Há pouco mais de um mês mostramos uma prévia do Infinix Zero 8, uma novidade chinesa que atraiu a atenção do público do TudoCelular. Ele é um celular intermediário gamer que promete entregar excelente custo-benefício e chega batendo de frente com o Poco X3. E depois de testar a fundo a novidade, voltamos aqui com a análise completa para você saber tudo o que ele tem de bom e ruim, e se vale a pena importá-lo.

A caixa do Infinix Zero 8 faz menção ao design em losango ou diamante de suas câmeras com detalhes em cor prateada. Além do aparelho, você recebe os seguites acessórios:

• Carregador com 33W de potência
• Cabo USB no padrão C
• Capinha de silicone
• fone de ouvido
• Chavinha da gaveta do SIM Card

Se você nunca ouviu falar da marca, saiba que a Infinix é uma fabricante chinesa que atua em mais de 30 países e quer rivalizar com Xiaomi e Realme no segmento dos celulares mais cobiçados – aqueles que buscam o custo-benefício matador. Sabemos que o Poco X3 é um ótimo intermediário, mas ele chegou caro por aqui. Será que o Infinix Zero 8 seria a melhor alternativa?

Para focar no custo-benefício é preciso fazer alguns cortes. Para começar, o acabamento do Infinix Zero 8 é bastante simples com corpo todo feito em plástico. Mas isso não quer dizer que seu design seja básico demais. As câmeras na traseira são organizadas em bloco saltado que lembra o formato de um diamante.

O padrão de pintura em dois tons e com efeito cromático na parte inferior dá uma certa elegância ao aparelho. Quando você segura o Infinix Zero 8 percebe que está com um produto barato em mãos. Há uma folga entre a bateria e a tampa traseira e o seu corpo não é feito em peça única.

A tela tem proteção Gorilla Glass 3 e a empresa manda uma capinha na caixa para ajudar a proteger o Zero 8. Ele não deixa de lado tecnologias importantes e temos Wi-Fi 5 GHz, Bluetooth 5.0 e todos os sensores. A entrada para fones de ouvido fica localizada perto da USB. O leitor biométrico encontra-se integrado ao botão de energia e fica sempre ligado esperando que você encoste o dedo para o desbloqueio ser feito.

O intermediário chinês possui uma tela grande com taxa de 90 Hz para fluidez superior com o sistema e jogos. Pode não ser tão empolgante quanto os 120 Hz do Poco X3, mas está melhor que intermediários da Samsung ainda presos a 60 Hz.

Como estamos falando de um celular barato é visível a qualidade limitada do painel IPS adotado pela Infinix. Mesmo que você esteja visualizando o conteúdo a 90 fps há um rastro na imagem que deixa tudo borrado ao rolar a página. Os pixels deste painel demoram para atualizar e isso também acontece no modo 60 Hz. Pode ser algo que não vá incomodar a todos.

Outro ponto negativo é o brilho máximo abaixo da média. E até o brilho automático é meio lerdo e demora para reagir a mudanças de luminosidade. Pelo menos o nível de contraste é muito bom, mas a uniformidade do painel poderia ser melhor. A imagem é mais escura nas bordas e próximo do entalhe duplo.

A reprodução de cores é ruim com tons muitos frios deixando o branco azulado e não há opção de calibração para corrigir isso. A Infinix alega que o Zero 8 tem suporte a HDR10 e o YouTube até reconhece o suporte a HDR, mas não há diferença na qualidade exibida.

O Zero 8 possui apenas um alto-falante na parte inferior. A potência sonora é apenas decente e a qualidade está abaixo da média. O aparelho é completamente incapaz de reproduzir graves e também peca nos agudos. Sem falar que o áudio é apenas mono, enquanto o Poco X3 traz som estéreo. Pelo menos vem com fone de ouvido na caixa, enquanto a Xiaomi se recusa a fornecer o acessório.

O Zero 8 vem equipado com o chip Helio G90T da MediaTek, o mesmo que está presente no Redmi Note 8 Pro que foi eleito por nós como um dos melhores celulares para jogos em 2019. É um hardware potente e que entrega ótimo desempenho e isso não é diferente no intermediário da Infinix.

Curiosamente, ele alcançou o mesmo tempo do rival da Xiaomi em nosso teste padronizado de velocidade. Já em benchmarks temos pontuações um pouco maiores em testes que envolvem a GPU.

E jogos? Não espere ver muitos jogos rodando a 90 fps. O Zero 8 consegue rodar PUBG a 30 fps na qualidade HD Alta e Call of Duty na qualidade muito alta com ótima fluidez. No Asphalt 9 é possível jogar na qualidade máxima sem engasgos. Games mais leves ele tira de letra.

Há várias ferramentas para ajudar na jogatina, porém o Zero 8 acaba esquentando um pouco após algumas horas de uso intenso, por mais que a fabricante alegue que ele tenha sistema de dissipação térmica avançada.

Um problema que vimos no Redmi Note 8 Pro era o baixo desempenho do Helio G90T para lidar com processamento de imagem. E o mesmo acontece com o Zero 8. Por mais que ele tenha um conjunto avançado de câmeras com sensor principal de 64 MP, apresenta resultados inconstantes com imagens suavizadas e até ruídos em locais iluminados.

O alcance dinâmico é limitado e em muitos casos as cores saem apagadas. O HDR nem sempre entra em ação, por mais que você deixe no modo automático. Já a câmera ultra-wide curte cores mais vibrantes e acaba compensando as cores sem vida da principal. E a melhor parte é que há foco automático – algo que é raro de se ver até em celular top de linha.

Normal | 64 MP

É possível usar todo o potencial do sensor de 64 MP, mas ele não melhora a qualidade das fotos. Tudo que antes saia desfocado assim continua e o granulado tende até a aumentar. Há um atalho para zoom de 2x, mas é puramente digital. O bom de fazer isso com sensor de alta resolução é que terá uma perda menor de qualidade.

Há um sensor dedicado para desfoque de fundo que funciona bem com objetos. Já a quarta câmera é dedicada para macros, mas como a resolução é baixa e o foco é fixo é melhor usar a ultra-wide para registrar algo mais de perto.

Principal | Ultra-wide

Fotografar à noite não é um problema para o Zero 8. Ele não sofre tanto com a escuridão e possui modo noturno eficiente que realmente ajuda a recuperar parte da nitidez perdida e esconder mais os ruídos. Infelizmente, este modo só está disponível com a câmera principal, o que torna a ultra-wide quase inútil à noite.

Macro

Noturno

Há duas câmeras frontais com a principal com sensor de 48 MP que registra boas selfies e não peca em detalhes e cores – exceto quando o HDR se recusa a fazer o seu trabalho. A secundária traz lente ultra-wide para registrar selfies com mais pessoas. A diferença da qualidade da imagem para a principal é pequena, exceto em locais escuros onde vemos mais ruídos.

Selfies

A câmera do Zero 8 peca mais em vídeos. Ela é capaz de gravar em 4K, mas a qualidade não empolga. Além disso, as cores saem mais apagadas do que nas fotos e falta estabilização nesta resolução. A captura de áudio é apenas mono e há muito barulho de vento registrado.

A frontal também é capaz de gravar em 4K, mas aqui a qualidade dos vídeos já é mais interessante. Também só terá estabilização eletrônica se reduzir a resolução para Full HD.

E a bateria, dá conta do recado? Os 4.500 mAh rendem bem no modo automático que fica alternando entre as opções 60 e 90 Hz a depender do tipo de conteúdo. É possível ter um pouco de carga para o dia seguinte, o que é notável levando em consideração a tela grande do aparelho.

Você pode travar a tela em 60 Hz se quiser que a bateria dure mais, porém a diferença é pequena e não passa de 10% extra de autonomia. A melhor parte é que o poderoso carregador de 33W leva pouco mais de 1 hora para recarregar completamente a bateria e passa de 60% com 30 minutos na tomada.

O Infinix Zero 8 vem com Android 10 e interface XOS 7. Ela tem aparência típica de produtos chineses, com excesso de personalização e muitos bloatwares, que incluem desde booster de desempenho ao estilo Cleanmaster até mesmo alguns aplicativos estranhos que consomem espaço do aparelho.

A tradução de alguns menus tende ao português de Portugal, com “está bem” para dar OK em alguma função, entre outros detalhes. São muitos jogos pré-instalados e, mesmo nas configurações, os nomes são estranhos: bateria vira “maratona de energia”, tela vira “exibição e brilho”.

Há o Game Mode que ativa um menu flutuante enquanto você joga. São exibidas informações sobre o uso de CPU e GPU, além de permitir bloquear notificações ou fazer rapidamente uma captura de tela. Só faltou uma opção de medir o fps como há no Game Turbo da Xiaomi.

O Infinix Zero 8 pode ser importado por valor aproximado de R$ 1.200, com os impostos e possíveis taxas você acabará pagando mais de R$ 1.500. Vale a pena? Bem, esse é o preço que você pagará no Poco X3 se decidir pelo importado e o modelo da Xiaomi traz tela de 120 Hz, som estéreo e bateria que dura mais.

Lembrando que o intermediário gamer da Xiaomi é vendido oficialmente no Brasil, mas acaba custando o dobro para ter garantia nacional de 1 ano. Se for investir em modelo local, encontrará o Galaxy A51 e o Moto G9 Plus na mesma faixa de preço do Zero 8, porém nenhum é voltado para jogos e não entregam o mesmo desempenho.

Pontos fortes

• Tela de 90 Hz
• Desempenho ágil
• Boa autonomia de bateria
• Baixo tempo de recarga
• Câmera ultra-wide com foco automático

Pontos fracos

• Qualidade da tela
• Som mono estridente
• Software lotado de bloatware e mal traduzido