citar alguns desses dispositivos, temos o Hiby Digital M300, o Sony WM1ZM2 e Sony Walkman A100, Shanling M0 Pro, Sandisc ClipJam, HiFi Walker H2, FiiO M11S, entre outros... alguns deles, inclusive, com suporte a aplicativos de streaming – já que rodam versões do Android.
Eu, particularmente, não tive acesso a nenhum desses aparelhos e não posso atestar a qualidade deles. No entanto, há uma imensidão de conteúdo sobre alguns desses modelos na internet, tanto de criadores estrangeiros, como nacionais.
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