Todos nós já sabíamos que o setor monetário brasileiro não vai com a cara das criptomoedas; em novembro do ano passado, o Banco Central, entidade que administra a nossa moeda corrente, emitiu um comunicado para desencorajar o uso de bitcoins em território nacional. Contudo, uma nova reportagem publicada pelo jornal Folha mostra que a situação pode ser bem mais grave do que todos nós imaginávamos.

De acordo com o veículo, a conta bancária usada pela casa de câmbio Mercado Bitcoin (uma das maiores em nosso país) para receber os pagamentos de seus clientes foi inesperadamente encerrada pelo Santander. O administrador da corretora entrou com uma ação para reverter o bloqueio e afirmou que o caso é "uma retaliação a um novo mercado que surge", "pelo fato de que a comercialização de bitcoins pode diminuir consideravelmente [o lucro do banco]".

E esse não é um caso isolado. A CoinBR, outra corretora de grande porte, já teve contas encerradas no Santander, Itaú e Sicredi; o Bradesco nem mesmo deu a chance para a empresa abrir uma conta. Já a Foxbit enfrentou problemas com o Banco do Brasil, que, o ser procurado pela Folha, afirmou que atua no "combate de qualquer tipo de ilícito". As outras instituições não responderam o contato.

Tudo indica que tais bancos têm medo de se envolver em práticas ilegais; visto que o bitcoin é frequentemente usado para transações anônimas que envolvem compras de itens e contratos suspeitos, circular dinheiro usado para essas operações pode colocar tais entidades em uma situação delicada. Enquanto isso, contudo, quem compra ou vende bitcoins acaba sendo prejudicado até que as coisas se resolvam.