Android 01 Jun
São Paulo, 1 de maio — Lenovo realizou um evento para apresentar o novo Motorola Moto Z2 Play no Brasil. Presentes na plateia estavam não apenas brasileiros, mas também jornalistas do mundo inteiro para cobrir a estreia mundial do novo modelo.
Quem acompanhou os incessantes vazamentos relacionados ao assunto sabe que o Moto Z2 original também foi citado por fontes internas. É possível que essa versão não chegue ao Brasil, provando que o mercado de elite se transformou em um nicho nacional.
Em decorrência de uma economia frágil e protecionista, smartphones estão cada vez mais caros em solo verde e amarelo. Clientes que antes achavam os melhores modelos em um nível de R$ 2 mil agora precisam gastar o dobro nessa mesma categoria.
Galaxy S5 foi lançado no Brasil em 2014 por R$ 2,6 mil, por exemplo, enquanto o Galaxy S8 estreou 3 anos depois por R$ 3.999. O mesmo padrão vem tomando conta dos iPhones; é impossível levar uma versão moderna por menos de R$ 3.499 para casa.
Lenovo, por sua vez, cobra a partir de R$ 1.999 pelo Moto Z2 Play. Os papéis foram trocados e o valor que antes era pedido por um telefone de elite agora está na etiqueta de um médio porte. Isso pode responder a pergunta: cadê o Moto Z2 original?
Há chances de o Moto Z2 Play ser o único — ou o mais caro — da família a chegar no Brasil. Isto justamente por causa da questão de preço, já que a política da Motorola sempre foi conquistar os clientes pelo bolso ao ser mais acessível do que os rivais.
Se o Moto Z2 Play chegou ao Brasil por R$ 2 mil, é de se imaginar que seu “irmão maior” seria lançado bem mais caro em varejistas nacionais. Para não manchar a marca de “preço baixo”, portanto, Moto Z2 original estaria fora dos planos da empresa.
O mesmo deve acontecer com o Moto Z2 Force, a opção resistente e parruda da série. Por ser mais duradouro, contar com uma autonomia maior e um poder em potencial, a variante seria ainda mais dispendiosa. Controle suas expectativas sobre ele!
Comprar um smartphone de elite acaba sendo uma questão que engloba dois pontos cruciais: a necessidade e o poder aquisitivo. Não adianta de nada se esforçar para juntar o montante pedido por um telefone de ponta se você não for usar todo o seu poder.
Uma analogia esperta para explicar essa relação é usar os carros vendidos no Brasil; qual é a necessidade de comprar um carro que vai de 0 a 100 km/h em 4 segundos se o motorista dirige apenas 10 quilômetros diários em uma rua cheia de lombadas?
O mesmo acontece com os celulares inteligentes, que ficam mais caros ao passo que as peças internas melhoram. É inviável gastar uma quantia maior por um processador e placa gráfica mais poderosos se for usar o dispositivo apenas para acessar o Facebook.
Como estive no evento da Motorola, tive o prazer de testar o Moto Z2 Play em primeira mão. Sua versão do Android Nougat é uma das mais limpas possíveis, usando os padrões da Google para levar uma experiência fluida e rápida aos clientes brasileiros.
Apesar de o modelo ter atingido apenas pouco mais de 67 mil pontos no AnTuTu, Moto Z2 Play prova que os aparelhos de médio porte estão ficando mais poderosos, criando uma subcategoria de smartphones que pode ser chamada de “intermediários de elite”.
Mais caros do que as opções convencionais, eles usam chipsets mais fortes — porém mais baratos do que os tops de linha — a fim de oferecer uma potência acima da média. Este é o caso do Moto Z2 Play, exemplificando, com seu Qualcomm Snapdragon 626.
Como os telefones de ponta estão cada vez mais impeditivos em terras brasileiras, os entusiastas acabam se inclinando à importação. Há várias promoções feitas por lojas que trazem para cá os aparelhos da China, como é o caso da GearBest, por exemplo.
OnePlus, Huawei e até a Xiaomi, que desistiu do Brasil após lançar apenas dois produtos por aqui, saem mais em conta do que os modelos nacionais, fazendo brilhar os olhos dos fãs de telefonia, e tudo por conta dos altos valores cobrados por aqui.
Ainda assim, a compra apresenta riscos envolvendo o suporte pós-compra e demais associações à garantia. Nossa equipe, inclusive, já quebrou a tela de um Xiaomi Mi Mix e não conseguiu encontrar formas de reparo em solo nacional; outra unidade foi adquirida.
Assim como o discutido na TechDive desde ano, reunindo a MediaTek e a Gameloft em uma palestra, smartphones de elite farão parte de um novo nicho no mercado: poucas pessoas serão capazes de adquirir um modelo líder de linha, como o Galaxy S8.
Ao invés disso, os clientes vão continuar a investir na categoria que mais cresce no mercado de telefonia móvel — a intermediária — seja em seu nível mais barato ou na subcategoria de ponta. Isto é, se o interessado descartar a opção de importar um telefone.
Essa resolução não é necessariamente boa para as fabricantes, mas pode abrir espaço para a venda de modelos baratos por um preço de alto nível. Adivinha quem perde? Isso mesmo, nós, os fãs de tecnologia portátil. Esperemos os preços do iPhone 8 e Galaxy Note 8 em território tupiniquim.
Matéria por Leonardo Ramos dos Santos
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