07 Abril 2017
Hoje, 20 de março, Bill Gates se reuniu com o presidente Donald Trump, mas ninguém sabe o porquê. O que todos sabem é que o ex-líder da Microsoft é um dos poucos figurões da tecnologia que têm algum otimismo quanto à administração de Donald Trump, mas ainda assim tem algumas divergências.
A agenda não foi revelada, e a Fundação Bill & Melinda Gates divulgou apenas uma declaração, que poderia sugerir o tema que será discutido, mas que ao mesmo tempo não diz muito.
A Fundação tem um extenso histórico de colaboração com o Governo para solucionar prioridades em comum, como a saúde global e a educação e desenvolvimento do país.
Bill irá se reunir com os líderes do congresso e membros da administração para debater os progressos feitos até aqui nessas áreas e o papel crítico e indispensável que os Estados Unidos têm desempenhado no cumprimento dessas metas.
Entre as maiores divergências entre ambos está o fato de que Gates não concorda com o plano do presidente Donald Trump de cortar a ajuda para os mais pobres do mundo. Ele teve a oportunidade de compartilhar essa e outras preocupações em uma conversa na Casa Branca, fechada à imprensa.
Na quinta-feira, Trump lançou seu projeto de orçamento "América First" (América Primeiro, em uma tradução livre) para o governo dos EUA. A proposta aumentaria os gastos com defesa em US$ 54 bilhões, enquanto reduz o financiamento para o Departamento de Estado dos EUA e os programas de ajuda externa para US$ 27,1 bilhões. "É hora de priorizar a segurança e o bem-estar dos americanos, e pedir ao resto do mundo para pagar sua parte", escreveu Trump no documento.
Gates respondeu sexta-feira aos cortes propostos em um post de blog, afirmando que a ajuda externa beneficia os pobres no exterior, mas também ajuda os americanos. Como exemplo, ele citou um programa que os EUA começou durante o governo de George W. Bush, que forneceu mais de US$ 70 bilhões em financiamento o tratamento de mais de 11 milhões de pessoas que vivem com HIV e AIDS, e outras iniciativas. Gates afirmou que a instabilidade política e a violência diminuíram significativamente nos países que receberam ajuda do programa.
Aqui está minha resposta: esses projetos mantêm os americanos seguros e, ao promover saúde, segurança e oportunidades econômicas, eles estabilizam as partes vulneráveis do mundo
A CEO da Gates Foundation, Sue Desmond-Hellmann, acrescentou que "os cortes propostos acabarão tornando os Estados Unidos e o mundo menos prósperos e seguros".
Esta não é a única divergência entre Gates e Trump. O presidente designou alguém que nega a veracidade da mudança climática para administrar a Agência de Proteção Ambiental (EPA). Enquanto isso, Gates é a favor do investimento em pesquisa e desenvolvimento no setor de energia. A energia limpa está entre suas causas pessoais, e em 2015, apesar de investir US$ 2 bilhões no aceleramento da inovação que pode parar as alterações climáticas, Gates também enfatiza o papel do governo nessa questão.
Este é um dos temas que devem ter entrado em debate no encontro entre ambos hoje, mesmo que Trump não coloque muita fé nos relatórios sobre o aquecimento global. Gates deve ter tentado convencer Trump a não cortar o orçamento destinado à Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês).
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