A denúncia feita pelo jornal Folha de S.Paulo de que empresários estariam beneficiando o candidato Jair Bolsonaro com o pagamento de pacotes de mensagens com conteúdo falso contra seu oponente, Fernando Haddad, iniciou mais uma batalha contra as fake news. A própria ferramenta, junto a organizações e o TSE, buscam meios de frear o disparo ilegal desse conteúdo.

Ao menos uma medida concreta já foi tomada: o WhastApp informou, nesta sexta-feira, 19, que enviou notificação extrajudicial às agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market para que cessem os envios de mensagens massivas e que também parem de utilizar os contatos obtidos pela internet para aumentar o alcance de suas ferramentas.

Além disso, números de telefone ligados a essas empresas foram suspensos do aplicativo. A agência AM4 e outras ainda estão sob investigação, informa a Folha.

Paralelamente, o TSE levou ao WhatsApp uma lista com oito sugestões a serem implementadas para reduzir o impacto e a disseminação das notícias falsas na plataforma. As sugestões (veja abaixo) foram feitas pela Safernet, e o tribunal responsável pelas eleições no Brasil as levou ao mensageiro em uma reunião realizada nesta sexta-feira.

Entre elas, estão medidas que já foram adotadas na Índia, onde o impacto das fake news já causou linchamentos e mortes. De acordo com um porta-voz da empresa, em conversa à BBC News Brasil, no entanto, não há planos para que essas medidas sejam replicadas no Brasil, país onde já houve redução de 250 para 20 o total de contatos que podem receber uma mensagem encaminhada.

O maior problema para implantar as sugestões da Safernet, segundo o porta-voz do aplicativo, é que uma atualização pode demorar meses para chegar ao usuário. E isso se dá pela necessidade de realizar testes, além da dificuldade de cada atualização chegar para todos.

Primeiro, para qualquer mudança, fazemos testes em pequena escala para testar a estabilidade. Depois, colocamos as alterações no aplicativo público, mas isso é feito lenta e gradativamente, porque temos 1,5 bilhão de usuários. Depois disso, os usuários precisam atualizar a versão do aplicativo em seus celulares para que as novas ferramentas apareçam. Então, o processo leva meses

Segundo ele, o limite aplicado na Índia "foi um teste, e os usuários naquele país não ficaram satisfeitos com a mudança". Resumindo, a implementação dessas medidas não seriam possíveis a apenas uma semana de os brasileiros irem às urnas para o segundo turno das Eleições 2018.

• Diminuir de 20 para cinco o número de pessoas que podem receber uma mensagem encaminhada no mensageiro;
• Retirar o botão de encaminhamento ao lado de mensagens de áudio e vídeo;
• Restringir para 499 o total de grupos a serem criados por um único usuário (atualmente, são 9.999);
• Estipular um número máximo de grupos que um usuário pode participar simultaneamente;
• Aplicar mecanismos de checagem de fatos dentro da plataforma, como a já utilizada pelo próprio Facebook;
• Alertar ao usuário quando um conteúdo é considerado falso;
• Realizar um trabalho de conscientização do usuário sobre o WhatsApp junto ao TSE, meios de comunicação e sociedade civil;
• Trabalhar com especialistas no Brasil para estudar a disseminação de notícias falsas.