Recentemente, a Sony removeu o selo “8K” das caixas do PlayStation 5. A medida poderia passar despercebida se o público-alvo do console não fosse a massa gamer global – eles reparam em tudo, obviamente – e comentando sobre o assunto, o canal Digital Foundry afirmou que a situação é mais uma “correção”: o PS5 nunca poderia entregar tamanha resolução a 60 quadros por segundo (fps).

Isso porque os especialistas do canal apontam para algumas limitações técnicas presentes na conexão HDMI do console, que não transmite tantos dados quanto o necessário para se atingir uma resolução de 8K de definição, a 60 fps – nem mesmo no melhor dos cenários, com todos os dispositivos e jogos compatíveis com ela.

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O vídeo é bem longo – trata-se de um resumo dos anúncios feitos durante o Summer Games Fest, realizada em Los Angeles no último final de semana – mas uma parte dele é especificamente dedicada à mudança de comunicação promovida pela Sony.

Antes de tudo, vamos acalmar os ânimos: não, a Sony não promoveu nenhuma propaganda enganosa para empurrar mais consoles no varejo. A análise do Digital Foundry é clara – o PlayStation 5 poderia atingir as resoluções prometidas, desde que alguns sacrifícios fossem feitos.

Falando pelo aspecto técnico, a entrega de HDMI do PS5 só vai até 32 gigabits por segundo (Gbps) – um número inferior ao necessário para se produzir 8K de resolução a 60 fps nativamente. Um desses sacrifícios seria o processo conhecido como “subamostragem de chroma 4:2:0” (chroma subsampling). Essencialmente, é uma forma de reduzir a resolução das informações de cor (croma) em relação à resolução das informações de brilho (luma).

Esse processo traz inúmeras vantagens – a maior delas sendo a redução do tamanho dos arquivos de dados transferidos sem sacrificar a qualidade de imagem ou som (ao menos, não a níveis que nossos olhos e ouvidos percebam a diferença).

Outro ponto levantado é a via de transferência desses dados: devido ao seu foco em resolução 4K e 120 fps, o PlayStation 5 usa canais de 8 bits para envio e recebimento de pacotes de transferência. Para chegar a 8K e 60 fps, esse número deveria ser 10.

Por essas razões, esse tipo de resolução também não poderia ser implementado depois via, digamos, uma atualização de firmware, já que é intrinsecamente ligado à forma como o PlayStation 5 é configurado na parte de sistema.

De uma maneira bem interessante, a análise do Digital Foundry acaba valorizando o Xbox Series X (não o S) ao detalhar o funcionamento de entrega de dados do PlayStation 5. Isso porque o console da Microsoft trabalha em uma largura de banda maior que o seu concorrente japonês e, dentro dos aspectos técnicos: embora o aparelho por onde rodamos Hellblade II e vários outros jogos ainda fosse precisar da subamostragem de chroma 4:2:0, ele é tecnicamente capaz de produzir 8K de resolução, a 60 fps.

Seja pela Sony ou pela Microsoft, no entanto, essa é uma briga de pouca importância: lembre-se, um console ser capaz de rodar determinada resolução não significa nada sem outras duas partes importantes – um display capaz de suportar esse volume, e um conteúdo (jogos, neste caso) produzido dentro desse formato.

Embora já existam TVs 8K no mercado, ainda não há nenhum jogo criado para ser rodado, nativamente, neste formato.