03 Fevereiro 2017
Nokia não apresentou um novo aparelho celular em seu evento formal na MWC (Mobile World Congress) 2016, mas ainda assim garantiu sua presença no mercado de telefonia móvel de um modo mais intrínseco, criando um pilar totalmente necessário para que futuras tecnologias venham a ser possíveis: AirScale. A novidade da companhia fundada na Finlândia promete unificar os tipos de redes para garantir o acesso prioritário à internet, independentemente do local onde o dispositivo portátil se encontra. Chamada de estações de base, o investimento recente da empresa europeia substituiria as antenas de operadoras que são vistas constantemente em cidades e demais regiões, porém entregaria um serviço verdadeiramente confiável, integrando conectividades atuais para assegurar o suporte às atividades on-line de eletrônicos compatíveis. Para a Internet das Coisas, isto é um enorme passo para a popularização.
AirScale ofereceria, ao mesmo tempo, o suporte às redes 2G, 3G, TDD-LTE, FDD-lTE, LTE Advanced, e LTE Advanced Pro, com seu hardware já evoluído a ponto de ser capaz de aceitar as tecnologias 5G, alcançando velocidades notáveis de até 19,1 Gbps, por exemplo. Quem estaria em cargo de gerenciar tais redes de acesso seria um 'cérebro unificado' em nuvem, o que também é essencial para uma conexão estável à internet. Pense em um show ou em um shopping, dois lugares que geralmente promovem uma rede Wi-Fi gratuita, entretanto controlam o acesso dos consumidores de uma forma individual, enquanto a novidade da Nokia conseguiria analisar o todo ao simplesmente tratar as informações em um processador trabalhando em nuvem. Mas o plano da antiga dona da linha Lumia não para por aí, expandindo seus planos com a integração do AirScale WiFi, outra forma de levar uma conexão confiável aos usuários.
- Contextualize-se: Nokia quer fornecer 5G comercial na Europa em 2020
AirScale WiFi seria a Nokia buscando licenciar frequências wireless não leiloadas a operadoras, preenchendo o vácuo que existe entre uma rede e outra. Este serviço seria usado em conjunto com o supracitado, mas a diferença, justamente por conta da proximidade, está na exatidão com que a conexão é executada. Em lugares onde os satélites do GPS não são capazes de efetuar a triangulação de um smartphone, a conectividade oferecida pelo AirScale WiFi conseguiria promover uma navegação confiável e precisa. Uma decorrência disto, exemplificando, seria o uso de tags para promoção em lojas, levando o cliente diretamente até uma peça de roupa em oferta, desfrutando da geolocalização via WiFi da estação de base da companhia finlandesa. A antena, em teoria, suporta mais de 10 mil pontos de acesso, ainda por meio do 'cérebro em nuvem' mencionado acima. Em uma forma poética, tal tecnologia é o pilar para integrar todos os dispositivos com acesso à internet.
Nokia: a Internet das Coisas, os celulares e os bastidores
Ainda no evento, Nokia confirmou que irá disponibilizar 350 milhões de dólares em investimentos no setor da Internet das Coisas, plataforma responsável por unificar diversos eletrônicos que conseguem acessar algum tipo de rede, como fechadoras eletrônicas, câmeras de vigilância, smart TVs, lâmpadas inteligentes, geladeiras e qualquer outro gadget feito propriamente para participar de um ecossistema on-line. Ainda assim, não espere que a empresa europeia esteja explícita no mercado, pois ela pode continuar trabalhando apenas nos bastidores. Um bom exemplo dado por ela em seu evento na MWC 2016 foi o novo mundo dos carros autônomos, com fortes nomes participantes, como a Google, onde uma conexão à internet é extremamente importante. A baixa latência oferecida pelo 5G seria quase que uma obrigação para veículos do tipo, e o AirScale seria capaz de sanar precisamente esta necessidade.
Já falando mais sobre smartphones, a Nokia ainda não possui planos concretos de retornar ao mercado de telefonia móvel, pelo menos não abertamente. No palco, a mesma disse que, embora haja certa animação pelo retorno da possibilidade de usar sua própria marca na criação de um aparelho celular, justamente após o fim da cláusula imposta pela Microsoft quando comprou parte do todo, não há pressa para o desenvolvimento de um dispositivo portátil da categoria. Mesmo assim, a antiga gigante mobile desembolsou mais de 15 bilhões de dólares para adquirir a Alcatel-Lucent, então está claro que ela irá retornar ao setor cedo ou tarde. Enquanto isto, é válido acompanhar seus esforços com a AirScale, levando em conta que a plataforma será essencial nos próximos anos. Ficar desconectado, jamais, pelo menos se depender da saudosa companhia sediada na Finlândia.
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