29 Setembro 2015
Lembram da Silent Circle, que lançou o Blackphone? Pois a empresa está em sérios apuros. Documentos judiciais vasculhados por Thomas Fox-Brewster, da Forbes, revelaram que a companhia responsável pelos smartphones focados na segurança, Blackphone e Blackphone 2, está enfrentando um processo de US$ 5 milhões dos antigos proprietários da Geeksphone, por dívidas não pagas. E isso é apenas a ponta do iceberg.
Estes documentos alegam, embora sem claras evidências, que a unidade Blackphone da Silent Circle é essencialmente uma mistura de más decisões de negócios, excesso de otimismo, e má gestão. Após se aliar com a espanhola Geeksphone para lançar o Blackphone original, a Silent Circle eventualmente comprou a participação da parceira por US$ 30 milhões. Neste ponto, ao que parece, as coisas começaram a se perder rápido.
A empresa afirma que comprou aquela participação de US$ 30 milhões na joint venture da Geeksphone porque a espanhola teria dito que havia estimado o Blackphone em cerca de US$ 750 milhões em receitas. Isso tudo apenas em 2015.
Mas a realidade é que a receita do Blackphone em 2015 ficou em cerca de US$ 10 milhões, muito abaixo da estimativa alegada pela Geeksphone.
Para comparação, a unidade móvel inteira da LG teve vendas de US$ 3,2 bilhões em 2015, ou seja, a Geeksphone estava dizendo que o Blackphone renderia à Silent Circle, mais ou menos, um quarto de todo o negócio móvel da LG em um único ano. E o pior, a Silent Circle alega que eles realmente acreditavam nisso.
Seja ou não verdade que a empresa acreditava nisso, o que não podemos ter certeza, eles estão dispostos a defender uma ação judicial com base nessa afirmação, que lhes parece ser suficiente.
E fica melhor: Silent Circle alega que a Geeksphone disse que tinha algumas parcerias alinhadas para a distribuição do Blackphone, com operadoras de telefonia móvel para comprar até 250 mil aparelhos. A maioria nunca foi adquirida, e o único cliente originalmente comprometido alegadamente com 100 mil dispositivos, só comprou realmente 6 mil.
Mas se as coisas ficaram tão ruins por tanto tempo, porque a Silent Circle está com problemas na justiça agora? A resposta é "dinheiro emprestado". Como se já não bastasse todos os problemas, o conselheiro geral da empresa afirma que os componentes do Blackphone 2 foram comprados em grande parte através de fundos emprestados.
Parece uma péssima ideia.
Em outubro de 2015, a empresa estava admitindo ativamente a possibilidade de falência de acordo com seus advogados. Um novo investidor chegou em fevereiro com uma infusão de US$ 20 milhões, que a Silent Circle não anunciou. Provavelmente porque esse auxílio veio com algumas exigências, como planos que resultariam em fluxo de caixa no prazo de quatro trimestres, pagamento de dívidas, e qualquer outro termo semelhante.
Mas se esse plano de recuperação estiver em andamento, não vai contar com a ajuda de algumas pessoas importantes para a empresa até o momento. O CEO da Silent Circle deixou o cargo em junho, e o co-fundador e chefe criptógrafo Jon Callas saiu em maio. Aparentemente, não há mais sequer sombra do otimismo inicial, que levou a empresa a tomar essa série de decisões catastróficas.
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