Com o escândalo de que a empresa Cambridge Analytica usou dados de usuários do Facebook em campanhas políticas, muitos usuários iniciaram uma campanha para deletar a rede social, e até mesmo o co-fundador do WhatsApp aderiu à ideia. Agora, a Cambridge Analytica será investigada pelo Ministério Público no Brasil.

A história ficou muito mais parecida com filmes de espionagem após gravações nas quais o CEO da Cambridge Analytica aparece sugerindo uma série de ações criminosas para obter informações sobre a política ao redor do mundo.

Por isso, a empresa de consultoria, que atua no Brasil através de parceria com a Ponte Estratégia, será investigada pelo Ministério Público. Os promotores Frederico Ceroy e Paulo Roberto Binicheski afirmaram que a empresa brasileira havia mudado o nome para CA Ponte enquanto trabalhava com grupo estrangeiro, mas voltou atrás após a repercussão negativa do caso envolvendo o Facebook.

Essa notícia vem em um momento delicado para a política brasileira, que terá este ano suas eleições presidenciais. Os promotores afirmam que o direcionamento de propaganda será um fator decisivo nessas ocasiões.

É o que o presidente americano Donald Trump fez com maestria no exterior. Agora, está se revelando que isso foi feito com base na violação de privacidade dos dados dos usuários do Facebook.

Frederico Ceroy lembra que a grande discussão eleitoral no país têm sido a respeito das fake news, mas aponta também que outro grande problema será o impulsionamento de conteúdo pago nas redes sociais.

Provavelmente serão criados perfis para direcionar isso. Agora, qual o custo para criar esses perfis? Houve vazamento de dados? Onde estas empresas estão conseguindo os dados? A criação dos perfis leva em conta a cor da pele, a orientação sexual?”

No entanto, ainda não está claro se já houve alguma irregularidade no Brasil. O BuzzFeed News reportou que A Ponte Estratégia chegou a negociar um contrato com o PSDB, mas o partido não fechou o negócio. Tembém foi relatado que, segundo André Torretta, sócio da empresa, A Ponte Estratégia não trabalharia para a equipe de Jair Bolsonaro (PSL), e não faria campanhas para candidatos extremos.

A Cambridge Analytica atuou em diversos países, como Reino Unido, Austrália, México, Malásia e Quênia. Em nota, A Ponte Estratégia afirmou que não renovou a parceria com a Cambridge Analytica até que toda a situação seja esclarecida.