
Economia e mercado 03 Out
13 de outubro de 2023 0
Uma das principais operadoras de TV por assinatura via satélite em atividade no Brasil, a SKY pertence à Vrio Corp., assim como a DGO, e foi comprada pelo argentino Grupo Werthein no ano de 2021.
Agora, o grupo planeja expandir os seus serviços no país, com foco nos serviços de conectividade em fibra óptica e na chamada Nova Parabólica, com funcionamento na nova Banda KU. Sem falar no aprimoramento do serviço de televisão via streaming.
Para saber mais detalhes sobre os planos da companhia, o TudoCelular entrevistou o presidente da SKY Brasil, Gustavo Fonseca. O executivo dá detalhes sobre a conversa do presidente da Vrio, Dario Werthein, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na última semana e como o governo brasileiro poderá contribuir para esta fase de expansão.
Ele também acrescenta que pretende levar a SKY Fibra a mais mercados até o final deste ano, mas com um foco bem definido neste negócio. Além disso, explica quais serão os benefícios da implantação da Banda KU para o serviço da Nova Parabólica.
Para completar, comenta os demais serviços do Grupo Werthein que pretendem trazer ao Brasil, fora do setor de telecom, porém com integração e apoio da SKY no que for possível, bem como as expectativas para o mercado brasileiro de telecom, principalmente com as redes neutras como um fator promissor. Você pode conferir a entrevista na íntegra a seguir. Aproveite também para deixar o seu comentário no espaço abaixo do texto.
“Eu estou presidente da SKY desde maio [de 2023]. Estou na empresa há oito anos. Já passei por algumas posições antes de chegar à presidência. Estive em área de analytics, de estratégia e de marketing. E até maio deste ano, estava como CMO do grupo todo, SKY/DirecTV para a América Latina. E um pouco antes disso, fui o responsável pelo lançamento do que então a gente chamava de DirecTV GO, agora DGO, no Brasil e na Argentina. E toquei o negócio para os outros países. Uma experiência entre Brasil e América Latina, nos vários produtos da empresa.”
Gustavo Fonseca
Presidente da SKY Brasil
“O Dario Werthein esteve com o vice-presidente e ex-governador, Geraldo Alckmin. A conversa foi obviamente uma busca de aproximação com o Estado brasileiro. O Grupo Werthein tem muito interesse em crescer para além das fronteiras naturais. Nós temos uma participação importante em muitos negócios na Argentina. Foi uma conversa que tratou tanto de oportunidade de crescimento como algumas pautas que a gente considera relevantes para a sustentabilidade dos negócios que já temos no Brasil, notadamente a SKY. Do ponto de vista de crescimento, o Dario compartilhou com o Alckmin a nossa intenção de crescer no negócio de conectividade no Brasil. Tem distintas maneiras de fazer isso no Brasil, mas a intenção clara de a gente participar desse negócio de conectividade no Brasil, para além do negócio em si, tem todos os efeitos sociais, de a gente conseguir conectar mais pessoas no país. Para a gente da SKY é um negócio mais ou menos óbvio, porque a gente tem clientes espalhados por todo o Brasil, em lugares muito diferentes. Não é só nos centros urbanos. Então, faz muito sentido a gente crescer nesse negócio de conectividade.”
“O grupo tem também a intenção de fazer alianças no Brasil para outros negócios que a gente tem na Argentina. Por exemplo, tem um negócio de seguros muito forte. Razão pela qual a gente recentemente fechou um acordo importante com a Zurich no Brasil, através dessa empresa de seguros. Fizemos um acordo, que a gente chamada de ‘guarda-chuva’, para o sistema de seguros.”
“A gente também tem a intenção de crescer na distribuição de vídeo através de streaming. Fomos lá comentar com o vice-presidente que vamos investir nisso. Toda a plataforma tecnológica que a gente usa hoje para o DGO, para o Brasil e a América Latina, fica no Brasil. Digamos assim, os cérebros por trás disso e toda a infraestrutura ficam no país. Tem um dado interessante que, quando o vice-presidente Alckmin era governador de São Paulo, ele nos ajudou lá atrás, com incentivos para a gente construir um centro de transmissão novo em Jaguariúna, que hoje é também a sede de onde a gente faz a transmissão do DGO para toda a América Latina.”
“Tem toda essa agenda positiva de crescimento e tem a agenda que o Estado pode apoiar, que é a redução de assimetrias. A gente tem uma pauta em que achamos que hoje as condições de mercado da televisão paga tradicional e do streaming estão muito assimétricas. Tanto no ponto de vista de regras regulatórias, como no ponto de vista tributário. Todas essas pautas, a gente compartilhou. Ele é um dos melhores políticos que a gente tem no Brasil hoje no ponto de vista de administração pública. Claramente, muitos anos de experiência no governo de São Paulo, mais tudo o que já está aprendendo na vice-presidência. Muito sensível, demonstrou bastante interesse, conhece muito do negócio. A conversa foi ótima e basicamente está pautada nesses dois temas: agenda de crescimento e redução de assimetrias dos mercados que a gente já opera hoje.”
“A gente tem hoje acordos assinados em funcionamento com a Fibrasil e a American Tower. Esses dados são públicos, aparecem na Anatel. Temos quase 20 mil clientes já com a nossa conexão de fibra. Estamos operando em aproximadamente 200 cidades. E a nossa intenção é chegar a acordos com outras empresas de infraestrutura ainda este ano e fazer uma expansão do número de cidades, para chegar mais perto de 500 cidades até o final do ano. O nosso foco tem sido buscar acordos com empresas que tenham capacidade e ociosidade, para cobrir os nossos clientes existentes. Para a gente, é muito importante ter certeza de que a gente está operando em regiões onde temos um pouco mais de concentração de clientes, porque o mercado é duro, é difícil.”
“Não temos a intenção de competir em preço. Nossa intenção é complementar a oferta dos nossos clientes existentes, pós-pago e pré-pago. E a gente tem focado nessas cidades onde temos uma participação de mercado mais relevante. A cidade de São Paulo, por exemplo, não é uma prioridade. Mas pegamos uma cidade como Manaus (AM), São Luis (MA), Palmas (TO), são cidades onde temos bases bem sólidas e vamos procurar crescer a nossa operação de fibra nessas cidades.”
“Eu acho que vale a pena um esclarecimento. A SKY não opera diretamente a Nova Parabólica. A gente tem uma divisão da empresa, que presta serviços de transmissão de sinal. O TVRO é um serviço que usa a mesma infraestrutura, mas tem outra regulação, diferente do SeAC. O que a gente colocou de pé? Inclusive, o nome produto é a ‘Nova Parabólica’. Em novaparabolica.com.br, você vai chegar lá. Nós classificamos o nosso satélite como um possível provedor desse serviço de Nova Parabólica, em competição com o satélite da Embratel, de forma que os usuários de parabólica tradicional que mudem para a Banda KU tenham a opção de apontar para um satélite ou outro, o mesmo equipamento, qualquer que seja ele.”
“O diferencial mais importante é o seguinte: quando um cliente aponta a antena para o nosso satélite, ele passa a ter a alternativa de, em fazendo uma recarga, se tornar um cliente pré-pago da SKY. Então, a gente acredita que isso dá uma flexibilidade para o usuário de parabólica que ele nunca teve. Ele tinha lá a parabólica, pega os sinais que estavam abertos. Mas para ver qualquer conteúdo de TV paga, todos os gêneros estão disponíveis lá através de uma recarga diretamente. Sem ter que reapontar a antena, comprar outro decodificador, nada. Você com a mesma infraestrutura tem essa disponibilidade. A SKY tem anos e anos de tradição de fazer bem o negócio de pré-pago. Então, esse mecanismo está embarcado na solução da Nova Parabólica, sempre quando o usuário lá na ponta quer. Se ele não quiser, aponta para o nosso satélite e vê os sinais abertos, como o faz no satélite do nosso competidor.”
“Quando ele faz essa recarga, além de ter acesso a um monte desses canais fechados que são produzidos, também aumenta a granularidade de afiliadas locais dos sinais abertos. Lá na Nova Parabólica tem uma quantidade, mas é uma quantidade restrita. Em muitos lugares do Brasil, acaba que o cliente lá na ponta não está vendo o sinal local da afiliada dele. Quando faz uma recarga, está no maravilhoso mundo pré-pago da SKY, em que ele pode ver a afiliada local [não há garantia de regionalização das afiliadas em 100% do território nacional]. A gente acha que isso é importante. Todo esse mecanismo está embarcado na solução da Nova Parabólica. Quem aponta para o nosso satélite vê lá o primeiro canal que sai, que é o Canal do Cliente. Aparece lá um QR Code que permite ao usuário muito fácil, por Pix, fazer uma recarga e passar para o maravilhoso mundo da televisão paga.”
“Eu acho que não é segredo para ninguém, o mundo tem cada vez mais população digitalizada, e as pessoas estão procurando ter tudo da sua vida na palma da mão. É um movimento imparável. No nosso segmento, tanto a tela grande quanto a tela pequena são importantes, porque a gente tem aprendido que os clientes agora veem conteúdo tanto na tela grande quanto na secundária, para fazer outras coisas em paralelo. Essa oportunidade toda da digitalização dos clientes abriu uma porta para a gente. Nós sempre fomos muito bons de agregação, de buscar os melhores canais e os melhores conteúdos para os nossos clientes. A gente falou: vamos colocar isso no mundo digital. Nós fomos pioneiros no Brasil nessa solução de colocar sinal aberto [via streaming]. Todo mundo dizia que o canal linear estava morto. A gente falava: não está, as pessoas gostam, é um consumo passivo. É evidente que vai ter parte dos conteúdos que, talvez para os clientes, faça mais sentido estar em catálogo, mas a gente sempre acreditou no linear. Tem um contingente de conteúdos que de outra forma não existem, tem que ser ao vivo. Esportes, notícias e tal. A gente lançou esse negócio no Brasil em dezembro de 2020, nós fomos pioneiros. Depois vieram outros competidores, até grandes vieram para copiar. E acho que é uma tendência. Nos Estados Unidos, tem. A gente chama de vMVPDs. Em toda a América Latina, a gente tem lançado a DGO. E o que temos visto é que mais e mais os operadores têm copiado a gente e colocado as soluções no mercado.”
“Quais são os nossos diferenciais? Primeiro diferencial é que, quando a gente faz, fazemos para todos os países. Tem uma escala aqui que é difícil de copiar. Fazemos os desenvolvimentos para o Brasil, que também saem para o Equador, para o Peru, para a Colômbia, todos os lugares que a gente opera, no México, na Argentina. A gente faz um desenvolvimento para vários países. Além de aprender com o que funciona em cada país para replicar para os outros, também ajuda a gente a sinergizar desenvolvimento. Até é interessante do ponto de vista do Brasil, a gente estar formando capacidade técnica no país por causa dessa escala. Temos no nosso corpo técnico muita gente que entende da realidade da Argentina, do Chile, entre outros, porque estão aqui trabalhando para vários países. Essa é uma vantagem clara que a gente tem no aprimoramento dos apps.”
“O tema do delay no futebol é um negócio muito, muito importante. A gente trabalhou para a Copa do Mundo e continuamos trabalhando para diminuir mais. Na Copa, claramente tivemos na frente de todo mundo no Brasil. Ganhamos de 7 a 1 de todo mundo. Obviamente, a gente trabalhou muito nas tecnologias de compressão, para conseguir isso, e também no encriptamento, fazendo as chaves que permitissem a transmissão com menos delay. Conseguimos isso na Copa do Mundo e com uma certa constância aqui, principalmente nos canais que têm muito evento ao vivo. E para a gente, é condição ‘sine qua non’. Se você tem uma plataforma que é muito forte em conteúdo esportivo e tem muito delay, você não vai conseguir ser bem-sucedido. A gente tem investido bastante nisso. E acho que o nosso diferencial é: um corpo técnico que trabalha nisso há muito tempo – a gente tem a plataforma lançada desde 2018, já estamos em uma segunda geração dela, esta agora toda baseada no Brasil – e que aprendeu muito como fazer isso e que faz para eventos em toda a América Latina. Não faz só para o Brasil, e sim para todos.”
“O grupo tem uma empresa de seguros muito forte, uma de assistência médica também forte, tem outros negócios menos óbvios, como agronegócio. Mas mesmo esses, o que a gente tem procurado é usar a nossa escala, da SKY no Brasil, a favor desses negócios. Um exemplo muito simples: o grupo tem produção e distribuição de vinhos. Nós temos uma rede de distribuição importante na SKY. Obviamente, distribuição de serviço é diferente da distribuição de ‘moving box’, mas a gente tem procurado estreitar os contatos. Em alguns casos no Brasil, a gente encontra parceiros nossos que trabalham em outras categorias e que se interessam por esse negócio. Agora, o que a gente tem mais feito é procurado entender na nossa base de clientes, quais teriam interesse por esses produtos. Então, assistência médica é uma delas. Hoje a gente tem um acordo com a Filoo, que é uma empresa que não é do grupo, mas tem uma conversa estreita conosco. A mesma coisa no tema de seguros. Não temos seguros da Experta no país. A gente opera os seguros da Zurich no Brasil, mas obviamente contamos com a expertise das pessoas da Experta para fazer o melhor acordo e a melhor seleção de produtos. De tal forma que a gente encontra os produtos que são mais adequados para o tipo de cliente que temos aqui na SKY. Tem negócios que são claramente próximos da nossa realidade, e outros que são mais de estreitar relacionamento.”
“Esperamos crescer muito no negócio de conectividade. Acho que essa é a nossa aposta principal, sem perder o nosso DNA de agregação e distribuição de vídeo. Somos experts nisso. Mas queremos crescer muito em conectividade. A gente ouve muito os nossos clientes. Não estamos fazendo nada genial. A gente foi lá ouvir os clientes e falar: o que vocês gostariam de ter da SKY. O que a gente tem percebido, em algumas das cidades onde nós já lançamos os serviços de conectividade, é que temos atraído ex-clientes. Pessoas que gostam muito da nossa marca e que em algum momento nos deixaram por uma outra solução de conectividade estão voltando. Isso é uma marca da SKY de muitos anos. Temos um atendimento mais do que reconhecido no mercado, todo ano ganhamos prêmio, marca muito conhecida. E estamos fazendo um crescimento importante em conectividade, dois dígitos todo mês. E nossa expectativa nesse mercado é que a gente continue crescendo a nossa participação. Nós somos ainda um operador muito pequeno de fibra, mas estamos crescendo rápido.”
“Acreditamos que o panorama no Brasil é favorável às redes neutras. A gente acha que é uma boa solução para o país, inclusive. Para evitar desperdício. No fundo, conectividade é uma ‘utility’. E não faz sentido ter duplicação, triplicação de rede de água e esgoto, rede elétrica e tal, e também não faz muito sentido na conectividade. Esse caminho da rede neutra é bom. Estava lendo ontem que 13% das conexões de banda larga no Brasil já são através de redes neutras. É um número que pode crescer muito. Com as redes neutras de boa qualidade, operadas por empresas idôneas – neutras de verdade –, somadas à nossa rede de distribuição, à nossa marca, à nossa base de clientes, a gente acha que temos um futuro promissor pela frente.”
“Eu acho que a mensagem aqui é de otimismo com o Brasil, muito otimismo. Eu sei que a gente é bombardeado na imprensa todo dia, muitas vezes com notícias negativas. A realidade é que o Brasil vem em uma agenda muito positivo nos últimos 30 anos, obviamente que tem os seus momentos mais difíceis, mas de uma maneira geral vem progredindo muito. O Brasil é foco de atenção de investimento. O Grupo Werthein tem certeza disso. Vamos crescer. E se você gosta da marca SKY, é ou foi cliente da marca SKY e tem interesse em voltar para a nossa oferta de conexão, eu animo as pessoas a nos procurarem, deixarem o seu pedido. A gente talvez não consiga atender imediatamente, mas vamos procurar atender todo mundo, porque o cliente sempre tem razão, né! Então, se eles quiserem uma oferta nossa, a gente vai chegar.”
Qual é a sua avaliação sobre a expansão da SKY Brasil e da Vrio como um todo para o futuro? Comente conosco!
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