Economia e mercado 19 Out
Nos últimos dias, tem ocorrido um impasse entre a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) e a Microsoft, devido a questionamentos a respeito da disponibilidade de jogos de maneira restrita no programa Xbox Game Pass.
Afinal, como surgiu e quais são os desmembramentos desse caso? E em que outros imbróglios, o órgão regulador britânico chegou a se manifestar de forma semelhante? O Detetive TC explica o caso a você.
No começo de outubro, a CMA comunicou que pretendia aprofundar as investigações – já presentes desde setembro – sobre a compra da Activision pela Microsoft Gaming. Na ocasião, o órgão divulgou uma nota na qual se diz preocupado que a aquisição prejudique a capacidade da rival Sony de competir no mercado.
“A CMA está preocupada que ter controle total sobre este poderoso catálogo, especialmente à luz da já forte posição da Microsoft em consoles de jogos, sistemas operacionais e infraestrutura em nuvem possa resultar em danos à Microsoft para os consumidores, prejudicando a capacidade da Sony – rival de jogos mais próxima da Microsoft – de competir, assim como outros rivais existentes e potenciais novos participantes.”
Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido
Em resposta, a Microsoft se colocou à disposição para colaborar no processo e descartou que a franquia Call of Duty – a mais importante da Activision – seja exclusiva do Xbox, ao se comprometer a lançar também ao PlayStation no mesmo dia que em seu console.
“Estamos prontos para trabalhar com o CMA nas próximas etapas e resolver qualquer uma de suas preocupações. A Sony, como líder do setor, diz estar preocupada com Call of Duty, mas dissemos que estamos comprometidos em disponibilizar o mesmo jogo no mesmo dia no Xbox e no PlayStation. Queremos que as pessoas tenham mais acesso aos jogos, não menos.”
Microsoft
No dia 15 de outubro, o órgão antitruste do país deu início à Fase 2 das investigações a respeito da compra. A entidade entende que essa aquisição possa acarretar um problema para a concorrência em consoles de jogos, serviços de assinatura e streaming em nuvem.
Na visão da CMA, a Microsoft não fornece qualquer solução favorável à manutenção da concorrência com a compra.
O órgão ainda usou em seus argumentos que jogos first-party de Xbox não estão disponíveis para outros serviços fora do Game Pass. Aqui podemos considerar diferentes situações. Em primeiro lugar, está como exemplo Gears 5 – publicado pelo Xbox Game Studios –, que já foi concebido para ser exclusivo da plataforma.
the UK's CMA has published its issues statement on Microsoft's Activision Blizzard acquisition. It says it's looking closely at the effect of the deal on Xbox Game Pass. I think this could be a key concern for regulators, more so than the Call of Duty noise we've seen so far pic.twitter.com/z6xbWbif2Y
— Tom Warren (@tomwarren) October 14, 2022
Além disso, podemos considerar os games da Bethesda, muitos deles presentes no PlayStation Plus. Ou seja, já há histórico de disponibilidade em concorrentes de títulos sob o guarda-chuva da Microsoft.
Por outro lado, a cobrança não veio também do outro lado, visto que vários jogos desenvolvidos pela Sony também não estão presentes em serviços rivais – como God of War está ausente do Xbox, por exemplo.
O problema com a Microsoft não é o único imbróglio no qual a CMA já se envolveu com gigantes do mercado. Em outubro de 2018, o órgão regulador britânico também chegou a exigir concessões para a Disney, que cedeu à solicitação, a fim de aprovar a compra da FOX na região.
Mas não é necessário voltar tanto no tempo. Em julho deste ano, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido abriu investigação contra a Amazon por supostas práticas anticoncorrenciais. Na visão da entidade, era necessário examinar se a varejista distorcia a concorrência para favorecer suas operações.
A companhia de Jeff Bezos já havia sido investigada também em meados de 2021, em uma apuração que também teve o Google como alvo, para a CMA entender se as chamadas Big Techs removiam críticas e avaliações falsas de produtos nas plataformas de comércio eletrônico próprias.
Qual é a sua avaliação sobre o impasse entre CMA e Microsoft? De que lado da história você está? Interaja conosco!
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