Nas últimas semanas, o aplicativo FaceApp tem ganhado adeptos nas redes sociais devido ao recurso de simular a sua versão mais velha. No entanto, como acontece em muitas das vezes, as pessoas acabam por aceitar os termos de uso da ferramenta sem ler e tomar conhecimento do que ela é capaz de fazer com seus dados.

Vale lembrar que a aplicação já havia figurado em notícias sobre enviar algumas fotos para servidores remotos e chegou a ser notificada pelo Procon.

Ao observar os detalhes do documento fornecido pelo FaceApp, é possível identificar alguns itens os quais podem colocar a privacidade e segurança das informações sensíveis do usuário em risco. Esta coluna separou alguns pontos a seguir:

O termo de uso do FaceApp conta com várias expressões que mostram a ausência de limites para aproveitar seus dados pessoais. Um dos principais exemplos está no item 5, o qual relata sobre o conteúdo do usuário.

Essa parte fala que o usuário entrega ao FaceApp uma licença perpétua e irrevogável para utilizar o seu conteúdo. Em outras palavras, a ferramenta poderá utilizar o seu rosto para qualquer fim que convenha, de forma que você não poderá impedi-la. Veja a seguir o que diz:

“Você concede ao FaceApp uma licença sublicenciada, perpétua, irrevogável, não exclusiva, isenta de royalties, global, totalmente paga e transferível para usar, reproduzir, modificar, adaptar, publicar, traduzir, criar trabalhos derivados, distribuir, executar publicamente e exibir seu Conteúdo do Usuário e qualquer nome, nome de usuário ou imagem fornecidos em conexão com o seu Conteúdo do Usuário em todos os formatos e canais de mídia agora conhecidos ou desenvolvidos posteriormente, sem compensação para você.”

O item 5 termina com a afirmação de que mesmo se você remover o seu conteúdo do serviço, ele poderá continuar a armazená-lo sem limitação, com a justificativa de cumprir obrigações legais.

Enquanto os seus dados estão disponíveis para uso irrestrito do aplicativo, o mesmo não se pode dizer em relação ao conteúdo do FaceApp. O item 7 deixa explícito que tudo o que for do próprio serviço – “textos, gráficos, imagens, fotografias, vídeos, ilustrações, marcas registradas, nomes comerciais, cabeçalhos de páginas, ícones de botões, scripts, marcas de serviço, logotipos, slogans, filtros, filtros gerados pelo usuário e outros conteúdos nele contidos” – está protegido por lei, além de o usuário somente ter uma licença limitada para acessá-lo e usá-lo, sem os direitos de:

(a) vender, revender ou usar comercialmente nossos Serviços ou Conteúdo do FaceApp; (b) copiar, reproduzir, distribuir, executar publicamente ou exibir publicamente o Conteúdo do FaceApp, exceto conforme expressamente permitido por nós ou nossos licenciadores; (c) modificar o conteúdo do FaceApp, remover quaisquer avisos de direitos de propriedade ou marcações, ou de outra forma, fazer quaisquer usos derivados de nossos Serviços ou Conteúdo FaceApp, exceto conforme expressamente estabelecido nestes Termos; (d) usar qualquer mineração de dados, robôs ou métodos similares de coleta ou extração de dados; ou (e) usar nossos Serviços ou Conteúdo do FaceApp, exceto conforme expressamente previsto nestes Termos.

Para ter a liberação de fazer qualquer uma das ações previstas acima, é necessário obter uma permissão prévia por escrito.

Além das políticas de privacidade do próprio FaceApp, o login no aplicativo demanda ainda a aceitação dos termos do Facebook, por utilizar o Account Kit da rede social. Isso significa que você é submetido ao uso dos seus dados por mais empresas, e não apenas da ferramenta.

Assim, quando alguma entrada em app utilizar plataforma de terceiros para autenticação, as informações pessoais estão sujeitas a uso por parte de mais de uma companhia – além de seus parceiros.

As agitações do dia a dia impedem os usuários de lerem os termos de uso do que assinam ou concordam. No entanto, é importante se atentar ao menos para tópicos mais sensíveis relacionados à segurança dos seus dados pessoais – algo que não deve levar tanto tempo para identificar algum risco.

Situações como “dados do usuário” e formas nas quais a empresa e seus parceiros podem utilizar o conteúdo de cada pessoa são prioridades na hora de saber como a sua privacidade será afetada com a aceitação.

Você já havia detectado os itens dos termos de uso do FaceApp ou situações semelhantes em outras ferramentas do tipo? Relate para a gente no espaço abaixo.