29 Outubro 2012
Hoje foi o dia da apresentação da versão oficial do Windows 8, para tablets e para os computadores tradicionais. Durante o keynote, pudemos brincar com alguns tablets de empresas parceiras da gigante do software, e a sensação é de um produto que ainda não está tão adaptado ao mundo do toque, como estão o iOS e Android. O Windows 8 RT é uma revolução menor do que promete ser.
Como disse Priscyla Alves, gerente geral do Windows no Brasil, o objetivo da empresa é de trazer a praticidade do mundo dos tablets, para dentro do sistema operacional de computadores. Em outras palavras, a Microsoft pretende tornar o Windows mais adaptado para telas de toque, o que não aconteceu muito bem no Windows 7.
Windows 8 RT em tablet da Samsung
Durante a apresentação, algumas empresas - como a Sony, ASUS e Samsung - levaram seus tablet e apresentaram aos jornalistas. Nos testes que fiz, percebi a diferença que existe entre os tablet que utilizam a arquitetura x86 - com processadores Intel Atom, por exemplo - e os que utilizam processadores com a arquitetura ARM, que pode ser um Qualcomm, ou um Tegra 3. A principal diferença não é o desempenho, mas sim a quantidade de programas que você pode instalar.
Mesmo com um modo desktop, igual ao Windows 7 dos computadores, se você estiver com um tablet Tegra 3, por exemplo, não poderá instalar nenhum programa tradicional do Windows, que é feito para os processadores x86, como o Winamp ou o Photoshop. O usuário fica preso apenas aos apps que estão dentro da Windows Store.
Ok, seria aceitável se a loja não estivesse tão vazia. Não é tão ruim quanto a quantidade de apps específicos para tablets Android, mas é preocupante para um aparelho que custará mais do que um iPad, que já conta com uma biblioteca imensa de apps e jogos. Durante a parte de perguntas e respostas, a Microsoft não forneceu o número de apps já disponíveis na loja, muito menos quantos deles são brasileiros. A resposta era uma só: "há vários". Sou do seguinte pensamento: se fosse muito, falariam um número aproximado - chutando 100 mil, por exemplo. Se é pouco, falam que há bastante.
Tablet da Sony
Posso estar enganado, mas senti que não há muitos apps na loja da Microsoft e a quantidade deles - e qualidade - é essencial para que o sucesso da plataforma apareça em pouco tempo. Se você não entendeu ainda, vou ser mais claro: não dá pra instalar o Chrome, se não for o da Windows Store (que ainda não existe) quando você usa um tablet ARM, não dá para instalar o Photoshop, e nem um Office gratuito como o OpenOffice, entendeu?
O Internet Explorer 10 recebeu boas melhorias, mas ainda está para trás de seus concorrentes, principalmente por uma decisão da Microsoft: ele não abrirá o Flash de um site que não conta com uma assinatura da Microsoft. Não estou dizendo de um site perigoso, imagine que você quer visitar o site de um restaurante novo, ele não abrirá. Para poder visualizar, será necessário abrir o navegador no modo desktop, o que elimina a praticidade de telas de toque por conta dos botões pequenos.
Ok, é um grande movimento da Microsoft, mas é tardio. Ela demorou para responder ao mercado de smartphones e fez o mesmo com os tablets. Há uma centena de parceiros dispostos a entregar aparelhos para o progresso de ambas as empresas, e como estamos falando do sistema operacional mais utilizado em computadores, acredito que o número de apps crescerá na medida em que o Windows 8 RT for aceito.
Porém, o custo de um tablet - da Acer, por exemplo - com Windows 8 RT é de R$ 3.200, o dobro do que o iPad, que já conta com vários apps. Mais caro ainda do que um tablet Android. Onde você investiria? No crescimento de um mercado novo, ou no aparelho que já está no mercado, com os apps prontos para usar?
Tela de erro quando o programa é para CPU x86
Acredito que a Microsoft acertou em modificar o Windows 8 RT, mas ele poderia ser totalmente dedicado aos tablets, e não somente em partes. Ainda há muito a crescer.
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