Jogos 04 Abr
A indústria dos games tem visto nos últimos anos a chegada de uma série de títulos com erros – os chamados bugs – que parecem ser mais de um jogo ainda não concluído do que algum tipo de falha técnica não observada no processo. Esta coluna já abordou o assunto no final de 2021, porém o cenário permaneceu até os dias atuais.
Agora, chegou a hora de fazer um histórico de quando começou esta "fase" e de exemplos do passado. O Detetive TC também separou fatos para entender se essa prática é uma estratégia do mercado gamer ou se deve ser visto como uma preocupação para o futuro.
O exemplo mais recente de problemas encontrados em um jogo esperado consiste em Redfall. O game desenvolvido pela Arkane Austin e publicado pela Bethesda Softworks chegou a acumular uma série de avaliações negativas.
Entre os comentários deixados pelos jogadores, várias críticas mencionam que Redfall não deveria ter sido lançado neste momento, mas sim precisaria passar por maiores correções antes. Outros mencionam problemas gráficos – como a falta de 60 fps na versão para Xbox Series X – e outros bugs, além de falhas nos NPCs.
O próprio Phil Spencer, chefe do Xbox, confessou estar “decepcionado” com o desempenho do título e chegou a pedir desculpas pelo estado do jogo neste momento do seu lançamento.
Situações do tipo têm sido vistas com frequência desde o lançamento de Cyberpunk 2077, no final de 2020. Apesar de os problemas terem sido “superados”, o game ficou marcado pelas falhas apresentadas. Desde então, passando por Assassin’s Creed Valhalla, Battlefield 2042, eFootball 2022 e GTA: The Trilogy.
No final de 2022, The Witcher 3: Wild Hunt foi um exemplo disso. A nova versão do game apresentou bugs que não estavam presentes na edição original de 2015, além de causar crashes com frequência, pela excessiva aplicação de recursos gráficos mais modernos.
E parece que não ficará por aí. Ainda em testes, o já anunciado Counter-Strike 2 teve seus bugs “graves” encontrados pelos jogadores. Pelo menos, aqui ainda há tempo para conserto antes da versão final.
Mesmo assim, o que parecia ser uma exceção por algum período mais crítico de pandemia do coronavírus acabou por se tornar uma prática constante.
Apesar de Cyberpunk 2077 ter “inaugurado” esta era de jogos lançados com vários problemas de finalização, houve casos isolados no passado de outros títulos em situações semelhantes.
Podemos citar Superman 64, um dos mais emblemáticos fracassos do mundo dos games. Lançado em 1999 para Nintendo 64, o título baseado em Superman: A Série Animada ficou marcado por bugs e glitches que tornavam praticamente impossível de alguém zerar.
Myth II, de 1998, é outro exemplo de um jogo problemático. Antes mesmo de o seu lançamento, um funcionário da Bungie chegou a descobrir uma falha que podia apagar dados importantes do HD dos jogadores, caso fosse instalado na pasta inicial do Windows.
Apesar de se imaginar lançar um patch de correção para os jogadores, a saída escolhida aqui foi recolher as unidades enviadas para as lojas e arcar com um prejuízo de US$ 800 mil entre reimpressão e multas, para aplicar a correção antes de os problemas chegarem aos consumidores.
É público e notório que vivemos em um cenário bem distinto. Atualmente, os jogos podem receber facilmente atualizações de correção e não chegam a comprometer o hardware do jogador com suas falhas. Mas isso justifica lançar games “inacabados”? Há quem pense que sim.
Uma das visões que defendem essa prática entende os jogos como “serviço”, e não mais um “produto”. Ou seja, é algo que permite passar por modificações e melhorias com updates futuros, para “superar” qualquer problema. Ora, é bem difícil que qualquer jogador queira pagar caro para ter problemas e aguardar soluções.
Também existe a visão de que possa ser uma “preguiça” por parte dos desenvolvedores, para terminar o trabalho antes do lançamento. Contudo, pelo fato de o nome deles estar literalmente em jogo, não parece ser uma justificativa para falhas que podem marcar negativamente uma obra para toda a história.
E quanto aos prazos? Aqui certamente mora um dos principais problemas para isso. A necessidade de cumprir limites de tempo, com recursos que podem ser escassos, tem seus impactos e impedem uma produção bem feita.
E qual é a saída para o futuro?
A própria entrevista recente de Phil Spencer dá os caminhos para casos do tipo não se repetirem – apesar de ser tarde demais para aplicar em Redfall. Um deles consiste em não ter medo de adiar um projeto que ainda não estiver finalizado. Afinal, é melhor manter a expectativa no público e entregar algo pronto, do que lançar na data prevista e gerar decepção.
O outro está em uma atenção maior dos estúdios e das publicadoras às suas obras. Muitos dos problemas encontrados pelos jogadores poderiam ser facilmente achados pelas empresas em revisões simples. Isso permitiria conter os danos antes de que chegue até o consumidor final – como no caso da Bungie com Myth II, porém sem as dificuldades de conter os danos como era antigamente.
E aí, como você enxerga os lançamentos de games nos últimos anos? Acredita que os jogos “inacabados” são uma estratégia das empresas, ou há algum outro motivo? Comente conosco!
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