Após o escândalo de que a Huawei teria arranjado uma forma de passar pelos testes do conhecido site de análise de câmeras DxOMark com nota mais alta do que a representação verdadeira e ter admitido em 2018 que otimizava seus smartphones em testes de benchmark, mais uma polêmica volta à tona com o lançamento do mais novo flagship da marca.

O P30 Pro foi apresentado ao mercado com o novo sistema de câmera quádrupla da Huawei oferecendo um exclusivo módulo de câmera com lente em formato de periscópio que deve se popularizar cada vez mais nos próximos anos. Esse formato permite que as lentes do módulo sejam dispostas em maior distância umas entre as outras, oferecendo dessa forma a capacidade de 10x de zoom.

E com isso a Huawei também anunciou um Moon Mode/Modo Lua, onde faz com que o smartphone ajuste automaticamente as configurações para oferecer uma foto mais nítida, definida e destacada do satélite natural da Terra.

O que diz a polêmica

Em extenso relatório descrito pelo site chinês Zhihu e assinado por Wang Yue, vemos a matéria descrever que a Huawei não estaria apenas otimizando e melhorando as fotos da lua capturadas com o P30 Pro, mas também utilizando imagens pré-existentes e as sobrepondo sobre a fotografia capturada pelos usuários durante o rápido pós-processamento.

Em outras palavras: a Huawei estaria utilizando outras fotos para combinar com os padrões da sua foto para oferecer um resultado melhor, embora não oficialmente digno ou que represente de forma definitiva o momento original.

No GIF acima é possível conferir a discrepância entre os padrões lunares de duas imagens diferentes: manchas reorganizadas, pontos inexistentes em uma captura e que existem em outra, além do próprio formato da Lua. Dessa forma, grande parte do mapa lunar não seguiria fielmente aos dados já existentes, já que o software estaria reajustando a imagem para montar uma imagem nova com base no banco de dados já existente.

Nos exemplos abaixo, o site aplica o mesmo Modo Lua do Huawei P30 Pro em outros objetos do sistema solar, observando mudanças no padrão e também nas posições de alguns detalhes. Em outras imagens como as amostras de personagens e medalhas, é possível notar as mudanças incrementadas pelo software.

O que diz a Huawei

Em resposta ao Android Authority, que popularizou o artigo chinês ao traduzi-lo, a Huawei afirma em nota que o Modo Lua nada mais é do que o resultado de inteligência artificial e aprendizado de máquina trabalhando em conjunto para oferecer o melhor resultado possível para a captura dos usuários.

Assim, da mesma forma que a empresa ajusta formatos, iluminação e aplica o HDR em imagens como retratos, selfies, paisagens, fotos de animais, flores, comidas e tantos outros, os "problemas" indicados pelo chinês Wang Yue em seu artigo seria apenas resultado da IA e machine learning otimizando e melhorando a imagem durante o pós processamento para tornar a imagem final ainda melhor.

Confira abaixo o que foi dito pela Huawei em resposta ao artigo do Android Authority

O Modo Lua opera no mesmo princípio que outros modos AI, pois reconhece e otimiza os detalhes dentro de uma imagem para ajudar as pessoas a tirarem fotos melhores. Ele não substitui de forma alguma a imagem - isso exigiria uma quantidade irreal de espaço em armazenamento, pois o modo AI reconhece mais de 1.300 cenários. Com base nos princípios de aprendizado de máquina, a câmera reconhece um cenário e ajuda a otimizar o foco e a exposição para aprimorar os detalhes como formas, cores e luzes altas e baixas. Este recurso pode ser ligado ou desligado facilmente ao tirar uma foto. Embora haja um Modo Lua, a foto ainda pode ser tirada sem o modo AI por causa da lente em periscópio.

Agora a Huawei terá que enfrentar mais esta polêmica a menos de uma semana do lançamento no mercado brasileiro, onde o Huawei P30 Lite e P30 Pro serão anunciados em evento na cidade de São Paulo dia 30 de abril.